Mais conhecido no Brasil por ter dado origem ao fora de série Dardo, o belo Fiat X1/9 tinha construção elaborada mas frágil, e poucos sobreviveram ao teste da vida longa. Mas o modelo que mostramos aqui hoje não apenas passou pelas décadas, como também voltou no tempo para conseguir umas rodas novas.
Baseado no conceito 112 Runabout da Autobianchi – que foi apresentado no Salão de Turim de 1969 – o X1/9 foi o primeiro Fiat de motor central. Projetado pela Bertone, a versão de produção felizmente perdeu boa parte dos elementos de estilo mais estranhos do conceito desenhado por Gandini (como os faróis instalados na coluna B) mas manteve a forma de cunha inspirada nas lanchas.

O X1/9 foi assim batizado por ser o nono produdo da categoria de projetos X1 (referente aos carros de passeio), X0 (motores) e X2 (veículos comerciais). Curiosamente, o Lancia Beta Monte Carlo fora originalmente concebido como substituto do Fiat 124 Spider, com o nome X1/20. O X1/9 foi projetado para substituir o 850 Spider e, ao contrário deste, recebeu um motor transversal, transmissão instalada na traseira e semi-eixos do 128, que foi o primeiro carro do mundo a usar esta configuração.

A disposição central do quatro-cilindros do X1/9 foi uma obra-prima da engenharia. O pequeno carro de 3,8 metros possui bagageiros na dianteira e traseira e espaço entre o motor e a cabine para o tanque de combustível e o estepe. A Fiat esperava que os padrões de segurança dos EUA tornassem os conversíveis inviáveis por lá, por isso o carro tem um teto targa, como o Porsche 914. Por baixo a suspensão MacPherson/Chapman neutraliza a distribuição de peso 41/59 enquanto a direção rápida e direta e os freios a disco nas quatro rodas dão conta do manejo e das frenagens.

Ao longo dos anos o X1/9 foi elogiado por sua agilidade e estilo compacto. Infelizmente ele também construiu uma reputação de ser pouco durável. Todos os proprietários de carros italianos estão acostumados com ferrugem e problemas com a durabilidade dos materiais, contudo o X1/9 parece ainda mais problemático. A costura dos bancos parece feita com fios de açucar, o plástico do painel deforma como um copo plástico com água fervente e o aço sucumbe como um vampiro em uma câmara de bronzeamento.
Hoje a maioria dos X1/9 parecem ter passado todos esses anos dentro de uma piscina. E é isso o que torna este exemplar das fotos tão incrível. Não apenas por estar em boa forma, mas é todo original, dos adesivos à pintura dourada de fábrica. O interior está incrivelmente completo e mesmo as maçanetas e manivelas do vidro, que costumam sucumbir, estão intactas.

Como um bom carro dos anos 70, o interior está repleto de tons de marrom, que combina bem com a pintura dourada. Uma desvantagem é que não há rádio para competir com a nota do motor de 1498 cm3. O controle de emissões fez com que a potência ficasse limitada a 55 cv, tornando o desempenho mais teórico que prático e fazendo com que os insetos que chocam-se contra o para-brisa impeçam o carro de ganhar velocidade.

No Brasil sem importações o X1/9 inspirou o célebre Toni Bianco a reproduzi-lo como um fora de série montado sobre chassi tubular pela Corona S.A., uma fabricante de tanques para armazenamento de líquidos. O motor vinha do Fiat 147 Rallye, com 1297 cm³ de cilindrada e 72 cv e 10,4 kgfm de torque. Tal como o italiano, o Dardo era leve (892 kg) e tinha tração traseira, mas também como o original, o desempenho era fraco e havia tantos problemas quanto o original italiano. A carroceria de fibra acabava facilmente ondulada e a capota tinha defeitos disfarçados com massa plástica.
Apesar dos problemas, lá fora o X1/9 foi o carro de motor central mais vendido em toda a história, com 170 mil unidades entre 1972 e 1988. A conta, obviamente, não inclui os 300 Dardos brasileiros, que apesar de serem foras-de-série, eram vendidos pelas concessionárias Fiat.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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