
Discutir as habilidades das mulheres ao volante é um assunto que parece mexer com os nervos da rapaziada. Sinceramente, não entendo a razão dessa polêmica – e nem quero reativá-la. Vamos nos ater à história do automobilismo para constatar dois fatos claros: primeiro, há pouquíssimas mulheres envolvidas no esporte. Segundo, algumas delas conseguiram deixar os cuecas para trás. Em homenagem ao Dia das Mulheres, vamos relembrar quatro dessas damas de honra.
Jutta Kleinschmidt

Primeira mulher a vencer a competição off-road mais difícil do mundo, a alemã Jutta Kleinschmidt é doida de pedra. Acompanhou sozinha o Paris Dakar de moto em 1987, passou a competir sobre duas rodas em 1992, e no ano seguinte se tornaria navegadora do carro de seu namorado Jean-Louis Schlesser. Depois de dar um pé na bunda do francês, assumiu um dos volantes da então toda-poderosa Mitsubishi e faturou o título de 2001 em cima do ex, um mau-perdedor que ainda tentaria lhe tirar o título na marra, no tribunal da FIA. Que deselegância… No ano seguinte Jutta levaria o vice-campeonato do Dakar, confirmando seu status de top driver, e em 2005, já pela Volkswagen, chegaria em 5º lugar.
Michèle Mouton

Considerada por muitos a mais bem-sucedida piloto do automobilismo, a francesa Michèle Mouton ainda por cima tinha um charme simples e elegante que cativou um fã-clube completo década de 80. Talentosa desde o berço, teve em mãos máquinas como os Renault Alpine, Fiat 131 Abarth, Peugeot 205 T16, e o que é provavelmente o mais famoso bólido de rali de todos os tempos, o Audi Sport Quattro. Com ele, faturou a primeira vitória de uma mulher no WRC em 1981, venceu mais três etapas em 1982 e disputou o título daquela temporada do Grupo B até a última prova, quando sofreu problemas mecânicos e acabou superada pela lenda Walter Röhrl. Só isso já bastaria para colocar seu nome na história, mas em 1985 ela acrescentaria outro item em seu currículo: a vitória num lugarzinho chamado Pikes Peak.
Suzane Carvalho

Se Michèle Mouton era uma moça charmosa, a brasileira Suzane Carvalho foi o que nós chamávamos de símbolo sexual. Atriz e modelo, dona de um corpaço que estimulava a testosterona alheia nas Playboys dos anos 80, quando cortou os cabelos e se tornou piloto passou a mexer ainda mais com os nervos da macacada – os relatos sobre como foi deliberadamente jogada para fora das pistas no Campeonato Carioca de Turismo a mando de um de seus concorrentes são de envergonhar nossa masculinidade. Suzane embelezou o pódio de várias categorias: foi campeã brasileira de kart, campeã brasileira e sul-americana de Fórmula 3, entrou para o Guinness, obteve a Superlicença necessária para correr na Fórmula 1, e só não teve o gostinho da experiência pois recusou um convite marketeiro da Larrouse para testar em 1993 – decisão da qual hoje se arrepende. Depois disso, a categoria máxima do automobilismo ficou distante, e a piloto acabou se aventurando na Indy Lights. Quando o patrocínio mingou, teve de voltar ao Brasil.
Shirley Muldowney

Você pode até achar que não é preciso habilidade – e sim culhões – para acelerar um dragster Top Fuel. Eu discordo: manter em linha reta um monstro com milhares de cavalos, seis metros de comprimento e nenhum tipo de suspensão é muito mais difícil do que a maioria dos motoristas-aspirantes-a-piloto imagina. De qualquer forma, a americana Shirley Muldowney não tinha apenas coragem para a empreitada. Ela venceu três temporadas da NHRA em 1977, 1980 e 1981 – a primeira pessoa, homem ou mulher, a atingir a façanha. Uma das cinco melhores pilotos de dragster de todos os tempos, foi considerada o maior talento natural da categoria em sua época. E meu amigo, olha essas pernas…
— xxx —
Poderíamos ainda falar de Bia Figueiredo, Pat Moss-Carlsson, Maria Teresa de Filippis, Danica Patrick (que apesar de bonitinha é bem mala, como pude comprovar pessoalmente), Sabine Schmitz, Lella Lombardi, Graziela Fernandes… mas aí esse texto não sairia hoje, no dia certo. Parabéns mulheres, e aproveitem a data para dar uma libertadora acelerada por aí, caso sintam vontade. O asfalto também é de vocês, afinal.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário