19 de mar. de 2011

Os aviões de guerra prontos para a ação na Líbia



Depois de mais de um mês de intensos combates entre os rebeldes e as tropas leais ao ditador Muammar Kadhafi, o conselho de segurança da ONU aparentemente iniciou ações armadas na Líbia para impedir que a Força Aérea deste país continue atacando seu próprio povo. Isso pode desencadear combates aéreos como há muito não se vê.

Ao aprovar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, a ONU oficializa a intenção de neutralizar o poder aéreo da Líbia com o uso da força. A diferença em relação aos conflitos no Iraque e no Afeganistão é que, ao contrário desses países, as forças armadas de Muammar Kadhafi continuam exibindo um poderio (ao menos quantitativo) respeitável.

Na década de 80, a Força Aérea da Líbia era apoiada pelos equipamentos e consultores da União Soviética, e alinhava um dos maiores arsenais do mundo árabe, com dezenas de instalações de radares e mísseis SAM antiaéreos, caças MiG-21, MiG-23 e MiG-25 e jatos de ataque Su-22 e Su-24, além de uma frota dos então modernos caças Mirage F1 franceses. Depois de escaramuças com a US Navy e a própria Armée de l’Air, o regime de Kadhafi recebeu sanções econômicas e militares, e boa parte desses aviões seria armazenada.
Antes do início do movimento popular de fevereiro, analistas estimavam que a Força Aérea da Líbia possuía 374 aviões de combate. Enquanto os rebeldes chegaram a controlar boa parte da costa líbia, as forças leais a Kadhafi passaram a atacar sistematicamente tanto as milícias revoltosas quanto (segundo a mídia ocidental) a própria população dos locais rebelados.

Mesmo após um acordo de cessar-fogo, bombardeios teriam ocorrido em Benghazi hoje pela manhã. Por outro lado, a Força Aérea passou a sofrer perdas: dois pilotos de Mirage F1 desertaram para Malta com seus jatos (foto acima), pelo menos quatro helicópteros de ataque Mil Mi-24 foram perdidos, e até seis jatos teriam sido derrubados (incluindo um MiG-23 cujo abatimento foi fotografado há poucas horas).

Nesse momento, caças franceses Rafale já estariam patrulhando o espaço aéreo líbio para evitar o avanço das tropas de Kadhafi. A CNN diz que estes aviões acabam de atacar veículos blindados líbios  nos arredores de Benghazi. O Rafale é o mais moderno jato francês, e está na disputa pela polêmica concorrência F-X para um novo caça destinado a equipar a Força Aérea Brasileira. Esta não seria sua estreia em combate: em 2007, alguns deles lançaram bombas guiadas a laser no Afeganistão.

O que as forças da ONU provavelmente terão de fazer antes de qualquer presença mais impactante será desarticular a defesa antiaérea da Líbia. Teoricamente, a tarefa poderia ser concentrada nos Mirage 2000D e 2000N, bipostos de ataque ao solo derivados dos Mirage 2000C que operam na França e no 1º Grupo de Defesa Aérea brasileiro, em Anápolis, próximo ao Distrito Federal.

A Royal Air Force britânica, que encabeça as ações da ONU junto com a Armée de l’Air, deve pôr em ação o poderoso Tornado GR4, uma modernização do Tornado GR1, o avião com asas de geometria variável projetado na época da Guerra Fria para ataques de precisão contra as forças do Pacto de Varsóvia. Estas podem ser as últimas missões de combate do Tornado, que deve ser retirado de serviço em breve devido a cortes orçamentários. Ele será substituído pelos Eurofighter Typhoon e, num momento posterior, pelos F-35 Lightning II.

Tanto os Rafale e  Mirage 2000 quanto o Tornado GR4 podem utilizar bombas guiadas a laser, bombas guiadas por GPS e mísseis anti-radiação que seguem as emissões de radares inimigos. Eles teriam de destruir os equipamentos de origem russa e cerca de 31 sítios de mísseis SAM, a maioria de concepção antiga. O maior risco aos caças da ONU provavelmente serão os mísseis portáteis de guiamento IR e os canhões antiaéreos orientados por radar.

Caças F/A-18 Hornet do Canadá e F-16AM da Dinamarca também já estariam sendo destacados para apoiar as ações em defesa dos rebeldes e civis líbios, além do quase onipresente poderio dos porta-aviões americanos deslocados para a região. A ONU diz que uma invasão terrestre está descartada.
Pessoalmente, adoro aviões de combate mas odeio guerras de verdade. Tomara que a escalada dos conflitos no norte da África tenha realmente um objetivo pacífico e justo – mas isso é algo que pouca gente pode garantir de fato. O Brasil, por exemplo, preferiu se abster de votar na reunião do Conselho de Segurança da ONU que aprovou a zona de exclusão aérea sobre o país.
Crédito das fotos: AP, Dassault, Mike Jorgensen, Armée de l’Air

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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