6 de mar. de 2011

O intimidador Chevrolet Camaro

Ele pode não ser a última palavra em tecnologia, mas vem com um “V-oitão” de 6.2 litros e 406 cv
Daniel Messeder // Fotos: Fabio Aro e Guilber Hidaka
Andar de Camaro no Brasil é quase um evento. Prepare-se para elogios (para o carro), motoboys torcendo o pescoço, playboys chamando para um racha e até gente que fica boquiaberta só olhando, como se o esportivo fosse virar um robô a qualquer momento – como faz o personagem Bumblebee, vivido por um Camaro amarelo de faixas pretas na trilogia Transformers.


Obviamente o carro mais disputado da nossa esportivada, o Camaro “causou” por onde circulou. Na cidade, você passa aperto (literalmente) em avenidas com faixas projetadas para Gols e Palios. Na estrada, é preciso autocontrole para não esmagar o acelerador assim que aquele caminhão volta para a pista da direita. E, nas curvas, seu cérebro varia entre a vontade de pisar fundo e o receio (real) de que a traseira quer passar a frente a qualquer momento.
Fabio Aro e Guilber Hidaka
Dupla saída de escape emana o som borbulhante do V8: é uma das coisas mais legais do Camaro SS
Esse medo não é infundado até que você tenha domínio do bicho – e isso exige treino e um quadradão de asfalto sem nada por perto. Com os controles de tração e estabilidade desligados (um de cada vez, por um botão no console), os 406 cv e “parrudos” 55,6 kgfm de torque do V8 são despejados brutalmente no eixo traseiro. O que sobra são vestígios de pneus no chão. Melhor começar com tudo ligado, e depois partir para o modo mais permissivo da eletrônica.
Fabio Aro e Guilber Hidaka
Nessa versão com câmbio automático, o V8 desliga quatro cilindros quando não exigido
Foi nesse modo que fizemos nosso teste. Não adianta desperdiçar borracha no chão quando você quer acelerar rápido. O melhor tempo de 0 a 100 km/h (5,9 segundos) vem sem nenhuma chiada dos pneus traseiros, e logo o Camaro chega ao fim da reta com mais de 210 km/h mostrados no read-up display – uma reprodução digital de parte do painel no para-brisa, coisa vinda do Corvette. Além do empurrão contra as costas, é impossível não se contagiar com o ronco borbulhante do V8 de 6.2 litros (código L99). Interessante notar que ele tem apenas duas válvulas por cilindro e comando simples, apesar do bloco de alumínio. Imagina o que não viria de potência com 32 válvulas e comando duplo variável?
A maioria dos participantes da esportivada se surpreendeu. “Apesar do tamanho e peso (são 1.790 kg), ele não é uma barca, é até bem estável”, comentou o repórter Alberto Cataldi. Isso porque, além da eletrônica, o muscle car da GM vem com rodões aro 20 e imensos pneus 245/45 na frente e 275/40 atrás. A suspensão traseira é independente, diferente do rival Mustang. E o Camaro freia demais! Só não gostamos de a Chevrolet brasileira importar apenas a versão automática.
Fabio Aro e Guilber Hidaka
Cabine mescla passado e presente com estilo, mas falta ar digital e sobre plástico duro
A transmissão de seis marchas até que é eficiente, com trocas rápidas e reduções elevando o giro do motor. Mas as borboletas na direção são de mentira (na verdade, a marcha é trocada por um botãozinho patético atrás da peça). Caso precise fazer uma redução mais radical, ele vai contrariar seu comando. Em compensação, você tem um esportivo confortável mesmo na cidade, fato reforçado pela suspensão macia.
Na hora de devolver o carro, você pensa: por R$ 185 mil, vale muito! Eu relevo o plástico rígido do painel (embora o quadro de instrumentos seja animal) e o fato de que vou virar sócio do posto de combustível (embora o V8 desligue quatro cilindros em velocidade de cruzeiro na estrada). O Camaro não encara as curvas com a naturalidade de um esportivo alemão – é sempre uma briga contra o tamanho, o peso e a traseira arisca. E o volante de grandes dimensões não ajuda, enquanto a direção não pode ser chamada de direta. Ainda assim, domar uma fera dessas é diversão garantida!

Fonte: revistaautoesporte
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com/

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