9 de fev. de 2011
O mistério por trás da câmera no capacete
Câmeras no capacete se tornaram uma presença constante no entretenimento moderno, dando aos espectadores uma sensação de presença jamais experimentada com imagens em movimento. Mas a sua história esteve envolta em mistério – até agora.
Desde que o homem sacudiu o esqueleto e aprendeu a andar ereto ele desejou capturar imagens de seu estilo de vida guiado pela ação. Nos primórdios, andava com um graveto e uma concha cheia de sangue de alce, rabiscando rapidamente coisas que via no mundo exterior – a caça, morte, mutilações, leões tocando o piano. Ele passaria seus esboços para um bloco de anotações feito com a orelha de um elefante. Profundamente distraídos por seu trabalho, os “videógrafos” dessa era muitas vezes andavam direto dos desfiladeiros pré-históricos para a morte. Outros eram emboscados por leões, que sentem o cheiro do sangue na tinta a centenas de metros de distância.
Mais tarde, o homem descobriu que poderia empregar equipamentos fotográficos recém-inventados para o mesmo propósito, ou seja, capturar seu próprio ponto de vista enquanto realizava proezas populares na época, como a horticultura e a ordenha. Infelizmente, esta prática também foi abandonada depois que Samuel Elle Jaqueson, um popular “retratista de ação” da época, foi morto em 1847, esmagado sob toneladas de equipamentos de um daguerreótipo que equilibrou na cabeça durante uma expedição de circo na antiga república do Qafqazbaijanistão.
Logo, a tecnologia alcançou o desejo do homem por imagens de seu próprio ponto de vista, e enquanto as câmeras reduziam de tamanho, aumentavam os experimentos de filmes in loco. A primeira “câmera em capacete” foi atribuída ao farmacêutico e inventor Barkert D’Moone, que usou o protótipo de uma câmera para filmar o que seria sua obra prima. O público afligido pela Grande Depressão se dirigiu em massa para ver o estranho filme que os colocava no tipo de ação exclusivo dos ricos do país, em uma loja de departamento em Chicago. A Escolha de um Calçado é usado até hoje em escolas de cinema, praticamente oitenta anos depois de seu lançamento, com diretores modernos ainda prestando homenagem à inovadora cena “espremendo para achar meus dedos”. Tragicamente, D’Moone faleceu em um terrível acidente enquanto filmava sua próxima obra, Comprando Colchas na Sears.
Na década de 1980, novas tecnologias de vídeo encontraram o campo dos esportes radicais em plena expansão – e trouxeram este texto ao plano da realidade – quando o cinegrafista/videógrafo Mark Schulze prendeu a primeira câmera com chip da RCA em seu capacete para registrar um vídeo de mountain bike. Na época, as câmeras eram ligadas a um dispositivo separado para gravação (no caso, algo como um videocassete), que Schulze deixou em uma mochila acolchoada. Mais vídeos de mountain-bike e BMX se seguiram, e então os produtores da ESPN bateram à sua porta. Logo, a câmera e o capacete logo se tornariam um só.
Na metade da década de 1990, a World League of American Football permitiu que os jogadores instalassem câmeras em seus capacetes para que os espectadores pudessem ter uma noção do que é ser pisado por homens de 150 quilos com calças coladas. Desde então as câmeras encolheram e ficaram mais resistentes, mas ainda eram desengonçadas – pesando cerca de um quilo por câmera – e os jogadores reclamavam. Pior, as redes de TV ficaram assustadas com a agressividade que tomava conta do momento e cancelaram as câmeras.
Nós vivemos a era dourada da câmera no capacete. Hoje em dia, uma GoPro ou modelo equivalente pesa cerca de 100 gramas. Aspirantes a piloto podem dar uma volta virtual em praticamente qualquer pista no planeta – como esta incrível volta de kart em Laguna Seca – antes mesmo de entrar em um carro de verdade. Por isso, nós devemos agradecer aos pioneiros das câmeras em primeira pessoa, alguns das quais deram suas vidas de mentirinha para que os outros pudessem ver, como se todos eles estivessem com os olhos presos a sua cabeça.
Fonte: http://www.jalopnik.com.br
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