Pode parecer absurdo, mas desligar o carro e abandoná-lo é a principal recomendação tanto das seguradoras quando de especialistas aos motoristas que tiverem seus carros atingidos por alagamentos. Rubens Venosa, engenheiro mecânico e proprietário da oficina Motor Max, alerta que o veículo deve ser desligado assim que a água atinge o assoalho. Caso contrário, ela entrará pelos filtros de ar e afetará o motor, comprometendo as partes internas do carro – o chamado calço hidráulico. “Dependendo da altura em que a água está, até a onda que o caminhão faz quando passa ao seu lado é perigosa”, completa Rubens.
Imagens mostram o carro sujo logo após retirada do tapete e instalação de novo carpete
A viabilidade da recuperação de um carro atingido pela enchente depende do valor do veículo, da existência de seguro e do alcance dos danos. O motor não é a única parte do carro que pode ser comprometida pela água. Rubens Venosa explica que o conserto da mecânica é simples, porque envolve apenas a limpeza de peças e a troca de lubrificantes. O problema maior ocorre quando a parte eletrônica é atingida, pois isso pode significar a perda do módulo eletrônico, que, em alguns carros, chega ao valor de 20 mil reais.
Em casos em que a água invade o interior é preciso retirar o revestimento do assoalho e os bancos para limpeza
Quando ocorre calço hidráulico, é importante mandar o veículo para uma retífica. “Nós conseguimos recuperar o motor em 90% dos casos”, afirma César Alves, diretor comercial da Saddy Motores, retifica de São Paulo. O concerto de um carro popular com motor 1.0 demora de cinco a sete dias úteis e custa em torno de R$ 2.900. Já um importado, com motor de 16 válvulas, custa R$ 4.900 e pode demorar até dez dias. Entre dezembro e janeiro, eles já receberam 15 veículos com este tipo de problema, número superior à mesma época no ano anterior.
Com o motor desligado, os danos causados pelo alagamento diminuem bastante. Às vezes, uma boa higienização dá conta do recado, como no caso da administradora Luciana Belo. No último sábado, 15 de janeiro, a rua onde seu carro estava estacionado, na Vila Maria, inundou. Como o carro estava desligado, não houve problemas no motor. “Tirei a água de dentro do carro com uma caneca e levei para a higienizadora”, conta Luciana, dona de um Honda Fit 2011.
Empresas que oferecem esse serviço percebem um sensível aumento na procura. Na Dry Wash, o preço da limpeza a seco do interior custa de R$ 275 a R$ 375, dependendo do tamanho do carro. No caso de alagamento, às vezes é necessária uma segunda sessão de limpeza, o que pode demorar até sete horas. Em casos extremos, no entanto, é necessário desmontar o interior do carro.“Nós não desmontamos os bancos”, afirma Lito Rodrigues, dono da empresa. “Desaconselhamos fortemente que nossos clientes façam esse tipo de serviço fora de uma tapeçaria, quando percebemos que o caso é mais sério, encaminhamos para outro local”, explica.
Recomendações para uma situação de risco
Motor pode sofrer calço hidráulico e ter partes rachadas pelo choque térmico ao entrar repentinamente em contato com a água
As seguradoras recomendam que os motoristas evitem ruas e avenidas alagadas e nunca tentem atravessar um local onde outros veículos falharam. Neste ultimo caso, se for comprovado que houve imprudência por parte do condutor, a cobertura pode até ser suspensa. Em dias de chuva, segundo dados da Porto Seguro, há um aumento de 30% no volume de socorros prestados pela companhia. Mais de 90% dos segurados optam por uma cobertura que inclui danos causados por enchentes
Fonte:revistaautoesporte
Disponível em:http://revistaautoesporte.globo.com
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