16 de ago. de 2013

Avaliação: Novo Citroën C4 Lounge

Aceleramos a versão topo de linha com motor 1.6 turbo de 165 cv, à venda em setembro por R$ 77.990

por GUSTAVO HENRIQUE RUFFO, DE BUENOS AIRES
 
Citroën C4 Lounge  (Foto: Oswaldo Luiz Palermo )
Quando uma mulher faz jogo duro no processo da paquera, isso não necessariamente quer dizer que ela não esteja interessada. Seus “não me toques” podem ser apenas uma estratégia de valorização e de avaliação do paquerador em questão. Se ele for legal, pode dar namoro. Carros podem ter o mesmíssimo comportamento, ainda que por razões aparentemente opostas. Afinal, quanto mais garagens eles conquistarem, melhor.

Segundo o presidente da Citroën brasileira, Francesco Abbruzzesi, o novo sedã se propõe a ser um representante digno da empresa no segmento M1, o dos modelos médios. Isso quase desconsidera o antecessor C4 Pallas como um competidor, mas ele realmente não chamava a atenção e era paquerado por poucos. Disso o C4 Lounge não vai sofrer. Mesmo sendo avesso ao tato em uma série de aspectos.
O estilo do sedã remete ao do XM, do SM e do CX, modelos clássicos da Citroën, com entre-eixos longo, balanços relativamente curtos e uma quebra da linha inferior do vidro em relação à metade da coluna traseira. Parente do C4 L, produzido na China e na Rússia, o Lounge apresenta diferenças. A grade dianteira, por exemplo, é unida aos faróis, como no C3.
Citroën C4 Lounge (Foto: Oswaldo Luiz Palermo)
O para-choque dianteiro também não tem uma abertura tão grande quanto a do L sob a grade dianteira, que ostenta um “doble chevron” integrado. É menor e mais estreita. A entrada de ar inferior foi ampliada, para melhorar a refrigeração, e traz uma grade menos detalhada cuja moldura cromada invade parte do para-choque logo acima dela, dos dois lados.
Os nichos dos faróis de neblina são maiores. Com isso, os faróis diurnos de leds não ficam só abaixo dos faróis de neblina, mas também atrás deles, formando uma espécie de L deitado. O ângulo de ataque do sedã feito na Argentina foi adaptado para encarar rampas íngremes e lombadas, típicas do nosso país, sem raspar.
Citroën C4 Lounge (Foto: Oswaldo Luiz Palermo)
O carro perdeu cromados, inclusive um que havia na parte preta do para-choque traseiro. Segundo Daniel Nozaki, gerente de design da marca, isso foi feito para cortar o excesso que o C4 L apresentava, que poderia dar ao Lounge um ar menos jovial do que a Citroën pretendia. No modelo da América do Sul, essa parte preta imita um extrator de ar. Seu objetivo é fazer a traseira parecer mais larga do que ela realmente é. Logo acima, o para-choque é pontilhado por sensores de estacionamento na versão Exclusive THP, a única que testamos. Outra característica dela é o escape, de saída dupla. Além dos sensores, o C4 Lounge também tem câmera de ré.
Tira sua mão daí!
É na tampa do porta-malas que o sedã dá início a seus “não me toques”. Ela só pode ser aberta por dentro do carro ou por comando na chave. Nem a própria pode tocar ali, já que não há miolo de fechadura, algo que o Honda Civic também se orgulha de ter feito. Proteção à decência do C4 Lounge, que não quer expor seu estepe para qualquer um. Outra característica da tampa é que ela permite uma abertura maior do compartimento por ter a parte superior em forma de semicírculo. Isso torna o vidro traseiro do C4 Lounge côncavo para quem olha de fora. É o contrário de todos os outros carros, cujos vidros são convexos.
Citroën C4 Lounge (Foto: Oswaldo Luiz Palermo)
No interior, o painel é revestido de material emborrachado. Os bancos de couro, com recortes sofisticados, trazem pigmentos metalizados e únicos no mercado, segundo a Citroën. A partida, feita por sistema sem chave (olha o Lounge fazendo charme de novo...), usa um botão colocado do lado esquerdo do painel, visível logo que se abre a porta. É uma posição esportiva, similar à que a Porsche adota em todos os seus carros. Só que o ajuste elétrico de bancos que havia no C4 Pallas, opcional, não é mais oferecido. Nada de toques suaves para se ajustar.
Uma tela de 7 polegadas controla o sistema de som e o navegador por GPS. Ele também não quer saber de mão boba: só pode ser acessado por meio de botões pouco abaixo da tela, um tipo de pudor que só o prejudica. A Citroën está ciente disso. Só não adotou um sistema mais moderno, como o presente no Peugeot 208, porque o projeto do C4 Lounge começou três anos atrás. Na época, o sistema touchscreen ainda não havia sido desenvolvido. “Vai ficar para mais adiante”, diz Frederico Frittoli, gerente de projeto do C4 Lounge.
Espaço bem aproveitado
Versões e preços do Citroën C4 Lounge
Origine 2.0i flex Manual - R$ 59.990
Tendance 2.0i flex manual - R$ 62.490
Tendance 2.0i flex automático - R$ 66.990
Exclusive 2.0i flex manual - R$ 72,490
Exclusive 1.6 THP automático - R$ 77.990
 Construído sobre a plataforma do Peugeot 408, o Citroën tem o mesmo entre-eixos de 2,71 m, mas o aproveita melhor. Parece haver mais espaço para a cabeça. Um motorista alto, com pouco menos de 1,90 m, que coloque o banco em sua posição mais baixa, ainda deixará espaço para alguém com o mesmo tamanho se sentar atrás. O encosto do banco traseiro prioriza o conforto. No porta-malas, cabem 450 litros. Menos do que o C4 Pallas oferecia, mas com um resultado estético muito superior.
É fácil se encontrar no C4 Lounge. Há ajuste de altura e distância do banco do motorista e do volante. A Citroën diz que o painel tem oito opções de cores (branca ou em sete tons de azul). Parece o da linha DS. Com câmbio automático de seis marchas, o sedã usa motor 1.6 THP, com turbo e 165 cv – extremamente elástico, econômico e potente. Ajuda o sedã a ganhar velocidade rapidamente, a fazer ultrapassagens com segurança e a não gastar tanto a cada parada no posto. Capaz de usar apenas gasolina, o THP fez 8,9 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada. Para um carro familiar com máxima acima dos 200 km/h, está mais do que bom.
Citroën C4 Lounge (Foto: Oswaldo Luiz Palermo)
O perfil familiar dita as regras de seu comportamento em pista. A suspensão é claramente voltada para o conforto, mas não parece usar salto alto, como a do 408, e não apresenta as mesmas flutuações que se pode notar no Peugeot em alta velocidade. Com isso, a direção exige mais correções de rota do que um modelo de perfil mais esportivo. Na cidade, câmbio, direção e motor fazem uma boa equipe, garantindo agilidade em mudanças de faixa e em saídas de semáforo.
Citroën C4 Lounge (Foto: Oswaldo Luiz Palermo)
Em termos de segurança, os controles de tração e de estabilidade ajudam a manter o carro na linha. Há seis airbags para proteger a família, mas os freios fazem o possível para que isso não ocorra. A frenagem do carro é muito boa, como provam os dados do teste. Os bancos de trás contam com fixação Isofix para cadeirinhas.
O C4 Lounge até pode manter os mesmos números de venda do Pallas, mas seria uma injustiça. Bonito e bom de papo com o asfalto, ele tem seus “não me toques”, mas isso não vai desestimular nenhum interessado a ir atrás dele.
Citroën C4 Lounge - como ele se sai frente aos rivais? (Foto: Autoesporte)


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