24 de abr. de 2012

Rápidas impressões: Volvo C30 DRIVe elétrico



No último final de semana estivemos na Stopover da Volvo Ocean Race em Itajaí, no belo litoral de Santa Catarina, onde testamos o Volvo C30 DRIVe elétrico. Sem preconceitos e sem expectativas, assumi o posto do motorista decidido a decidido a descobrir se eles realmente mudarão o mundo em um futuro próximo

Nota de esclarecimento: a Volvo queria tanto que testássemos seu C30 elétrico que nos levou ao belo litoral catarinense, onde nos serviu comida sueca, água gaucha e cerveja holandesa, e depois nos hospedou em um hotel descolado na badalada praia de Jurerê Internacional em Florianópolis. Ano que vem tem mais?

Por ser uma cidade portuária, Itajaí traz gente de todos os lugares do país. É bem comum encontrar placas de cidades que você nunca ouviu falar. Na verdade, era um dos meus passatempos preferidos quando passava pela cidade para ir à praia na infância. Como seriam aquelas cidades de nome estranho?
Mas desta vez eu estava no outro lado: os itajaienses olhavam intrigados para aquele carro com placa estranha, que não fazia barulho algum. Eu estava dirigindo o Volvo C30 DRIVe elétrico com placas suecas, que roda o mundo junto com o circo da Volvo Ocean Race.

À primeira vista ele é um C30 normal: motor na frente, malas atrás, quatro lugares e a traseira mais legal da Suécia desde o fim da produção do Volvo 1800 ES. A semelhança continuou ao abrir o capô, quando deparei com algo muito parecido com um motor de combustão – havia quatro conectores semelhantes aos cabos de velas, uma bateria igual à do C30 R Design e módulos eletrônicos dispostos pelo cofre como em qualquer carro moderno.

O motor elétrico que equipa esta versão do C30 foi concebido para produzir 82 kW de potência (111 cv), e 22 kgfm de torque – 100% disponível a qualquer momento. Bengt, o instrutor, disse que eu me surprenderia com o carro e que, apesar de elétrico, ele é realmente divertido de dirigir. Lembrando dos números de torque, acreditei no sueco.
Por dentro ele continua igual a um carro automático comum, com um seletor de câmbio, freio de estacionamento, e apenas dois pedais. A diferença está nos instrumentos do painel: não há conta giros, porque não há marchas, e não há marcador de combustível, pois ele não usa combustível. No lugar disso está um indicador do uso de energia, um econômetro, e um indicador da carga total das baterias.

Giro a chave e ligo o motor. Pelo menos acho que liguei. Não ouço nada, mas o ponteiro de energia subiu. Está ligado, sim. Como em um carro automático, solto o freio e o carro começa a andar len-ta-men-te. Piso com cautela no acelerador e me dirijo à rua. O guarda pára o trânsito e eu tenho a chance de arrancar forte.
Em marcha, esqueço que estou em um carro elétrico. Parece um carro comum com câmbio CVT. São dois modos de condução. O primeiro deles, Drive, caracteriza-se pelo forte freio motor ao soltar o acelerador. Isso acontece pois o motor elétrico passa a atuar como um alternador, gerando energia para recarregar as baterias. Ele te obriga a dirigir de modo econômico e racional. Vai parar? Tire o pé e o carro freia de modo preciso e suave. É pouco emocionante? Pode ser. Mas é tudo o que eu queria às seis da tarde.
Mas não era seis da tarde, e eu tinha um bom espaço livre à minha frente. Mudei para o modo Highway, que faz o freio-motor atuar como em um carro qualquer. Afundei progressivamente o acelerador e o carro ganhou velocidade de uma forma impressionante. Perto dos 60 km/h com algum esforço você ouve um zunido de motor elétrico girando rápido, e distraído pelo som, cheguei a 100 km/h em uma distância improvável. Uma última guinada rápida com o acelerador pressionado para testar a estabilidade do carro e já era hora de devolvê-lo a Bengt.

O Volvo C30 DRIVe elétrico é um carro fascinante, e eu adoraria dirigi-lo diariamente até o trabalho ou ao supermercado se eu morasse em Estocolmo. As soluções adotadas são inteligentes – caso das baterias posicionadas no lugar do tanque e no túnel central, onde haveria um escape. Os modos de condução foram uma boa sacada e você também passa a dirigir de modo mais econômico o seu carro queimador de gasolina. Ele é um carro realmente agradável de dirigir.
Infelizmente não moro na Suécia. No país de onde o C30 elétrico veio existe uma excelente estrutura de transporte público, as distâncias são encurtadas por trens rápidos e passagens aéreas acessíveis, e todas as necessidades básicas do cidadão são supridas pelo Estado. Na Suécia um carro não é objeto de ostentação e status, e os suecos tem uma certa predileção por novas ideias e experimentalismos.

Naquela noite eu fiquei imaginando como seria um mundo onde o C30 elétrico fosse algo comum. Como seria se 500.000 pessoas tivessem que descartar ou reciclar as baterias de 280 kg do carro (140 kg cada). Ou como seria fazer uma típica viagem à praia em um desses, que precisa de uma recarga de oito horas e meia a cada 150 km rodados. Ou ainda a geração de energia necessária para recarregar 500.000 desses carros.
Volvo, eu adorei o C30 elétrico, mas talvez o mundo ainda não esteja pronto para ele.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
Comente está postagem.

Nenhum comentário: