5 de jan. de 2012

Um VW Sedan '61 encapetado para track days


Nessa época do ano, a coisa mais comum em festas de família é ouvir dos avós e tios (bem) mais velhos acerca da molecada: “Bando de moleques! Não páram quietos nenhum minuto! Parece que tem fogo no rabo!” Bem… o Plautos não passou o Natal com minha família, mas certamente minha avó falaria isso dele quando soubesse do outro “brinquedo” que habita sua garagem.


“Comprei a máquina no final de 2007 e minha idéia inicial era fazer inteiro original, mas acabei comprando um par de Webers 44, rodas mais largas e pneus Cooper Cobra. A originalidade foi para o brejo. Sei lá, tem tantos originais por ai…” – diz ele.

Trata-se de um VW
Fusca
Sedan 1961 adquirido em muito bom estado de conservação, bastando (para a maioria das pessoas “normais”) uma revisão e um ou outro detalhe. Plautos logo tratou de encaminhá-lo aos cuidados da Bonneville Custom Garage para uma completa funilaria. O carro foi reparado, raspado e lixado até a lata. Acessórios de época foram adicionados, assoalhos substituídos, chassi completamente allinhado, e adaptações planejadas, tudo antes dele receber a clássica pintura “azul calcinha”.

A estrutura de um teto de lona (ragtop) de época foi arrematada pelo Ebay enquanto outros detalhes iam sendo executados e planejados. Rodas fechadas, adquiridas em tala de 6″ para a montagem dos pneus Cooper Cobra de medidas 215/60-15″.

Freios a tambor substituídos por modelos a disco ventilados de 280mm (do Astra GSI) feitos pela Fremax Tuning com pinças Willwood nas quatro rodas, com adaptadores para o uso das rodas de furação 5x205mm. As rodas foram pintadas de branco e receberam calotas cromadas para passar relativamente despercebido.

A suspensão dianteira ganhou o reforço de um jogo de amortecedores com molas incorporadas e regulagem de altura (coilover) e o quadro recebeu catracas para facilitar a regulagem. Grossas barras estabilizadoras de 3/4″ da Empi e um compensador de cambagem garantem estabilidade ao besouro mesmo em curvas fortes.

Barras anti-torção e de apoio da caixa da Imohr travam a carroceria e chassi. Todo o embuchamento da suspensão é feito com buchas de poliuretano.

O painel teve o espaço do velocímetro e as grades tampados com uma chapa alinhada ao restante. Um velocimetro e um contagiros da Auto Meter foram customizados para se parecerem com o estilo original, mas com mecanismo moderno. Entre eles, um espaço para que a shift-light fique embutida e discreta.

Uma alavanca de câmbio Empi Trigger longa foi instalada para reduzir o tempo de troca de marchas e embelezar ainda mais o interior. O resultado é capaz de agradar tanto os amantes de antigos quanto os fãs de um bom pro touring.

Um saco-de-bode (acionador dos esguichos de pára-brisa) foi instalado logo abaixo do painel, no local original, e também serve para lavar as lentes dos faróis.

Dois bancos Sparco Prodrive estão instalados sobre trilhos específicos, mas por terem ficado muito apertados, Plautos cortou os dois ao meio e os alargou em cerca de 3cm para que coubessem melhor no interior do Fusca sem perder o
pouco
conforto oferecido.

Toda a forração interior foi feita utilizando Alcantara e chegou até os forros de porta, forros traseiros, bancos e teto. Cintos de segurança de quatro pontos da Simpson mantém o piloto preso na marra. O carro não conta com isolamento acústico ou térmico. É puro barulho e energia!

A parte elétrica foi completamente refeita e nenhum fio antigo foi utilizado. A caixa de fusíveis é da 12VoltBoost e todos os fios estão em conduites. Nada de gambiarras ou fios aparentes. O porta-luvas foi ocupado por um conjunto de instrumentos Auto Meter SportComp que alerta Plautos sobre a pressão e temperatura do óleo, mistura ar/combustível e pressão do combustível.

Inicialmente o motor foi montado com 13,0:1 de taxa rodando na gasolina podium. Não durou muito e alguns componentes “pediram arrego”, assim como algumas engrenagens da caixa de câmbio. Após muito mudar, mexer, enjambrar, adaptar e conciliar, o motor finalmente parece estar pronto.
O bloco utilizado é um Auto Linea, montado com um virabrequim de 82mm, pistões Mahle de 94mm e bielas Empi forjadas de 5,7″. Anéis e Bronzinas são da Mahle e precisaram de leves ajustes para se adequar ao motor de 2.276cm³ com volante original aliviado. Os cabeçotes foram retrabalhados em ângulo, fluxo e sede para uso de válvulas de admissão de 44mm e escape de 37mm. Varetas, tuchos e molas de válvulas duplas são da Empi, e o comando é um Engle FK89.

A lubrificação é assegurada por uma bomba de óleo de alto volume da Schadek capaz de manter uma pressão de até 3 kgf/cm². Um reservatório para o carter seco é quem ocupa boa parte do espaço anteriormente destinado ao banco traseiro. Os responsáveis por manter o óleo em uma temperatura estável são os dois radiadores (um original e outro adaptado). O escape foi confeccionado com tubos de aço inox de 4,5cm de diâmetro para uma boa exaustão dos gases.

A alimentação desse monstrinho conta com um par de carburadores Empi de 48mm (aquelas Webers 44 do início do projeto precisaram ser trocadas) que recebem gasolina comum por meio de uma bomba AC Delco de que pressiona até 1 Bar. A ignição é basicamente toda MSD e conta com bobina Blaster 2, módulo 6AL, 3 Stage, distribuidor e cabos de velas. As velas são as NGK de grau térmico 9 e o carro não possui corte de giros, mas a shift-light acende às 6.500 Rpm para avisar que o limite está próximo.

As engrenagens de câmbio são uma verdadeira salada de peças e soluções feitas pela Cavalo de Troia, mas todas contam com dentes retos para reduzir os riscos de quebras (mesmo assim, algumas já devem habitar o inferno a essa hora). A engrenagem da marcha-ré teve de ser deslocada para que o acionamento não ficasse prejudicado por conta das engrenagens maiores. O diferencial possui relação de 8:31 e conta com blocante Kaiser. A embreagem conta com disco cerâmico de seis pastilhas e platô original.

Plautos estima algo próximo a 150cv, mas como sempre tem uma coisinha ou outra para arrumar, ajustar ou remontar, o carro ainda não foi passado no dinamômetro. Independente dos números, este Fusca ano 1961 mostrou-se incrivelmente saudável em seu primeiro track day. Não o mais rápido, mas certamente um dos mais divertidos.


Sem dúvidas, este seria um ótimo carro para levar avós e tios chatos para uma volta rápida. Quem sabe assim, durante as aceleradas e curvas no limite eles não se calassem um pouquinho.

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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