O primeiro tanque a gente nunca esquece. Avaliamos em primeira mão o utilitário de luxo
Hairton Ponciano Voz
Range Rover Autobiography: série limitada com o máximo de luxo, mas sem deixar de lado o desempenho do V8 de 510 cavalos |
O carrão (1,78 m de altura) chegou à redação com 70 km rodados, o que significa que ele estava “no primeiro tanque de vida”. Por causa não apenas da altura, mas do comprimento (4,78 m) e largura (1,93 m), o Range chegou causando um problemão aqui na redação. A maioria mora em prédios com garagens que não comportam um veículo dessas dimensões. Aliás, mesmo quem reside em casa está sujeito a isso. Resumindo, sobrou para mim: tive de ir embora de Range Rover 5.0 V8 Supercharger! Ah, faltou um complemento: ele tem 510 cavalos. Faltou outro: custa R$ 446 mil.
Por fora são poucas as diferenças em relação às demais opções do Range Rover Sport. Lanternas têm leds no lugar de lâmpadas
Detalhe das rodas exclusivas e saída de ar no para-lama
A iluminação do painel é suave e apenas um pouco mais forte para evidenciar a região onde estão os ponteiros. Eu nunca havia visto nada parecido. Outra coisa sobre a qual eu já havia lido a respeito mas nunca tinha visto na prática é a tela que só permite visualização de TV ou DVD pelos passageiros, e não pelo motorista. Fiz o teste: pus um DVD e estava achando que o aparelho não o estava reproduzindo, porque, ao volante, eu só via botões na tela (que é do tipo touch screen). Antes que eu começasse a rogar pragas contra a tecnologia inglesa, meu filho, Guilherme, disse que estava vendo o filme normalmente. Isso é obtido graças à tela Dual View. Ela permite que os ocupantes vejam um filme enquanto o motorista acompanhe o navegador de GPS, por exemplo. Além da tela no painel, há mais duas nos encostos de cabeça, para quem está atrás. Guilherme, de oito anos, também notou que conseguia andar em pé dentro do carro – para vocês terem ideia do espaço no salão.
Não consigo ficar em pé no carro, mas também me senti nas alturas ao volante. Sabe aqueles motoristas folgados que se aproveitam do tamanho de seus Pajeros, Tucsons, CR-Vs e companhia para abrir espaço na marra? Pois ao lado do Range Rover eles ficam pianinho. Vistos “de cima”, eles não parecem tão grandes assim. É tudo uma questão de perspectiva. Marcus lembra que opcionalmente o modelo pode vir até com um degrau retrátil para facilitar entrada e saída (não existente na unidade avaliada).
Interior de alto luxo, com bancos de couro de primeira linha e detalhes de madeira nobre no painel, console central e nas portas |
O câmbio automático de seis marchas conta com grandes alavancas no volante. A direção, leve em manobras, ganha firmeza em velocidade. Os freios Brembo dão conta de segurar o carro com segurança. O lado negativo é o consumo. Fui para casa com o tanque quase cheio e no dia seguinte ¼ do reservatório já havia sido queimado. O computador de bordo estava marcando 33,0 l/100 km (3,0 km/l!), média que melhorou para 22,1 l/100 km (4,5 km/l) no fim da avaliação – que não durou uma semana, diga-se. Essa melhora pode ser creditada a um trecho de cerca de 200 km de estrada. Mas é claro que há muitas compensações.
Assinatura da série limitada "Autobiography" está na traseira |
Mas aí entra em discussão um ponto, levantado pelo Marcus: “Será que alguém se dispõe a pagar quase meio milhão de reais por um veículo de alto luxo para jogá-lo no lodaçal?” Normalmente, não. Esses carros são usados nas cidades e estradas, o que nos leva a outro ponto: pela análise de Marcus, “quem compra um modelo como o Autobiography somente para desfrutar de seus confortos e enorme espaço interno está desperdiçando dinheiro. E muito: a tecnologia sofisticada, que inclui a transmissão, câmeras e gráficos 4x4 na tela do painel, é bem cara, e pode ser dispensada por quem não vai enfrentar grandes desafios”. Por tudo isso, é um carro para poucos – e, certamente, felizes.
Fonte: revistaautoesporte
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com
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