6 de mai. de 2011

Impressões durante um tanque: Range Rover Autobiography

O primeiro tanque a gente nunca esquece. Avaliamos em primeira mão o utilitário de luxo

Hairton Ponciano Voz
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Range Rover Autobiography: série limitada com o máximo de luxo, mas sem deixar de lado o desempenho do V8 de 510 cavalos

Depois do Omega Fittipaldi – que estreou a seção –, agora chegou a vez de o Range Rover Autobiography ser avaliado durante o período necessário para esgotar um tanque de combustível. Como previsto, a passagem do Range Rover foi rápida entre nós: o luxuoso jipão inglês não demorou muito para beber todo o tanque de 104 litros.

O carrão (1,78 m de altura) chegou à redação com 70 km rodados, o que significa que ele estava “no primeiro tanque de vida”. Por causa não apenas da altura, mas do comprimento (4,78 m) e largura (1,93 m), o Range chegou causando um problemão aqui na redação. A maioria mora em prédios com garagens que não comportam um veículo dessas dimensões. Aliás, mesmo quem reside em casa está sujeito a isso. Resumindo, sobrou para mim: tive de ir embora de Range Rover 5.0 V8 Supercharger! Ah, faltou um complemento: ele tem 510 cavalos. Faltou outro: custa R$ 446 mil.
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Por fora são poucas as diferenças em relação às demais opções do Range Rover Sport. Lanternas têm leds no lugar de lâmpadas
Além do porte, a série especial Autobiography (trazida apenas sob encomenda) chama a atenção pelo requinte e nível de equipamentos. Para se ter uma ideia, ela é um Vogue ainda mais requintado (para quem não conhece, o Vogue já é considerado o máximo em requinte). As rodas (aro 20) são exclusivas, a exemplo de detalhes como o revestimento de couro (que pode vir em dois tons) e do painel, manopla do câmbio e volante, que também são únicos. Marcus Vinicius Gasques, diretor de redação, resumiu assim a sofisticação do veículo: “O luxo dele é tão extenso como o nome: Land Rover Range Rover Autobiography”.
Detalhe das rodas exclusivas e saída de ar no para-lama
Assim que aciono a ignição no botão de partida, aparece a primeira surpresa. O quadro de instrumentos reproduz mostradores convencionais, redondos, mas se trata de uma projeção. Na verdade, são mostradores digitais que simulam relógios analógicos. Como bem lembrou o editor Daniel Messeder, a tecnologia veio do Jaguar XJ (a Jaguar é outra marca inglesa nas mãos da indiana Tata).
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A iluminação do painel é suave e apenas um pouco mais forte para evidenciar a região onde estão os ponteiros. Eu nunca havia visto nada parecido. Outra coisa sobre a qual eu já havia lido a respeito mas nunca tinha visto na prática é a tela que só permite visualização de TV ou DVD pelos passageiros, e não pelo motorista. Fiz o teste: pus um DVD e estava achando que o aparelho não o estava reproduzindo, porque, ao volante, eu só via botões na tela (que é do tipo touch screen). Antes que eu começasse a rogar pragas contra a tecnologia inglesa, meu filho, Guilherme, disse que estava vendo o filme normalmente. Isso é obtido graças à tela Dual View. Ela permite que os ocupantes vejam um filme enquanto o motorista acompanhe o navegador de GPS, por exemplo. Além da tela no painel, há mais duas nos encostos de cabeça, para quem está atrás. Guilherme, de oito anos, também notou que conseguia andar em pé dentro do carro – para vocês terem ideia do espaço no salão.
Não consigo ficar em pé no carro, mas também me senti nas alturas ao volante. Sabe aqueles motoristas folgados que se aproveitam do tamanho de seus Pajeros, Tucsons, CR-Vs e companhia para abrir espaço na marra? Pois ao lado do Range Rover eles ficam pianinho. Vistos “de cima”, eles não parecem tão grandes assim. É tudo uma questão de perspectiva. Marcus lembra que opcionalmente o modelo pode vir até com um degrau retrátil para facilitar entrada e saída (não existente na unidade avaliada).
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Interior de alto luxo, com bancos de couro de primeira linha e detalhes de madeira nobre no painel, console central e nas portas
O Range Rover é extremamente macio e silencioso, mas muito rápido. Uma leve pressão no acelerador e o motor 5.0 V8 Supercharger comparece, praticamente ignorando os 2.580 kg do veículo. São 510 cavalos e 63,8 kgfm de torque, à disposição. O Daniel ficou com a mesma impressão que eu: a marca de 6,2 segundos de 0 a 100 km/h declarados pela Land Rover parece um número bem possível, assim como os 225 km/h de máxima. Ele também ficou impressionado com o som Harman Kardon e com o volante aquecido. Mas sentiu falta do teto solar na traseira, item disponível no Discovery 4 (mais barato).
O câmbio automático de seis marchas conta com grandes alavancas no volante. A direção, leve em manobras, ganha firmeza em velocidade. Os freios Brembo dão conta de segurar o carro com segurança. O lado negativo é o consumo. Fui para casa com o tanque quase cheio e no dia seguinte ¼ do reservatório já havia sido queimado. O computador de bordo estava marcando 33,0 l/100 km (3,0 km/l!), média que melhorou para 22,1 l/100 km (4,5 km/l) no fim da avaliação – que não durou uma semana, diga-se. Essa melhora pode ser creditada a um trecho de cerca de 200 km de estrada. Mas é claro que há muitas compensações.
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Assinatura da série limitada "Autobiography" está na traseira
Além do luxo, da exclusividade e do espaço, o Range Rover tem um porte imperial imbatível, e um visual clássico que agrada. E isso para não falar da capacidade off-road. A tração 4x4 integral possui sistema eletrônico (Terrain Response) capaz de dosar a força de acordo com o tipo de solo (neve, lama, areia, pedras, etc.). A gente não chegou a usar nada disso, mas sabe que, se precisar, ela está lá para “fazer o trabalho sujo”, como definiu o Daniel.
Mas aí entra em discussão um ponto, levantado pelo Marcus: “Será que alguém se dispõe a pagar quase meio milhão de reais por um veículo de alto luxo para jogá-lo no lodaçal?” Normalmente, não. Esses carros são usados nas cidades e estradas, o que nos leva a outro ponto: pela análise de Marcus, “quem compra um modelo como o Autobiography somente para desfrutar de seus confortos e enorme espaço interno está desperdiçando dinheiro. E muito: a tecnologia sofisticada, que inclui a transmissão, câmeras e gráficos 4x4 na tela do painel, é bem cara, e pode ser dispensada por quem não vai enfrentar grandes desafios”. Por tudo isso, é um carro para poucos – e, certamente, felizes.
Fonte: revistaautoesporte
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com

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