O bolso coça, mas os escorpiões picam – e os cotovelos doem. São dois mitos da Chrysler. Controversos, chocantes, sustentáveis, com aquele doce sabor do egoísmo despreocupado – que incomoda vegans, intelectuais de esquerda e ecochatos em geral, até aos ossos. O resto – nós, que gostamos destas tralhas – somos todos reacionários, monstros capitalistas, iremos todos para o inferno. Talvez seja bom, porque o céu deve estar cheio de Toyota Prius.
Enrolei o suficiente? Então vamos às fotos e os preços dos brinquedos.
Cuda 1974, motor 360
Claro, sempre há os crying babies que irão reclamar que não é um 1970 ou um Hemi. É um eufemismo comportamental, digamos assim, para o “também, nem queria” – que por sua vez deriva do “quem desdenha quer comprar”. Só que o problema aqui é, quem pode comprá-lo? Já que querer não é poder, e assim não podemos levá-lo pra casa, desdenhamos.
O preço está dentro do mercado: R$130 mil. O grande barato desta unidade é o câmbio manual, coisa raríssima em um muscle car importado ainda na época. Na real, não faço ideia como este carro veio parar aqui, porque a brecha que usavam para trazer estes veículos era justamente o câmbio automático – para deficientes físicos, já que a oferta do mercado era escassa.
Mas, ele está aqui. O motor 360 é um diamante bruto: com cabeçotes de alumínio, comando bravo, muita taxa e fluxo, não é difícil chegar aos 400 cavalos. E você pode ampliar a já abundante litragem de 5,9 litros, para absurdos 6,7 L, utilizando um virabrequim de 4 polegadas de curso e pistões especiais – as bielas permanecem as mesmas, com 6,123″ de comprimento. Daí, não é difícil chegar aos 500 pocotós, como este motorzinho abaixo…
Nas minhas maõs, um carro destes não daria certo, se é que vocês entendem. Eu iria preparar e aliviar o bicho inteiro, e mesmo que a aparência continuasse semelhante, eu seria caçado e apedrejado em praça pública pelos Dodgeiros mais tradicionais – acreditem, esta raça tem tantos (ou mais) xiitas que os admiradores de Opala. Para não alimentar a discórdia, vamos passar à próxima oferta.
Dodge Ram SRT10 – V10
Uma picape com 510 cavalos, seis marchas, 2.330 quilos e um louco atrás do volante – que pode chegar aos 100 km/h em cinco segundos cravados. Pra mim, a equação nunca fez sentido, e talvez este seja o motivo desta traquitana ser tão legal. Segundo o dono, dez vieram ao Brasil – e cinco sobreviveram. Indagação mal-intencionada: onde foram parar estes conjuntos mecânicos de Dodge Viper?
Houve duas versões de Dodge Ram V10: uma, lançada nos anos 90, tinha um motor “meio que de Viper”. Só que o bloco era de ferro fundido, o comando era manso, e os cabeçotes não tinham dutos tão agressivos. Não é o caso do modelo que foi produzido entre 2004 e 2006 – da safra deste demônio vermelho à venda, por R$150 mil. Aqui sim, temos uma legítima usina de Viper.
Apesar de usar as rodas do Viper, ter uma suspensão recalibrada (o que inclui amortecedores Bilstein) e ser capaz de gerar 0,86G de aderência lateral em um skidpad (número compatível com qualquer compacto), ela ainda é uma picape – na dinâmica e em suas reações. Com distribuição de peso precária, centro de gravidade estratosférico e um diferencial autoblocante que é uma verdadeira faca de dois gumes. Quando as coisas dão errado, acredite: elas realmente dão errado.
Se você tem bala na agulha para abraçar algum destes rojões, procure o Salim, nos contatos (19) 3826- 468 e salim.oldparts@bol.com.br
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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