Com ele, a marca pretende reinar ao lado de BMW Série 7 e Mercedes Classe S. É possível?
Por Gustavo Henrique Ruffo | Fotos: Christian Castanho

De que marca é um carro de 5,16 metros de comprimento, 3,05 de entre-eixos, tração traseira, V8 de 4,6 litros e muito luxo? Até há poucos anos, quem dissesse que esse veículo seria um alemão teria uma chance muito pequena de errar. Se isso ocorresse, seria por se tratar de um aristocrata japonês, o Lexus. Mas o carro de que estamos falando é um coreano, e tem nome em latim: Equus. Em bom português, cavalo. É o cavalo de Troia da marca no terreno dos superluxuosos, como BMW Série 7, Audi A8 e Mercedes-Benz Classe S.
Em vez de soldados, o que o sedã da Hyundai carrega é tecnologia e requinte a custo (relativamente) baixo. A marca coreana só o venderá por aqui no ano que vem e não divulga estimativa de valor, mas, se tomarmos os preços praticados pela marca nos EUA, podemos estimar que o Equus custará no máximo 270 000 reais, se o câmbio se mantiver como está. É menos da metade dos 568 000 reais do BMW 750i Unique, e bem abaixo dos 289 000 dólares (500 000 reais) de um Mercedes S 500 e dos 500 000 do Audi A8. Se essa faixa de preço se confirmar, o Equus competirá o Audi A6, o Mercedes E 350 e o BMW 535i. E ainda sobra troco. Considerando o que oferece, o Equus virá com a mesma estratégia usada pela Hyundai com o Azera, com o qual ele divide detalhes de estilo, como o vinco sobre os para-lamas traseiros. A receita é oferecer mais por menos. No caso do Equus, muito mais por muito menos.
Além da tração traseira e do espaço generoso, com apenas dois bancos atrás, individuais, o Equus esbanja luxo. E não nos referimos aos bancos dianteiros com regulagens elétricas e duas memórias. Nem ao som de alta-fidelidade Lexicon, com 17 alto-falantes, às câmeras para manobrar o carro (inclusive na frente), ao para-brisa que repele água, ao porta-malas de abertura elétrica ou aos nove airbags, confortos comuns em carros menores. Falamos dos detalhes.
Os vidros laterais, por exemplo, parecem blindados. Não é o caso: são laminados, o que os torna mais seguros em acidentes, mas com espessura de quase 1 cm, para melhor isolamento acústico e térmico. Em termos sonoros, isso faz do Equus quase um veículo elétrico, apesar do motorzão que o anima. Não se ouve nada do que ocorre no exterior ou sob o capô.
No painel central e nos das portas há acabamento de madeira de lei. É nogueira, que também reveste o volante, que conta com sistema de aquecimento. Nos bancos traseiros, bastante amplos e confortáveis, o da direita pode ser regulado como se fosse uma poltrona de avião, por meio de um painel no centro. Ali é possível ajustar o sistema de entretenimento, com tela de 8 polegadas sensível ao toque, a temperatura (para cima ou para baixo, já que todos os bancos são refrigerados), a inclinação do encosto e do apoio das pernas e a massagem das costas. Também dá para empurrar o banco dianteiro direito para a frente, a fim de abrir ainda mais espaço. Nesse sentido, o Equus é ideal para quem gosta de conduzir só os negócios, deixando a direção para um motorista profissional.
Bem mais pesado (2 083 kg) que o Genesis (1 837 kg) e com o acerto da suspensão pneumática voltado ao conforto, ainda que bem firme, ele não é o carro mais indicado para entrar forte nas curvas, sob pena de maltratar os pneus 245/50 R18. Ele os faz cantar em velocidades em que, na teoria, deveriam continuar em silêncio. Culpa do peso. O Equus é grande e não se esforça para parecer menor, como o Genesis, que é mais parceiro de quem gosta de andar rápido. Também não acelera com o vigor do irmão menor, que terá um V6 no Brasil. Foi feito para ganhar velocidade aos poucos. Não é difícil entender o porquê: andando como anda, o carro pode deixar o passageiro do banco traseiro enjoado em estradas sinuosas.
Se o Equus se destaca nos detalhes, é também neles que o sedã mostra que há um caminho a ser percorrido para poder ser comparado aos rivais alemães. Descontando o comportamento, que fica a dever ao do Lexus LS 460 (cujo motor, também um V8 4.6, é mais forte), o relógio analógico no centro do painel só parece sofisticado até a hora em que se percebe que a capa é de plástico, não de vidro, como nos Maserati, por exemplo. Ao desligar o carro, ele toca uma musiquinha de adeus como a de um celular.
O estilo, por fim, destoa do dos carros mais modernos da marca, como se tivesse sido concebido bem antes (daí a semelhança com o Azera, que dará lugar à nova geração em 2011). Para um sedã nascido em 2009, é uma defasagem estranha de explicar. Com emblema diferente dos demais Hyundai, o Equus pode virar no futuro a divisão de luxo da marca, como a Lexus para a Toyota e a Infiniti para a Nissan. Por ora, é mais um Hyundai. Para o bem e para o mal.
VEREDICTO
Nesse segmento de altíssimo luxo, não basta oferecer muito espaço, requinte no acabamento e uma profusão de itens de série – e isso o Equus tem de sobra. É preciso status, que esse Hyundai vai ter de conquistar. Mas, custando a metade dos rivais, ele pode incomodar muito alemão por aí.
Motor: V8, longitudinal, 32V, comando variável de válvulas, refrigerado a água, a gasolina
Cilindrada: 4627 cm3
Diâmetro x curso: 92 x 87 cm
Taxa de compressão: 10,4:1
Potência: 366 cv
Torque: 44,8 mkgf
Câmbio: automático de 6 marchas, tração traseira
Carroceria: sedã, 4 portas
Dimensões: comprimento, 516 cm; altura, 150 cm; largura, 189 cm; entre-eixos, 305 cm
Peso: 2083 kg
Porta-malas/caçamba: 450 litros
Tanque: 77 litros
Suspensão dianteira: multilink de 5 braços com sistema de amortecimento pneumático ativo
Suspensão traseira: multilink de 5 braços com sistema de amortecimento pneumático ativo
Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira
Direção: eletro-hidráulica
Pneus: 245/50 R18
Fonte: quatrorodas
Disponível no(a):http://quatrorodas.abril.com.br
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