29 de jan. de 2011

Bob Lutz contratou quatro jornalistas como "armas secretas" no desenvolvimento de carros da GM



Ele  foi o entusiasta responsável pelo desenvolvimento de produto da GM americana durante a década passada. Enquanto estava no comando, Bob Lutz fez algo que nenhuma outra fabricante teve a ousadia de fazer: contratou quatro jornalistas automotivos para assessorar o desenvolvimento de novos modelos. Os caras receberam a carta branca, suas opiniões seriam a lei e os modelos só entrariam em produção depois dessa aprovação.
Logicamente os engenheiros da GM não gostaram nem um pouco. Da noite para o dia quatro forasteiros, sem experiência alguma em desenvolvimento de produtos, dariam as ordens por lá, obrigando-os inclusive a fazer alterações no projeto de acordo com sua vontade. Tudo com o apoio do chefe.
A história foi contada nessa semana pelo colunista do Autoblog  e apresentador de TV John McElroy. Os quatro jornalistas foram contratados como funcionários. Lutz queria uma opinião que fosse independente da cultura interna para avaliar seus carros durante o processo de desenvolvimento. Como os jornalistas não tinham vínculo algum com as equipes de desenvolvimento, eles tinham liberdade para falar o que achavam, da mesma forma que fariam como se estivessem atuando em suas publicações.
Para Lutz, eles eram suas “armas secretas”. Eles não projetaram nada, não desenvolveram nada. Apenas rodavam com os carros e diziam o que tinham achado com sinceridade. Mais um dos emprego dos sonhos.
Lutz considerava os jornalistas uma imensa vantagem sobre a concorrência, e pediu pessoalmente aos demais jornalistas que eventualmente souberam da ação para manter silêncio sobre tudo. Os quatro jornalistas contratados pela GM foram Jack Keebler, que havia sido editor da Motor Trend; Rich Ceppos da Car and Driver, Automobile e Autoweek; Ron Sessions, que além de ter passado pela Motor Trend e Road & Track tinha um conhecimento técnico primoroso; e Nick Twork que foi assessor de imprensa da Ford e colaborador da Popular Mechanics e Autoweek.
Uma das mais importantes intervenções dos jornalistas foi no desenvolvimento do Chevrolet Volt. No híbrido da GM o motor a gasolina entra em ação quando as baterias chegam próximo do fim da carga. Nas primeiras versões do Volt, dependendo do tipo de condução, especialmente em subidas ou em alta velocidade, o motor entrava com um ronco alto e com os giros na faixa de corte. Os jornalistas pressionaram os engenheiros para fazer uma transição mais sutil. E insistiram até que conseguiram o que queriam. Hoje um dos aspectos mais marcantes do Volt é a sutileza durante a mudança de propulsão.
Lutz em seguida deixou o desenvolvimento de produtos para tornar-se CEO da GM, aposentando-se em 2010. Resta saber se a empresa manterá os jornalistas como críticos de desenvolvimento. Pois deveria. Já imaginou Jalopnik e Top Gear “trabalhando” com as grandes marcas?
Fonte: jalopnik
Disponível em:http://www.jalopnik.com.br

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