22 de out. de 2013

Entrevista: Casey Hyun, chefe de design da Hyundai fala sobre a mudança de percepção da marca coreana no Ocidente

Fotos: Divulgação
Entrevista: Casey Hyun, chefe de design da Hyundai fala sobre a mudança de percepção da marca coreana no Ocidente
Designer sul-coreano é responsável pelos projetos do i30, Sonata e do HB20 

por Eduardo Rocha
Auto Press
 
Seul/Coreia do Sul – O designer Casey Hyun, da Hyundai Motors, vê seu trabalho como uma tradução dos consumidores de automóvel. E com essa visão, foi artífice da valorização da marca sul-coreana em três ocasiões, em diversos cantos do mundo.Primeiro quando desenhou a primeira geração do hatch médio i30. O modelo, lançado em 2007 – que fez enorme sucesso no Brasil –, foi o primeiro a colocar a Hyundai no mapa do “congelado” mercado europeu, amplamente dominado pelos alemães.

Na sequência, Hyun projetou o atual Sonata, que chegou ao mercado em 2009 e tinha como principal destino o mercado norte-americano – ele é, inclusive, produzido na cidade de Montgomery, no Alabama. Foi no Sonata que ele apresentou o conceito Escultura Fluida, aplicado a todos os carros da Hyundai atualmente e que fez da marca objeto de desejo em vários mercados.



A última obra do designer sul-coreano foi o HB20 brasileiro, projetado em 2011. O modelo foi tão bem-sucedido que, em menos de um ano, fez a fábrica localizada na cidade de Piracicaba, São Paulo, chegar recorrer a mais turnos de produção. O caso do HB20 é tão emblemático que costuma ser citado até por rivais como exemplo de fenômeno quase impossível de realizar, mas que todos sonham em  repetir. Hyun é uma figura realmente diferente. Desde a infância ele anda pelo mundo. Nasceu na Coreia, cresceu na Austrália, se formou na Inglaterra e foi trabalhar na Alemanha. Seu sucesso o levou de volta à Coreia, onde responde pela estratégia de design de toda a Hyundai. Para chegar ao resultado do HB20, Casey Hyun passou um ano apenas estudando o gosto e o comportamento dos brasileiros. E suas conclusões estão na entrevista a seguir:

P - Antes de desenhar o HB20, o que você conhecia do Brasil?
R – Procurei entender primeiro  os brasileiros. Antes desse trabalho eu havia projetado carros para a Índia e para outros países em desenvolvimento. Depois, em 2009 eu visitei o Brasil em diferentes ocasiões, para começar a pensar em que tipo de carro deveria desenhar. Fiquei praticamente um ano inteiro estudando o país. Aprendi sobre a cultura, vi o que os brasileiros fazem no dia a dia. Procurei entender o que o consumidor brasileiro precisa, pois iríamos fazere um desenvolvimento específico para o Brasil.  E tive a chance de conversar com vários formadores de opinião, com jornalistas e com designers. E também trouxemos brasileiros para a Coreia para ver o projeto, para tentarmos avaliar se estávamos na direção certa.
 
P- A esmagadora maioria dos modelos de grande volume no Brasil são desenhados especificamente para o mercado brasileiro. Casos dos Volkswagen Gol e Fox, Fiat Palio e Uno, Chevrolet Onix e Celta. O que há de tão particular com o gosto do brasileiro para que isso aconteça?
R - Eu acho que o brasileiro gosta da aparência esportiva para seus carros.  Gosta de desenhos bem-elaborados e expressivos, mesmo em carros pequenos.


P- É mais difícil fazer um desenho sofisticado em um carro pequeno para o Brasil, que tem vários compromissos de utilização?
R - O design tem sempre limitações. A produção tem sempre limitações. Não é mais difícil, é apenas um pouco mais desafiador. Mas é um desafio divertido. Também é desafiador criar um desenho para um mercado novo como o brasileiro. Todos estão aprendendo no Brasil. Muitos associam a imagem do Brasil a coisas óbvias, como carnaval, futebol. Na nossa pesquisa, percebemos que o jeito do brasileiro valoriza o jeito de ser aberto e livre. Há também uma exigência por novas ideias.

P – Quais são as características mais valorizadas pelo consumidor brasileiro?
R – O brasileiro gosta de cores neutras. Preto, branco, cinza, grafite. E por outro lado, valorizam muito formas mais ousadas. O brasileiro procura mais expressividade nas superfícies do carro. Quando projetamos um carro, tentamos entender para quem estamos desenhando. Antes do HB20, nós fizemos um projeto para a Índia. Mas lá nós tínhamos um escritório de design e fomos para lá. No Brasil foi diferente. Ficamos um ano inteiro rodando. Não podíamos fazer um carro para o Brasil na Coreia. Tinhamos de aprender sobre o Brasil, conhecer os brasileiros e viver o Brasil. Foi um grande projeto.




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