Com um poderoso V8 diesel, o Land Rover Range Rover Vogue é abusado em tudo. Até no preço
Manter um nome em alta por mais de 40 anos não é fácil. É preciso se adaptar e se modernizar ao mesmo tempo. E poucas marcas de automóvel fizeram isso com tanto sucesso quanto a Land Rover.
Em 1970, a marca
britânica apresentou o primeiro Range Rover como um utilitário grande,
mas sem muito espaço para requinte – o interior era simples e feito para
ser limpo com uma nada sutil “mangueirada”. Mais de 20 anos depois, a
fabricante percebeu que o segmento de SUVs se popularizava com quem
antes comprava sedãs de luxo. E se aproveitou muito bem disso ao rechear
seu representante com equipamentos e capricho. Mas, em nenhum momento,
abriu mão da robustez e força que sempre caracteriziram seu ícone. Tanto
é que nunca desistiu dos motores diesel, geralmente menos suaves em seu
funcionamento. Em vez disso, procurou sempre aprimorar a sua relação
com este tipo de propulsor. Tendência que chegou ao auge na atual
geração do Range Rover – apenas a quarta na história. Com o excelente
SDV8 sob o capô, o modelo atual se consolidou como uma referência na
tarefa de juntar capacidade off-road, conforto e a sofisticação que a
etiqueta de preço de R$ 576.800 obriga a ter.Manter um nome em alta por mais de 40 anos não é fácil. É preciso se adaptar e se modernizar ao mesmo tempo. E poucas marcas de automóvel fizeram isso com tanto sucesso quanto a Land Rover.
O novo utilitário – que ganha em alguns mercados a alcunha Vogue – foi apresentado mundialmente no Salão de Paris de 2012 e chegou ao Brasil em março deste ano. E veio cercado de bastante expectativa. Afinal, pela primeira vez na história do modelo, a Land Rover trocou a tradicional estrutura em longarina – que geralmente contribui no fora-de-estrada – por um chassi monobloco. Só que caprichou em seu desenvolvimento. Feito todo em alumínio, ele diminuiu consideravelmente o peso do carro. Em algumas versões, a redução chegou a incríveis 420 kg – o mesmo que cinco adultos. No total, a versão diesel testada pesa 2.330 kg contra 2.750 kg do antigo. Isso mesmo tendo crescido em comprimento e no entre-eixos.
Para compensar a ausência do chassi em longarinas no off-road, a Land Rover aprimorou o sistema de assistência para fora do asfalto, o Terrain Response. Agora, além dos seis modos específicos – areia, lama, grama, pedras, etc –, há um modo automático que monitora 500 vezes por segundo as condições do terreno e altera individualmente os parâmetros de motor, transmissão, tração, suspensão e diferencial para cada situação. Outro aliado nos momentos mais difíceis é a ótima capacidade de submersão: o Vogue pode passar em terrenos alagados de até 90 cm. A suspensão a ar também contruibui e aumenta a distância livre do solo em 7,5 cm. E ainda melhora os ângulos de ataque, rampa e saída.
No interior, não faltam mimos para tratar bem quem paga tanto dinheiro em um carro. O trivial, evidentemente, está lá. Caso da parafernália eletrônica de segurança, seis airbags, ar-condicionado de quatro zonas e central de entretenimento com TV/DVD/GPS. Os diferenciais são, por exemplo, a tela central com Dual View, câmaras ao redor da carroceria, monitores para os assentos traseiros, volante aquecido e a tela 12,3 polegadas no lugar do tradicional painel de instrumentos.
A enorme evolução na parte construtiva desobrigou a Land Rover a mexer muito na oferta de motores. A melhora de desempenho viria naturalmente. Ainda assim, aprimorou a gama que já oferecia. O V8 a diesel agora desenvolve 339 cv e 71,3 kgfm entre 1.750 e 3 mil rpm. Ou seja, ganhou 26 cv e manteve o torque. Mesmo assim, o SDV8 ficou exatos 1 segundo mais rápido que o antigo na aceleração de zero a 100 km/h: agora faz em 6,9 segundos. Ainda há o superlativo 5.0 V8 supercharged a gasolina de 510 cv – o mesmo usado na fase anterior. A transmissão é sempre automática de oito velocidades da alemã ZF.
Na parte estética, as alterações foram discretas. Nascido em 2012, o Range Rover Vogue foi o primeiro carro da marca a surgir depois do arrebatador sucesso do Evoque. E trouxe alguns elementos do modelo menor, como os faróis e lanternas espichados. Porém, manteve o desenho "quadradão" que marca o utilitário há 43 anos. Até porque, a clientela inclui até a família real britânica. Não dá mesmo para deixar de lado as tradições.
Ponto a ponto
Desempenho – É quase imoral a maneira como o utilitário de 2.360 kg e com motor diesel acelera. O V8 foi aprimorado na troca de geração e ficou ainda mais brutal. O torque de 71,3 kgfm é absurdo e empurra com extrema eficiência o nada discreto SUV. E faz isso com uma suavidade incomum aos propulsores diesel. A transmissão automática de oito marchas, da alemã ZF, é outro elemento que impressiona pela excelência. A redução de mais de 400 kg no peso total ajuda a tornar esse o Range Rover com desempenho mais avassalador já feito. A aceleração de zero a 100 km/h é em exíguos em 6,9 segundos. Nota 10.
Estabilidade – É óbvio que o Range Rover nunca vai ser um esportivo puro. Afinal, é imenso, pesado e voltado para o conforto. Mesmo assim, é impressionante a maneira como o SUV se comporta quando posto frente a uma sequência de curvas. É nítido o ganho em agilidade em relação à geração anterior. O carro está mais responsivo e briga menos com o motorista para mudar de direção. Não dá para sair por aí, descendo a serra como em um cupê ou um sedã, mas o ganho em dirigibilidade faz com que o Range Rover inspire uma enorme confiança em quem está ao volante. Nota 9.
Interatividade – A quantidade de “gadgets” é quase interminável. O painel de instrumentos na verdade é uma tela de LCD, bem informativa e que se adapta à situação – no off-road, por exemplo, valoriza o conta-giros e mostra o que cada roda está fazendo. O sistema de entretenimento é completo, com TV, DVD e função Dual View – em que motorista e passageiro veem imagens diferentes no mesmo monitor simulteaneamente. O software, no entanto, é exessivamente exigido e, volta e meia, dá uma “travada”. A visibilidade é boa pela altura generosa. Cinco câmaras espalhadas no entorno ajudam a monitorar os pontos cegos o portentoso jipe britânico. Nota 10.
Consumo – Não há medições do InMetro para o Range Rover SDV8. O computador de bordo acusou a média 9,1 km/l de diesel. Não é ótimo, mas é semelhante ao de uma picape média, por exemplo, que tem porte e peso semelhantes e bem menos potência e desempenho. Nota 8.
Conforto – O Range
Rover é realmente um carro único. O acerto de suspensão é extremamente
suave e o faz “flutuar” sobre o asfalto. Nem o castigado piso brasileiro
interfere no conforto superlativo. O isolamento acústico é excelente e
transforma a cabine em uma catedral, tamanho o silêncio a bordo. Os
bancos completam o “pacote primeira classe” do utilitário, com ótimos
apoios, ajustes para todas as direções e, para motorista e passageiro,
massageador. Nota 10.
Tecnologia – O Range Rover evoluiu
profundamente em termos construtivos nesta troca de geração. A nova
arquitetura, em monobloco e toda em alumínio, deixou o carro muito mais
leve e com maior rigidez torcional. Consequentemente, mais confortável,
ágil e econômico. O “recheio” também melhorou. O sistema Terrain
Response, que auxilia no fora-de-estrada, ganhou um modo automático. O
arsenal tecnológicos continua repleto, com direito a tela Dual View,
assistente de estacionamento, TV/DVD, etc. O trem de força também
impressiona. O motor V8 diesel é avassalador e a transmissão de oito
marchas, competentíssima. Nota 10.
Habitabilidade –
Apesar da evidente preocupação com a elegância e o acabamento, a Land
Rover não se esqueceu da praticidade. Há “esconderijos” para todo tipo
de objeto. A altura dificulta a entrada, mas não de forma crítica. O
porta-malas mantém a clássica abertura em duas partes e leva generosos
908 litros de bagagem. Nota 9.
Acabamento – O
acabamento do Range Rover é quase obsceno. Para todo lugar que se olhe,
existe couro, madeira ou alumínio. Não há uso de qualquer material que
não agrade. A troca de geração ainda sofreu uma bem-vinda modernização
visual. O SUV ficou mais “clean”, com menos botões. Nota 10.
Design – O Range
Rover nunca se propôs a ser um utilitário desesperadamente bonito. A
ideia é muito mais de ser um jipe clássico e imponente. O modelo atual
tenta mesclar o tradicionalismo com uma pitada de modernidade, herdada
do bem-sucedido Evoque. É uma mistura que, sem dúvida, o deixou mais
atraente. Nota 9.
Custo/benefício – O
custo é alto. Extremamente alto. O Range Rover SDV8 é tabelado por R$
576.800. Só que o benefício também é desproporcional. A atual geração do
utilitário atingiu um patamar de refinamento que nenhum outro SUV chega
perto. O novo modelo também se tornou um veículo mais rápido, ágil e
fácil de guiar. Nota 5.
Total – O Land Rover Range Rover Vogue SDV8 somou 90 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Nível superior
A grande semelhança visual pode
induzir a acreditar o Range Rover evoluiu pouco nestes 43 anos. E seria
um equívoco. O avanço foi notável entre a terceira e a atual gerações. O
novo é moderno, “clean”, de bom gosto e, claro, mantém a excelência em
acabamento, com materiais nobres e encaixes milimetricamente precisos.
Os “gadgets” também estão melhores. O painel de instrumentos digital tem
ótima resolução e abriga diversas informações. A central eletrônica é
que merecia um maior cuidado, pois é meio lenta.
O grande avanço do novo Range Rover
vai além da estética. É no comportamento dinâmico do utilitário que está
o maior poder de sedução. Tanto pelo motor V8 diesel quanto, e
principalmente, pelo novo chassi de alumínio. A perda de 420 kg se
reflete diretamente no volante. Não faz do Range Rover um esportivo, mas
o deixa nítidamente mais ágil e obediente. Não há nem resquício da
velha “preguiça” para trocar de direção. Mudanças que tornaram o
utilitário fácil de dirigir.
A redução de peso também tem
consequências diretas no rodar do jipe inglês. A menor massa torna mais
fácil calibrar o ajuste da suspensão a ar, por exemplo. E, mais uma vez,
o resultado é excelente. O novo Range Rover é tão confortável que
lembra até um hovercraft, flutuando sobre os buracos. Para a sensação
geral de conforto ainda contribui o sublime isolamento acústico e os
ótimos bancos com bons apoios e massageador para motorista e passageiro.
É o tipo de carro que permite pegar várias horas de estrada e não
sentir cansaço qualquer.
Além de dirigibilidade e conforto, o
desempenho também foi amplamente beneficiado pelo monobloco em alumínio.
O motor V8 a diesel, já extremamente competente na geração antiga,
agora beira a perfeição. Move o SUV com agilidade impressionante e ainda
fornece suavidade incomum para este tipo de propulsor. A força é tanta
que na grande maioria do tempo é preciso usar apenas meia-pressão no
acelerador. Até porque o generoso torque aparece logo em 1.750 rpm.
Mesmo sem “agressividade” na direção, dá para ficar tranquilamente na
frente do fluxo do trânsito.
Por fim, a fama do Range Rover como um
competente off-road fica intacta. É claro que é raro o dono de um carro
de R$ 600 mil ter a coragem de jogá-lo na lama. Mas, se for o caso, ele
aguenta. O modo automático do Terrain Response deixa tudo ainda mais
simples e quase nunca é necessária alguma intervenção manual no sistema.
Ele até avisa quando é necessário ligar a reduzida, por exemplo. O
Range Rover sempre foi conhecido por ser um carro que faz tudo bem.
Nesta nova geração, ele passa a ser um carro que beira a perfeição em
tudo que faz. Sem qualquer exagero.
Ficha técnica
Land Rover Range Rover Vogue SDV8 4.4
Motor: Diesel,
dianteiro, longitudinal, 4.367 cm³, oito cilindros em V, duplo comando
no cabeçote e quatro válvulas por cilindro, com dois turbocompressores
sequenciais em paralelo. Injeção Common Rail.
Transmissão: Câmbio
automático com oito marchas à frente e uma a ré, com acionamento manual
através de alavancas atrás do volante. Tração permanente nas quatro
rodas com diferencial central e traseiro blocantes. Oferece controle
eletrônico de tração.
Potência máxima: 339 cv a 3.500 rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 6,9 segundos.
Velocidade máxima: 217 km/h.
Torque máximo: 71,3 kgfm entre 1.750 e 3 mil rpm
Diâmetro e curso: 84 mm X 98,5 mm. Taxa de compressão: 16,1:1.
Suspensão: Pneumática
de altura variável. Dianteira independente do tipo McPherson com
amortecedores hidráulicos. Traseira pneumática com triângulos duplos e
amortecedores hidráulicos. Oferece controles eletrônicos de altura e de
estabilidade.
Pneus: 255/55 R20.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Assistidos por ABS, ETC, DSC, HDC, EBD e EBA.
Carroceria:
Utilitário esportivo sobre longarinas com quarto portas e cinco lugares.
Com 4,99 metros de comprimento, 1,98 m de largura, 1,83 m de altura e
2,92 m de distância entre-eixos. Tem airbags frontais, laterais e de
cortina.
Peso: 2.360 kg.
Ângulo de ataque: 26º (34,7º no modo off-road).
Ângulo de saída: 24,6º (29,6º no modo off-road).
Ângulo de rampa: 20,1º (28,3º no modo off-road).
Altura livre do solo: 22,0 cm (29,5 cm no modo off-road).
Altura máxima de submersão: 90 cm.
Capacidade do porta-malas: 908 litros.
Tanque de combustível: 105 litros.
Produção: Solihull, Inglaterra.
Lançamento da atual geração: 2012.
Itens de série:
Ar-condicionado de quatro zonas, direção assistida, trio elétrico,
bancos com ajuste elétrico, memória e aquecimento, cruise control,
sensor de luminosidade e de chuva, sistema de auxílio de funcionamento
off-road automático, sistema de som Meridian com 29 alto-falantes, tela
central sensível ao toque, GPS, monitoramento de ponto cego, airbags
frontais, laterais e de cortina, faróis de xenon,
rádio/CD/DVD/MP3/USB/iPod/Bluetooth, câmara de ré, duas telas adicionais
atrás dos bancos dianteiros, ABS, ETC, DSC, HDC, EBD e EBA.
Preço: R$ 576.800.
Participe! Deixe aqui seu comentário. Obrigado! Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br
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