20 de set. de 2013

Teste: Range Rover Vogue SDV8 - Roda da fortuna

Fotos: Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias
Teste: Range Rover Vogue SDV8 -  Roda da fortuna
Com um poderoso V8 diesel, o Land Rover Range Rover Vogue é abusado em tudo. Até no preço

Manter um nome em alta por mais de 40 anos não é fácil. É preciso se adaptar e se modernizar ao mesmo tempo. E poucas marcas de automóvel fizeram isso com tanto sucesso quanto a Land Rover.
Em 1970, a marca britânica apresentou o primeiro Range Rover como um utilitário grande, mas sem muito espaço para requinte – o interior era simples e feito para ser limpo com uma nada sutil “mangueirada”. Mais de 20 anos depois, a fabricante percebeu que o segmento de SUVs se popularizava com quem antes comprava sedãs de luxo. E se aproveitou muito bem disso ao rechear seu representante com equipamentos e capricho. Mas, em nenhum momento, abriu mão da robustez e força que sempre caracteriziram seu ícone. Tanto é que nunca desistiu dos motores diesel, geralmente menos suaves em seu funcionamento. Em vez disso, procurou sempre aprimorar a sua relação com este tipo de propulsor. Tendência que chegou ao auge na atual geração do Range Rover – apenas a quarta na história. Com o excelente SDV8 sob o capô, o modelo atual se consolidou como uma referência na tarefa de juntar capacidade off-road, conforto e a sofisticação que a etiqueta de preço de R$ 576.800 obriga a ter.

O novo utilitário – que ganha em alguns mercados a alcunha Vogue – foi apresentado mundialmente no Salão de Paris de 2012 e chegou ao Brasil em março deste ano. E veio cercado de bastante expectativa. Afinal, pela primeira vez na história do modelo, a Land Rover trocou a tradicional estrutura em longarina – que geralmente contribui no fora-de-estrada – por um chassi monobloco. Só que caprichou em seu desenvolvimento. Feito todo em alumínio, ele diminuiu consideravelmente o peso do carro. Em algumas versões, a redução chegou a incríveis 420 kg – o mesmo que cinco adultos. No total, a versão diesel testada pesa 2.330 kg contra 2.750 kg do antigo. Isso mesmo tendo crescido em comprimento e no entre-eixos.



Para compensar a ausência do chassi em longarinas no off-road, a Land Rover aprimorou o sistema de assistência para fora do asfalto, o Terrain Response. Agora, além dos seis modos específicos – areia, lama, grama, pedras, etc –, há um modo automático que monitora 500 vezes por segundo as condições do terreno e altera individualmente os parâmetros de motor, transmissão, tração, suspensão e diferencial para cada situação. Outro aliado nos momentos mais difíceis é a ótima capacidade de submersão: o Vogue pode passar em terrenos alagados de até 90 cm. A suspensão a ar também contruibui e aumenta a distância livre do solo em 7,5 cm. E ainda melhora os ângulos de ataque, rampa e saída.

No interior, não faltam mimos para tratar bem quem paga tanto dinheiro em um carro. O trivial, evidentemente, está lá. Caso da parafernália eletrônica de segurança, seis airbags, ar-condicionado de quatro zonas e central de entretenimento com TV/DVD/GPS. Os diferenciais são, por exemplo, a tela central com Dual View, câmaras ao redor da carroceria, monitores para os assentos traseiros, volante aquecido e a tela 12,3 polegadas no lugar do tradicional painel de instrumentos.



A enorme evolução na parte construtiva desobrigou a Land Rover a mexer muito na oferta de motores. A melhora de desempenho viria naturalmente. Ainda assim, aprimorou a gama que já oferecia. O V8 a diesel agora desenvolve 339 cv e 71,3 kgfm entre 1.750 e 3 mil rpm. Ou seja, ganhou 26 cv e manteve o torque. Mesmo assim, o SDV8 ficou exatos 1 segundo mais rápido que o antigo na aceleração de zero a 100 km/h: agora faz em 6,9 segundos. Ainda há o superlativo 5.0 V8 supercharged a gasolina de 510 cv – o mesmo usado na fase anterior. A transmissão é sempre automática de oito velocidades da alemã ZF.

Na parte estética, as alterações foram discretas. Nascido em 2012, o Range Rover Vogue foi o primeiro carro da marca a surgir depois do arrebatador sucesso do Evoque. E trouxe alguns elementos do modelo menor, como os faróis e lanternas espichados. Porém, manteve o desenho "quadradão" que marca o utilitário há 43 anos. Até porque, a clientela inclui até a família real britânica. Não dá mesmo para deixar de lado as tradições.



Ponto a ponto

Desempenho – É quase imoral a maneira como o utilitário de 2.360 kg e com motor diesel acelera. O V8 foi aprimorado na troca de geração e ficou ainda mais brutal. O torque de 71,3 kgfm é absurdo e empurra com extrema eficiência o nada discreto SUV. E faz isso com uma suavidade incomum aos propulsores diesel. A transmissão automática de oito marchas, da alemã ZF, é outro elemento que impressiona pela excelência. A redução de mais de 400 kg no peso total ajuda a tornar esse o Range Rover com desempenho mais avassalador já feito. A aceleração de zero a 100 km/h é em exíguos em 6,9 segundos. Nota 10.

Estabilidade – É óbvio que o Range Rover nunca vai ser um esportivo puro. Afinal, é imenso, pesado e voltado para o conforto. Mesmo assim, é impressionante a maneira como o SUV se comporta quando posto frente a uma sequência de curvas. É nítido o ganho em agilidade em relação à geração anterior. O carro está mais responsivo e briga menos com o motorista para mudar de direção. Não dá para sair por aí, descendo a serra como em um cupê ou um sedã, mas o ganho em dirigibilidade faz com que o Range Rover inspire uma enorme confiança em quem está ao volante. Nota 9.

Interatividade – A quantidade de “gadgets” é quase interminável. O painel de instrumentos na verdade é uma tela de LCD, bem informativa e que se adapta à situação – no off-road, por exemplo, valoriza o conta-giros e mostra o que cada roda está fazendo. O sistema de entretenimento é completo, com TV, DVD e função Dual View – em que motorista e passageiro veem imagens diferentes no mesmo monitor simulteaneamente. O software, no entanto, é exessivamente exigido e, volta e meia, dá uma “travada”. A visibilidade é boa pela altura generosa. Cinco câmaras espalhadas no entorno ajudam a monitorar os pontos cegos o portentoso jipe britânico. Nota 10.

Consumo
– Não há medições do InMetro para o Range Rover SDV8. O computador de bordo acusou a média 9,1 km/l de diesel. Não é ótimo, mas é semelhante ao de uma picape média, por exemplo, que tem porte e peso semelhantes e bem menos potência e desempenho. Nota 8.
 
Conforto – O Range Rover é realmente um carro único. O acerto de suspensão é extremamente suave e o faz “flutuar” sobre o asfalto. Nem o castigado piso brasileiro interfere no conforto superlativo. O isolamento acústico é excelente e transforma a cabine em uma catedral, tamanho o silêncio a bordo. Os bancos completam o “pacote primeira classe” do utilitário, com ótimos apoios, ajustes para todas as direções e, para motorista e passageiro, massageador. Nota 10.

 
Tecnologia – O Range Rover evoluiu profundamente em termos construtivos nesta troca de geração. A nova arquitetura, em monobloco e toda em alumínio, deixou o carro muito mais leve e com maior rigidez torcional. Consequentemente, mais confortável, ágil e econômico. O “recheio” também melhorou. O sistema Terrain Response, que auxilia no fora-de-estrada, ganhou um modo automático. O arsenal tecnológicos continua repleto, com direito a tela Dual View, assistente de estacionamento, TV/DVD, etc. O trem de força também impressiona. O motor V8 diesel é avassalador e a transmissão de oito marchas, competentíssima. Nota 10.
 
Habitabilidade – Apesar da evidente preocupação com a elegância e o acabamento, a Land Rover não se esqueceu da praticidade. Há “esconderijos” para todo tipo de objeto. A altura dificulta a entrada, mas não de forma crítica. O porta-malas mantém a clássica abertura em duas partes e leva generosos 908 litros de bagagem. Nota 9.
 
Acabamento – O acabamento do Range Rover é quase obsceno. Para todo lugar que se olhe, existe couro, madeira ou alumínio. Não há uso de qualquer material que não agrade. A troca de geração ainda sofreu uma bem-vinda modernização visual. O SUV ficou mais “clean”, com menos botões. Nota 10.
 
Design – O Range Rover nunca se propôs a ser um utilitário desesperadamente bonito. A ideia é muito mais de ser um jipe clássico e imponente. O modelo atual tenta mesclar o tradicionalismo com uma pitada de modernidade, herdada do bem-sucedido Evoque. É uma mistura que, sem dúvida, o deixou mais atraente. Nota 9.
 
Custo/benefício – O custo é alto. Extremamente alto. O Range Rover SDV8 é tabelado por R$ 576.800. Só que o benefício também é desproporcional. A atual geração do utilitário atingiu um patamar de refinamento que nenhum outro SUV chega perto. O novo modelo também se tornou um veículo mais rápido, ágil e fácil de guiar. Nota 5.
 
Total – O Land Rover Range Rover Vogue SDV8 somou 90 pontos em 100 possíveis.

 
Impressões ao dirigir
 
Nível superior
 
A grande semelhança visual pode induzir a acreditar o Range Rover evoluiu pouco nestes 43 anos. E seria um equívoco. O avanço foi notável entre a terceira e a atual gerações. O novo é moderno, “clean”, de bom gosto e, claro, mantém a excelência em acabamento, com materiais nobres e encaixes milimetricamente precisos. Os “gadgets” também estão melhores. O painel de instrumentos digital tem ótima resolução e abriga diversas informações. A central eletrônica é que merecia um maior cuidado, pois é meio lenta.
 
O grande avanço do novo Range Rover vai além da estética. É no comportamento dinâmico do utilitário que está o maior poder de sedução. Tanto pelo motor V8 diesel quanto, e principalmente, pelo novo chassi de alumínio. A perda de 420 kg se reflete diretamente no volante. Não faz do Range Rover um esportivo, mas o deixa nítidamente mais ágil e obediente. Não há nem resquício da velha “preguiça” para trocar de direção. Mudanças que tornaram o utilitário fácil de dirigir.


 
A redução de peso também tem consequências diretas no rodar do jipe inglês. A menor massa torna mais fácil calibrar o ajuste da suspensão a ar, por exemplo. E, mais uma vez, o resultado é excelente. O novo Range Rover é tão confortável que lembra até um hovercraft, flutuando sobre os buracos. Para a sensação geral de conforto ainda contribui o sublime isolamento acústico e os ótimos bancos com bons apoios e massageador para motorista e passageiro. É o tipo de carro que permite pegar várias horas de estrada e não sentir cansaço qualquer.
 
Além de dirigibilidade e conforto, o desempenho também foi amplamente beneficiado pelo monobloco em alumínio. O motor V8 a diesel, já extremamente competente na geração antiga, agora beira a perfeição. Move o SUV com agilidade impressionante e ainda fornece suavidade incomum para este tipo de propulsor. A força é tanta que na grande maioria do tempo é preciso usar apenas meia-pressão no acelerador. Até porque o generoso torque aparece logo em 1.750 rpm. Mesmo sem “agressividade” na direção, dá para ficar tranquilamente na frente do fluxo do trânsito.
 
Por fim, a fama do Range Rover como um competente off-road fica intacta. É claro que é raro o dono de um carro de R$ 600 mil ter a coragem de jogá-lo na lama. Mas, se for o caso, ele aguenta. O modo automático do Terrain Response deixa tudo ainda mais simples e quase nunca é necessária alguma intervenção manual no sistema. Ele até avisa quando é necessário ligar a reduzida, por exemplo. O Range Rover sempre foi conhecido por ser um carro que faz tudo bem. Nesta nova geração, ele passa a ser um carro que beira a perfeição em tudo que faz. Sem qualquer exagero.


Ficha técnica

Land Rover Range Rover Vogue SDV8 4.4 
 
Motor: Diesel, dianteiro, longitudinal, 4.367 cm³, oito cilindros em V, duplo comando no cabeçote e quatro válvulas por cilindro, com dois turbocompressores sequenciais em paralelo. Injeção Common Rail.
Transmissão: Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré, com acionamento manual através de alavancas atrás do volante. Tração permanente nas quatro rodas com diferencial central e traseiro blocantes. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 339 cv a 3.500 rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 6,9 segundos.
Velocidade máxima: 217 km/h.
Torque máximo: 71,3 kgfm entre 1.750 e 3 mil rpm
Diâmetro e curso:  84 mm X 98,5 mm. Taxa de compressão: 16,1:1.
Suspensão: Pneumática de altura variável. Dianteira independente do tipo McPherson com amortecedores hidráulicos. Traseira pneumática com triângulos duplos e amortecedores hidráulicos. Oferece controles eletrônicos de altura e de estabilidade.
Pneus: 255/55 R20.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Assistidos por ABS, ETC, DSC, HDC, EBD e EBA.
Carroceria: Utilitário esportivo sobre longarinas com quarto portas e cinco lugares. Com 4,99 metros de comprimento, 1,98 m de largura, 1,83 m de altura e 2,92 m de distância entre-eixos. Tem airbags frontais, laterais e de cortina.
Peso: 2.360 kg.
Ângulo de ataque: 26º (34,7º no modo off-road).
Ângulo de saída: 24,6º (29,6º no modo off-road).
Ângulo de rampa: 20,1º (28,3º no modo off-road).
Altura livre do solo: 22,0 cm (29,5 cm no modo off-road).
Altura máxima de submersão: 90 cm.
Capacidade do porta-malas: 908 litros.
Tanque de combustível: 105 litros.
Produção: Solihull, Inglaterra.
Lançamento da atual geração: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado de quatro zonas, direção assistida, trio elétrico, bancos com ajuste elétrico, memória e aquecimento, cruise control, sensor de luminosidade e de chuva, sistema de auxílio de funcionamento off-road automático, sistema de som Meridian com 29 alto-falantes, tela central sensível ao toque, GPS, monitoramento de ponto cego, airbags frontais, laterais e de cortina, faróis de xenon, rádio/CD/DVD/MP3/USB/iPod/Bluetooth, câmara de ré, duas telas adicionais atrás dos bancos dianteiros, ABS, ETC, DSC, HDC, EBD e EBA.
Preço: R$ 576.800.




Participe! Deixe aqui seu comentário. Obrigado! Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

Nenhum comentário: