A plataforma MQB da Volkswagen é mais que um chassi. Ela é uma filosofia de produção industrial com a qual a Volkswagen espera se tornar o maior fabricante de automóveis do mundo. Você a verá no próximo Golf e em diversos veículos depois dele. Veja como isso funciona.
Na primeira vez que ouvi falar da nova plataforma MQB da Volkswagen, não dei muita bola. Achei que a padronização de todos os novos modelos Volkswagen resultaria em carros ainda mais sem graça e redução de custo de produção. Bem, em minha visita a Wolfsburg os alemães foram gentis o bastante para me mostrar como eu estava errado.
A ideia da MQB é brilhante, na verdade, e eles a usarão nos produtos do VAG dos próximos doze anos, por isso preste bem atenção. A evolução é mais ou menos a seguinte:
A MQB é apenas um dos kits de produção que a Volkswagen usará no futuro. Também há a NSF para carros pequenos como o Up!, a MLB para a adoção de motores longitudinais em carros maiores como os Audi, e a MSB, para carros como o Porsche Panamera. O 911 obviamente usará um método separado de construção (por enquanto), assim como o XL1.
A ideia da construção modular começou com a percepção de que haviam tantas variações de conjuntos e componentes no portfólio do Grupo VW, que quando algo dava errado com um de seus carros, eles precisavam descobrir quais componentes haviam sido usados naquela especificação exata. Os engenheiros precisavam voltar ao trabalho, e os projetos precisavam ser desenterrados.
Os motores a diesel são inclinados para trás, os motores a gasolina para a frente, o que significa que componentes completamente diferentes foram projetados para cada versão. O mesmo vale para os sistemas de ar-condicionado, para a suspensão, ou até para alguma pecinha minúscula que você nunca verá.
Claro, havia muitos componentes comuns, mas coisas como a peça de metal que suporta o painel era diferente no Passat, no Tigual, no Škoda Octavia, Fabia, e até no Polo. Isso resulta em uma produção ineficiente para o produtor e em manutenção mais cara para o proprietário. Então eles encontraram a solução:
60% de um carro é definido pela área entre o eixo dianteiro e a parede corta-fogo. Ao tornar isso modulável, a eficiência pode ser incrementada significativamente.
Com a construção MQB todos os motores agora podem inclinar 12 polegadas (30,5 cm) para trás. Isso signfica que um único sistema de escape e outros componentes podem ser usados para vários motores. Isso também torna o conjunto motriz mais compacto, reduzindo o peso e o balanço dianteiro. A padronização de motores é importante para a Volkswagen por que eles não usam apenas diesel e gasolina, mas também sistemas elétricos, GNV, GLP e etanol em diferentes mercados. Tudo precisa se encaixar. A Volkswagen também oferece uma correia de sincronização que não requer substituição em seus novos motores, feita de um material não detalhado para a imprensa.
Os módulos também permitem que alguns componentes de carros mais luxuosos possam ser usados nos carros mais baratos sem custos adicionais. Pense nos sistemas de ar-condicionado, nas ECU ou nos sistemas de segurança passiva. Se os mesmos componentes do Polo puderem ser usados no Passat com uma simples reprogramação de software, o volume aumenta e o custo diminui. Todos ganham. E quanto a possibilidade de haver um recall de proporções gigantescas, a Volkswagen está tranquila.k Como eles testarão cada componente em modelos individuais, as chances de colocar algo problemático em produção são bem menores.
A Volkswagen já tem várias fábricas preparadas para produzir a plataforma MQB, e está trabalhando para adequar o restante das linhas de produção para as novas tecnologias. Enquanto isso, os facelifts de meia-vida permitirão a adoção de módulos em modelos já existentes. A família modular foi projetada para durar cerca de 12 anos. Com ela, a Volkswagen prevê que se tornará a maior fabricante do planeta em apenas quatro anos.
A grande questão que permanece é se esta imensa padronização matará ou não a personalidade dos próximos produtos da Volkswagen, mas o pessoal de Wolfsburg está certo de que tudo dependerá do acerto dos componentes, por isso a utilização de peças compartilhadas não comprometerá isso. Faz sentido.
Embora haja muita padronização na indústria, a Volkswagen tem marcas suficientes para tornar isso viável. A GM tornou-se a maior fabricante do mundo com um portfólio imenso de marcas compartilhando plataformas, mas isso não funcionou tão bem para eles.
Só espero que a Volkswagen não esteja sendo inteligente demais para sua sobrevivência.
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