22 de jan. de 2013

Por que não temos uma fabricante brasileira – Parte 3: quem ainda acredita que dá

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Nessa série de posts, já questionamos por que não temos uma fabricante nacional de automóveis e quem já quis fazer isso e não conseguiu. Faltaram até algumas citações que não passaram de embriões. Caso da Troller e da JPX, que investiram em segmentos de nicho para ver se daria certo (não deu), e de visionários que quiseram fabricar e não conseguiram, como Abraham Kasinski, criador da Cofap, que morreu no ano passado sem ver seu sonho de ver a Cofave (Companhia Fabricadora de Veículos) ir além das motos que levaram seu nome. Mas ainda tem gente que quer chegar lá.

O que tem mais chances é Carlos Alberto de Oliveira Andrade, que você conhece mais pela sigla que ele tornou famosa: CAOA. Ex-distribuidor da Renault no Brasil, ele processou a marca francesa e conseguiu uma indenização polpuda, que lhe permitiu abrir uma fábrica só dele, em Anápolis. Ali, por um acordo com a marca que representa atualmente, ele fabrica modelos da Hyundai, mas o acerto inclui transferência de tecnologia, o que vai permitir que ele crie um carro com sua marca, mas com plataforma e motores da empresa coreana. Boris Feldman, do jornal Estado de Minas, disse que será um utilitário, feito sobre a plataforma do Tucson. Também pode ser um modelo menor, feito em parceria com a Dongfeng, empresa chinesa com a qual ele firmou acordo.
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A Mitsubishi também é representada no Brasil por um empresário local e todo o investimento na fábrica é de Eduardo Souza Ramos, que também fabricará modelos da Suzuki. O caso é que Souza Ramos não tem a pretensão de criar uma marca própria, o que o exclui dessa lista.
Quem tem possibilidades de alçar voo solo é o pessoal que fabricará no Brasil os modelos da Great Wall. Eles são investidores que fundaram a Latin American Motors. Ela será a dona da planta e todos os investimentos serão brasileiros. A Great Wall só fornecerá a tecnologia e os projetos. Torcemos para que isso, no futuro, permita à Latin American fabricar modelos próprios, mas também é apenas esperança, já que não se sabe nem sequer onde a fábrica será instalada.
O fundador da JPX, Eike Batista, disse que também pretende ter sua fábrica nacional, mais especificamente no Superporto do Açu, que ele está construindo na costa do Rio de Janeiro. A Nissan seria uma das parceiras do empresário, mas o negócio, aparentemente, não seguiu adiante. Eike chegou a conversar com Gordon Murray, projetista do carro mais fantástico já feito até hoje, o McLaren F1. A ideia seria usar um método de fabricação inovador desenvolvido pelo sul-africano. Chamado de iStream, ele reduz o tamanho das plantas, o que também reduz o investimento e cria modelos mais resistentes, feitos de fibra de carbono. A preços competitivos. Se eles vão se entender ou não é algo que, até hoje, Eike nega. Bom seria se isso fosse apenas jogo de cena para não atrapalhar as negociações. Para Eike e para o Brasil.
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De todas as iniciativas em curso, a mais original é a do pessoal do Triciclo Pompéo. Primeiro, porque ele deve dar origem a um triciclo, em vez de a um modelo de quatro rodas Segundo, porque ele será elétrico. Havia, inicialmente, a ideia de usar motores de moto para impulsionar os triciclos, mas os pais do projeto acabaram se apaixonando pelos motores elétricos e tentaram até fazer um bem bolado com uma das maiores fabricantes desse tipo de engenho no mundo, a brasileiríssima WEG. Não sei mais em que pé está esse acordo, mas a união desses esforços seria perfeita… se o Brasil estimulasse a produção de modelos elétricos por aqui. Como o governo não está nem aí para a questão, o Pompéo vai nascer sem incentivos. Sem proteção. Só torcemos para que ele saia do papel.
Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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