13 de jan. de 2013

Impressões em W: Bentley Continental GT 2012

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O Bentley Continental GT só foi assunto em 2012 por causa da adoção de um motor V8. A ideia era ajudar a marca a cumprir as exigências cada vez mais restritivas do novo regulamento de emissões. Mas houve um efeito colateral: o apático Continental ficou muito mais gostoso de guiar. Mas será que o W12 também não tem suas qualidades?  
       
Falaram do V8 o ano todo. Disseram que era feito para o motorista e que seu comportamento era mais afiado. Disseram que ele se destacava ao lado do W12 e que era um carro melhor. Ele é menos caro, menos potente, mais equilibrado e ronca mais bonito. Mas por que ainda há lugar para o W12 na linha?
Em 2013, o Bentley Continental GT fará 10 anos. O GT original foi o primeiro produto lançado pela Bentley depois de sua compra pela VW, e trouxe algumas primazias para a famosa marca inglesa. Ele tinha um W12 de origem VW em vez do V8 de 6,75 litros que acompanhou a Bentley por décadas. E também foi o primeiro Bentley de tração integral da história.
Dane-se a tradição, porque o Continental GT vendeu feito água no deserto. Um cupê musculoso britânico com construção alemã? Todo mundo caiu em cima! A Bentley atualizou de leve seu carro mais popular em 2011, mas mantiveram a tração integral e o W12.
O problema do Continental GT W12  - como o de quase todo irmão mais velho – era seu irmão irritante e bem sucedido. No entanto, o W12 não precisa se sentir ameaçado por seu irmãozinho. Ele ainda é um carro incrível, só que de um jeito bem diferente.

Por fora

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A ligeira reestilização do Continental em 2011 adicionou vincos e exagerou ainda mas as já avantajadas proporções do super cupê britânico. Não liguei muito quando vi pela primeira vez. Só que ele é um daqueles carros que vão te conquistando com o tempo, e agora eu considero a primeira geração feia e sem graça, enquanto esta é mais dramática e imponente – exatamente como um Bentley deve ser.
Para diferenciar-se do V8, o W12 tem uma tomada de ar frontal menos agressiva, saídas de escapamento e emblemas diferentes. Eu prefiro as saídas ovais do W12 aos canos com formato de número 8 do V8.

Interior

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O interior é uma porcaria. Opa, eu escrevi “porcaria”? Eu quis dizer orgasmicamente esplendoroso. Desculpem. Mil desculpas.
Montagem e acabamentos são soberbos e tudo parece caro. Porque é tudo caro. Os bancos são extremamente confortáveis e a função de massagem deveria ficar ligada o tempo todo.
O que eu acho curioso é o seletor de marchas. Ele parece ter saído de um Audi A6 1999. Pegar peças da prateleira é aceitável se elas não forem óbvias demais. E embora este não seja exatamente igual à de um Audi do fim da década de 90, se parece tanto que eu não consegui mais olhar para ela da mesma maneira.

Como anda, como corre

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O W12 é 24 kg mais pesado do que o V8, mas também tem 574 cv e 71,3 mkgf de torque – são 67 cv e 4 mkgf a mais do que o pequeno V8, mais do que o suficiente para levar o leviatã de 2.320 kg de 0 a 100 em apenas 4,3 segundos – ou 0,3 mais rápido do que seu irmão mais novo.
Ele também é surpreendentemente rápido. Não diria rápido de quebrar o pescoço, mas é tão rápido quanto um carro para cavalheiros pode ser. Você pisa no acelerador, olha para o velocímetro e descobre que está rápido o bastante para ir preso. E o torque é o suficiente para conseguir uma velocidade adequada em uma quantidade de tempo respeitosa e digna.

Freios

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Se você estiver andando a velocidades que possam causar problemas com a lei e precisar reduzir, o W12 tem freios gigantescos para te ajudar.
Eles não são grudentos nem agressivos demais, e fazem exatamente o que você espera deles. Uma boa pisada vai reduzir uma boa parte da velocidade. E, assim como na aceleração, você nem percebe o quanto ficou mais lento.
Eu prefiro um pedal mais agressivo com uma “mordida” inicial mais forte. Mas o Bentley não está aí para isso. Nada nesse carro foi feito para dirigir de forma agressiva. Está mais para um “passeio pelo boulevard”. E ele é excelente no que faz

Conforto

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As configurações ajustáveis da suspensão podem variar entre “Comfort” e “Sport”. No modo Comfort parece que você está dirigindo um travesseiro sobre uma estrada de marshmallows. Minha tendência foi deixar no segundo modo mais confortável, o que me dava noção do que acontecia na estrada, mas também me permitia relaxar naquele banco macio sem me preocupar com nada.
Não, o carro não acaba com toda e qualquer interferência que a estrada possa produzir no interior do carro. O W12 trabalha em conjunto com a estrada para proporcionar uma melhor experiência de relaxamento automotivo. Voltar para o Miata depois de dirigir o Bentley foi como sair de um Boeing 787 Dreamliner para o primeiro voo dos irmãos Wright.
Sem comparação.

Comportamento

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Eu meio que me sinto mal por criticar o W12 aqui, porque ele não foi feito para isso. 2.320 kg é muito peso. De qualquer forma, ataquei algumas curvas esperando o pior, mas foi melhor do que o esperado. Jogar todo aquela massa dianteira (a distribuição de peso é de 56/44) em uma curva fechada deveria acabar em subesterço. E foi o que aconteceu, mas os computadores do Continental intervêm e fazem um trabalho fantástico em manter o carro com o lado brilhante para cima e colado no asfalto.
Assim, o W12 não é o que você chamaria de uma máquina de devorar curvas, mas isto eu já esperava. Ele foi feito para cruzeiro.

Câmbio

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O W12 2012 usa a caixa ZF automática, enquanto o V8 usa a nova ZF de oito marchas. O V8 ficou com a melhor caixa.
Não estou dizendo que o câmbio de seis marchas é ruim. É bem suave e as trocas são rápidas. No modo manual ele se adapta à rotação do motor mas não segura marchas. E isso incomoda. Diferente da caixa de oito marchas, que pode reduzir até cinco marchas de uma vez, o W12 só reduz duas marchas de cada vez.

Áudio

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Meu carro de teste veio com sistema de áudio Naim. Por US$ 7.015 (mais de R$ 14.000), é bom que seja o melhor sistema de som automotivo… DO MUNDO. Eu já tive esta honra com o Audi A7, mas preciso dizer de novo: é fantástico. Até música ruim fica tolerável.
Só que o motor é quieto demais e não tem presença nenhuma. Abaixei os vidros porque achei que o isolamento acústico era a causa, mas não. O problema é mesmo o ronco.

Mimos

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SIm, o Continental tem vários brinquedinhos modernos como câmera de ré, assistente de estacionamento, GPS, controle de velocidade, bancos com massageador, conexão para iPod e mais.
Também tem handset para celular e bluetooth. Mas o bluetooth não achou meu telefone. Li o manual e procurei nas internets. Segui todos os passos. O Bentley não estava nem aí para o meu celular.
Talvez ele soubesse que eu não sou membro da alta sociedade…

Bottom line

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Tudo no W12 é caro. O preço inicial nos EUA é de US$ 189.900 (mais de R$ 380 mil). O som custa mais US$ 7 mil. O pacote “Mulliner Driving Specification” custa US$ 8.050 (mais de R$ 16 mil). Até onde eu sei, o Mulliner Spec adiciona pedais usinados e alavanca esportiva. Estes e outros opcionais levam o preço do Bentley a US$ 222.565 (quase R$ 450 mil).
De cabeça, o concorrente mais próximo do W12 é o Mercedes CL600, que começa US$ 30 mil (quase R$ 60 mil) mais barato. Mas a questão aqui não é o preço. É a percepção. Se você compra um Mercedes porque é mais barato, então você nunca quis um Bentley de verdade, não é? O “valor” do Continental GT é mais a imagem de conoisseur com um gosto impecável que você passa. Não que você economizou uma graninha.
Ou você entende, ou não.

Ficha técnica

Motor: W12, 6.0, turbo
Potência: 574 cv a 6.000 rpm
Torque: 71,3 mkgf a 1.700 rpm
Transmissão: ZF automática de seis marchas
0-100 km/h: 4,3 segundos
Velocidade máxima: 320 km/h
Tração: integral
Peso: 2.320 kg
Lugares: 4
Fonte: jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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