2 de abr. de 2011

Como transformar uma frota de Audi A3 em carros de competição - no Brasil



Qual o grande sonho de uma oficina mecânica? Provavelmente se transformar em uma equipe de competição capaz de aliar a paixão com o lado profissional, em tempo integral. Os caras da MC Competições lá no Rio Grande do Sul conseguiram o feito. Missão mais recente: preparar nada menos que dezoito Audi A3 para correr na nova categoria brasileira de turismo, a DTCC.

Já falamos aqui sobre a DTCC (Driver Touring Car Cup), um torneio monomarca que terá seis rodadas duplas ao longo de 2011. A primeira etapa será em Curitiba no próximo final de semana (dia 08 a 10 de abril). Para cumprir esse cronograma, a MC Competições trabalhou dias, noites, sábados e domingos desde novembro do ano passado, quando recebeu o primeiro A3 2.0 TFSI Sport e começou a projetar o que poderia ser feito em uma pista de corrida.
Alguns dos requisitos seriam limitadores para a preparação. Os números do 2.0 de quatro cilindros, injeção direta e turbo por enquanto permanecem os mesmos, 200 cavalos e 28,5 kgfm, assim como a presença dos controles de tração, de estabilidade e ABS. A central eletrônica, porém, foi modificada pela Dacar Motorsport para que os parâmetros desses controles fossem elevados, retardando suas atuações. Para o futuro, a previsão é de aumentar a potência para 290 cavalos.

A MC Competições é uma preparadora com três décadas de história no automobilismo gaúcho. Nos últimos tempos, ganhou destaque com carros preparados para provas de endurance (BMWs M3, Volvo C30 e A3 Sportback que merecem posts à parte), uma escola de pilotagem profissional e a criação do protótipo de corrida Tubarão. Conversamos com Carlos Geison de Andrade, o Né, projetista e chefe da equipe, para saber exatamente qual o trabalho feito na frota de A3.
Ali, tudo funciona em família. Sob encomenda da equipe Eurobike, os parentes Né, Carlinhos (João Carlos de Andrade), Tiel (Geciel de Andrade) e Denti (Denis Roberto de Andrade) puderam utilizar o veloz Autódromo de Tarumã para desenvolver um projeto estrutural e mecânico. Tarumã, na região metropolitana de Porto Alegre, é das poucas pistas brasileiras com curvas de alta velocidade, e uma das melhores para esse tipo de programa. Definido o pacote de modificações, as instalações da oficina em Campo Bom, também nos arredores da capital gaúcha, tiveram o privilégio de receber um tentador lote de dezoito A3 zero km, já despidos das partes que seriam substituídas, como portas, janelas laterais, vidro traseiro, capô, caixas de roda e boa parte do interior.

“Até poucos anos atrás, éramos uma oficina mecânica com uma equipe de corrida. Hoje, 95% do nosso trabalho está na pista. É um sonho realizado”, conta Né. Sua equipe de 10 técnicos construiu novas gaiolas de proteção no padrão do Grupo N da FIA, sistema de combate a incêndios, substituiu os vidros por acetato e construiu novas portas e capôs de fibra de vidro. O carro também ganhou um novo pacote aerodinâmico, com spoiler, aerofólio e extrator traseiro para maior downforce.

Novos amortecedores e molas foram encomendados sob medida para a KW Suspension, de acordo com as especificações determinadas na pista. Os amortecedores do tipo coil-over oferecem dez opções de ajustes que serão definidos em testes na quinta-feira anterior a cada etapa do DTCC, e padronizados entre todos os competidores, assim como a libragem dos pneus Pirelli PZero do tipo slick de medida 235/645, calçando belas rodas Scorro aro 18. Os ajustes de cambagem, cáster e convergência também mudam conforme a pista.

Os freios a disco permanecem originais, assim como a transmissão manual de seis marchas no tradicional formato H, para separar os meninos dos homens. Mesmo assim, Né estima que os novos carros superam em 6 a 7 segundos os tempos marcados em Tarumã pelos A3 originais, que saem de fábrica já bem-dispostos a acelerar de 0 a 100 km/h em sete segundos, com 235 km/h de máxima.

Isso se deve, além das melhoras na estabilidade e aderência, ao radical alívio de peso, que caiu de 1.335 para 1040 kg. O interior foi todo despido, inclusive o ar-condicionado, e ganhou bancos, cintos de segurança de quatro pontos e coluna de volante de cubo rápido, tudo da Sparco. O piloto também terá um painel de LCD colorido e sensível ao toque da Motec, parte do sistema de data-loggin instalado pela Pro Tune, de Canoas (RS).

Para as seis rodada duplas do DTCC, a MC Competições vai integrar outros quatorze jovens engenheiros no apoio aos competidores. Uma galera que poderá ter o primeiro contato com o desejado universo de corridas e preparação. Não é bacana ver esse tipo de coisa acontecendo por aqui também?

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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