29 de nov. de 2012
Teste: Chevrolet Cobalt LTZ 1.8 Automático – Motor contrasta com a modernidade do câmbio
Coloque-se no lugar da GM: você lança um sedã compacto com tamanho de médio e vê que a recepção a ele foi ótima – as vendas estão quase o dobro do esperado. Mas há uma lacuna de mercado, falta uma opção de câmbio automático de verdade nesse segmento.
Opa, temos uma boa caixa de seis marchas que já equipa alguns modelos. Ótimo! E o motor? Bem, contamos com dois modernos Ecotec, um 1.6 e outro 1.8, ambos 16 válvulas e com duplo comando variável – só que ambos são importados (e caros). A solução? Pegar o que estava na prateleira da fábrica local. No caso, o antigo 1.8 8V que era usado na Meriva. Foi o jeito de “fechar a conta” para que o preço ficasse em níveis competitivos. Nascia o Cobalt LTZ automático.
A primeira reação, pelo menos para quem gosta de carro como nós (e vocês leitores) é procurar o botão de “não curti”. Mas também não dá para dizer “não dirigi e não gostei”. E o fato é que o Cobalt se ressentia de um motor mais potente que o esforçado 1.4 8V das versões mais baratas, incapaz de fazer frente aos 1.6 16V de Nissan Versa e Fiat Grand Siena. Para trabalhar com um câmbio automático, então, nem se fala.
Após uma semana e centenas de km rodados, a conclusão: o Cobalt A/T tem câmbio demais para motor de menos, uma pena em um carro com um acerto de chassi surpreendente. Antes dos elogios, porém, vamos ao que desabonou o sedã. Apesar das mudanças que lhe renderam até o sobrenome Econo.Flex, o motor 1.8 segue fiel às suas (más) características: demora para subir de giro, tem funcionamento áspero em altas rotações e continua a beber bem. Em nosso circuito urbano, a média de consumo ficou em 5,7 km/l de etanol.
É nítido o esforço do câmbio em “acordar” o motor com reduções em subidas e ultrapassagens, deixando claro também que essa transmissão entrega seu melhor quando joga com bem acompanhada, como ao lado do motor 1.8 16V do Cruze. No Cobalt, a GM diz que 90% do torque de 17,1 kgfm está disponível a 2.500 rpm. Verdade seja dita: o sedã agora encara ladeiras com maior propriedade e se mostra mais apto a levar a família para viajar com o imenso porta-malas de 563 litros abarrotado. Mas render 106/108 cv não é mérito nenhum para um motor 1.8, enquanto tem 1.6 batendo na casa dos 130 cv – sem contar os propulsores turbinados. O próprio 1.6 Ecotec da GM rende bons 120 cv.
Contra fatos não há argumentos. E o fato é que o Cobalt automático levou 13,2 segundos para chegar aos 100 km/h em nossas medições, número que piorou quase 1,5 s com o uso do ar-condicionado. Ainda que a proposta do sedã não seja desempenho, quem compra um carro de R$ 50 mil espera um pouco mais de agilidade. O câmbio automático GF6 tem trocas relativamente suaves e espertas. Mudanças manuais podem ser feitas por botões na própria alavanca. Não é o ideal, mas, comparado aos automatizados de Fiat Grand Siena e VW Voyage, o GM está na frente quando o assunto é transmissão. Em sexta marcha, o motor trabalha relaxado na estrada (2.800 rpm a 120 km/h) e o consumo melhora bem: 10,6 km/l de média rodoviária, também com etanol.
Motor à parte, o Cobalt é um carro gostoso de dirigir. Quem o vê com essa pinta de sedã de família mal sabe que ali debaixo se esconde um acerto capaz de surpreender os desavisados. A direção é bem direta, rápida, tem peso correto e boa comunicação com o motorista. A suspensão macia é compensada por bitolas largas, que deixam o sedã bem postado ao solo. O resultado é um carro confortável, que não cansa no trânsito, e ainda manda bem nas curvas. Fora isso, o nível de ruído interno é bastante baixo, o que ajuda a elevar a nota de conforto.
Em relação às versões mais simples, o Cobalt topo de linha pode ser reconhecido pelas rodas com desenho exclusivo, lanternas transparentes e pelo logotipo “AT 6 speed” na traseira, que indica o câmbio automático. Na cabine, a principal novidade fica por conta dos botões no volante para comandar o sistema de som. De resto, o carro não muda. O acabamento é simples, mas bem feito, e o quadro de instrumentos digital confere modernidade ao ambiente. Os bancos são confortáveis. Atrás, dois adultos e uma criança viajam bem acomodados. Só continuo achando o assento do motorista alto demais, mesmo na posição mais baixa, dando a impressão de que estamos dirigindo uma minivan ou um SUV compacto.
Por R$ 49.990, a versão LTZ automática vem completa, sem direito a opcionais. Entre os equipamentos mais importantes, vale destacar os airbags frontais, o ABS, o sensor de estacionamento, o CD player com comandos no volante, Bluetooth e entrada USB, computador de bordo e o controlador de velocidade de cruzeiro. Algumas coisas, porém, remetem à origem humilde do Cobalt, como a ausência de comando “um toque” para os vidros elétricos – nem o do motorista tem o recurso. Também não espere por ar digital, sensores de iluminação ou de chuva, nem por retrovisor eletrocrômico, só para citar alguns itens oferecidos pela concorrência.
Ainda que o motor 1.8 não seja uma maravilha, no fim esse Cobalt fica bem inserido na categoria. Ele tem câmbio automático de verdade, espaço de sobra (para pessoas e bagagem) e uma boa dose de conforto. O pai de família que não tem condições de levar um sedã médio para casa estará bem servido, por um preço até razoável.
Por Daniel Messeder
Ficha técnica – Chevrolet Cobalt LTZ Automático: R$ 49.990
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 1.796 cm3, 8 válvulas, comando simples, flex; Potência: 106/108 cv a 5.400 rpm; Torque: 16,4/17,1 kgfm a 3.200 rpm; Transmissão: câmbio automático de seis marchas, tração dianteira; Direção: hidráulica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira; Freios: discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS; Rodas: liga leve aro 15, com pneus 195/65 R15; Peso: 1.149 kg; Capacidades: porta-malas 563 litros, tanque 54 litros; Dimensões: comprimento 4,479 mm, largura 1,735 mm, altura 1,514 mm, entreeixos 2,620 mm
Medições CARPLACE – valores entre parênteses se referem ao teste com ar-condicionado ligado
Aceleração
0 a 60 km/h: 5,4 s (5,8 s)
0 a 80 km/h: 8,9 s (9,8 s)
0 a 100 km/h: 13,2 s (14,6 s)
Retomada
40 a 100 km/h em Drive: 10,8 s (12,2 s)
80 a 120 km/h em Drive: 10,5 s (11,7 s)
Frenagem
100 km/h a 0: 41,4 m
80 km/h a 0: 25,1 m
60 km/h a 0: 14,0 m
Consumo
Ciclo cidade: 5,7 km/l
Ciclo estrada: 10,6 km/l
Números do fabricante
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,9 s
Consumo cidade: N/D
Consumo estrada: N/D
Velocidade máxima: 170 km/h
Fonte: Carplace
Disponível no(a): http://carplace.virgula.uol.com.br
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