A experiência e o tempo são coisas mágicas. Elas fazem aflorar o melhor de nós em quaisquer coisas que nos propusermos a fazer. Quando João Alberto S. Pensa resolveu montar este Ford Focus GLX, vários outros Fords já haviam servido de “laboratório” para suas tentativas e experiências. Agora parece que acertou na receita.
Formado em engenharia automobilística, o cara entende do assunto e procurou conhecer muito bem o modelo que lhe serviria de base para desenvolver o seu projeto automotivo dos sonhos. O carro foi comprado de um amigo e João já conhecia cada pedaço do Focus, o que facilitou na escolha dos upgrades que seriam instalados. Ele deveria ser principalmente confiável, e isso deveria estar aliado à uma boa suspensão e freios decentes. Dinheiro não nasce em árvores, mas a prioridade eram os produtos renomados e de qualidade atestada. O investimento foi relativamente alto.
Um motor Duratec 2.0 16v novo foi encaminhado às mãos do experiênte preparador Juan Ibañez que tratou logo de abri-lo por completo e jogar as peças originais fora. Um jogo de pistões forjados da IASA casaram com um jogo de bielas forjadas da TFC para garantir que mesmo em altas rotações a integridade do bloco fosse mantida. Por se tratar de um projeto aspirado, a subida de giros deveria ser favorecida e foi aí que entrou a dieta do volante do motor. Com todas as peças internas balanceadas e as polias pinadas, era hora de pensar no cabeçote.
O cabeçote original sofreu um leve desbaste e teve seus dutos polidos para a melhoria do fluxo dos gases. Um comando sul-africano da SWR de 280º foi instalado dado à experiência que João teve com este produto em outros carros, assim “não foi preciso inventar a roda” – disse ele. Todo ar admitido vem de um filtro de espuma da InFlow de alta vazão e baixa restrição. A alimentação conta com quatro bicos herdados do Ford Fusion que alimenta o Duratec com álcool. A ignição conta com velas Denso Iridium de grau térmico 8 e tudo é comandado pela central Visteon reprogramada com primazia pela TEC Motorsport de Sorocaba/SP.
O coletor de escape veio da SWR e trata-se de um 4x2x1 confeccionado em aço inox com tubos de 2,5″ e dois abafadores livres. Nesta configuração e com o motor ainda em amaciamento, o Focus rendeu 194 cv @ 6.000 Rpm nos rolos da TEC.
Para a transmissão, João pensou em algo simples, de fácil acesso e que permitisse uma melhor resposta. Foi então que o câmbio IB5+ foi aberto e teve as relações de 3ª a 5ª marchas substituidas por engrenagens do Ecosport. A resposta agora é mais ágil em uma faixa maior de rotação e as marchas mais utilizadas nos Track Days mantêm sempre o motor no melhor regime de giros para as saídas de curvas, aproveitando todos os 24,2 Kgf/m @ 5.500 Rpm de torque disponíveis.
Com motor e câmbio definidos, coube à criatividade, conhecimento e imaginação de João o acerto da suspensão e freios. Da Ford Racing vieram mangas de eixo, cubos, pinças e discos de freio de 278 mm. Todos os flexiveis foram substituidos por mangueiras do tipo aeroquip que suportam melhor as altas temperaturas e o stress das pistas. Novas pastilhas EBC Green foram instaladas e são responsáveis pelas frenagens seguras. Os freios traseiros continuam a tambor, mas cumprem satisfatoriamente seu papel tendo demonstrado isso em Curitiba/PR, Jacarepaguá/RJ e, recentemente, em Capuava/SP onde fez o tempo de 1:48.6 minutos. Certamente não faltou diversão.
A suspensão contou novamente com o suporte técnico da TEC Motorsport, onde foram definidas as aquisições dos amortecedores de altura regulável com mola incorporada (coilover) da KSport, barras estabilizadoras dianteira e traseira da Eibach mais espersas. Um jogo completo de buchas para a suspensão confeccionadas em poliuretano pela Prothane asseguraram que a extra-rigidez do conjunto estaria feito!
Conhecimento, cálculos e criatividade também foram utilizadas na confecção de uma placa montada na suspensão dianteira entre o pivô e a bandeja. Esta placa proporcionou ao Focus uma cambagem negativa em 3,5º com o adiantamento de 4,5º no cáster, fazendo com que as reações ao volante ficassem extremamente diretas, permitindo total controle sobre o carro.
O papel da suspensão é devidamente amparado pelo conjunto de rodas e pneus selecionados a dedo para o Focus. Um belo jogo de rodas Enkei EV 5 bronze, de medidas 7,0×17″, calçam um jogo de grudentos pneus semi-slick Toyo R888 de medidas 205/50-17″, seja para rua ou pista. Esteticamente o Focus recebeu ainda o envelopamento do teto em preto brilhante para um visual mais harmonioso.
Internamente o carro é quase todo original. Nenhuma manômetro à vista ou partes faltantes. Apenas um singelo shift-ligth foi incrustado no painel e só aparece quando as rotações atingem 7.500 Rpm. A única coisa que realmente chama a tenção é o banco Cobra instalado para segurar com firmeza o piloto mesmo nas curvas mais fechadas.
Com o conjunto completo, João agora quer dedicar-se ao acerto fino do carro. Correr track days faz parte das maratonas às quais o Focus será submetido. Tem maneira melhor de se acertar? Acho que não.
Fonte: jalopnik.
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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