Numa sala escura que me faz lembrar o cenário do filme Blade Runner,
um genuíno piloto de testes de LMP2 chamado Thomas faz algumas
perguntas estranhas. “Você está em forma? Comeu recentemente? Precisa ir
ao banheiro?”
Não exatamente. Não me lembro. Não precisava até agora.
“O volante pode ficar até 70kg mais pesado nas curvas
e o pedal do freio fica até 200kg mais pesado em velocidade de corrida.
Você também experimentará cerca de 2G de força lateral nas curvas,
então você precisa estar em forma para controlar o carro.”
“E se você comeu alguma coisa, é melhor esperar um
pouco – cerca de 4% das pessoas vomitam. E não olhe para as telas
laterais. Elas projetam 300 quadros por segundo para passar a sensação
de velocidade, e elas fazem algumas pessoas se sentirem mal. Isto também
pode fazer você querer… usar o banheiro.”
Estamos na I-Way em Lyon, França. É um complexo de
R$14.2 milhões, lar de simuladores profissionais de corrida que juntos
custam R$14.2 milhões. Há 18 deles no total – seis carros de F1, seis
carros de rali e seis carros de “endurance” – e todos são únicos, além
dos simuladores da Ferrari World em Abu Dhabi.
E eles não são apenas um brinquedo de parque de
diversões – a aparência é perfeita. Três salas acomodam cada grupo de
seis “consoles”, todos baseados em carros de verdade.
A área de F1 tem seis simuladores BRD, que são muito
parecidos com o Toyota TF108 de 2008. Eles possuem um chassi monocoque
feito de um composto de fibra de vidro e de carbono, volante removível,
assento Nomex de F1 e cinto de seis pontos.
A sala de rali também tem seis modelos igualmente
convincentes. São carrocerias genuínas de Citroen C2 pegas da linha de
produção (sem o motor) e modificadas para parecem-se com carros da
Junior World Rally Championship. E tem os carros de “endurance” – eles
têm um chassi Dallara de verdade com as carrocerias feitas a partir de
um molde do Pescarolo C60 Courage.
Por baixo, cada carro está preso a uma plataforma
eletrônica Cruden Hexatech que permite seis ângulos de movimentos, que
jogam os carros para todo tipo imaginável de direção para criar a
sensação de inclinação, mudança de rumo e rotação quando o motorista
acelera, freia e faz curvas.
Isto, então, é coisa séria. E poderia explicar por
que fomos forçados a usar um macacão de corrida, calçados de corrida
bobos aprovados pela FIA e por que nossos instrutor, Thomas, é bem
qualificado para explicar o funcionamento de algo que é, aparentemente,
um videogame.
Ele termina a obrigatória reunião de 10 minutos e nos
leva para o que ele considera a coisa mais próxima a um carro de F1 que
um humano comum pode comandar…
Após ter entrado no cockpit, seis braços hidráulicos
gigantes jogam-me 72 centímetros para cima com uma força alarmante.
Contemplando três enormes telas de TV, Thomas ajusta os dois pedais – um
para acelerar e outro para frear – ajusta o cinto e diz: “Este é o
botão de emergência. Pilotar estes simuladores pode ser desconfortável –
se ficar muito desconfortável, aperte este botão e ele irá desligar.”
“Você tem 7 marchas, câmbio com acionamento por
borboletas, nada de embreagem, 811 cavalos e nada de ABS. Isto
comporta-se como um Fórmula 1 de verdade, então tente encontrar o
traçado mais curto nas curvas, freie com força, acelere com força e
tente não bater.”
Não sei se foi o preâmbulo convincente ou o fato de
eu estar sentado numa réplica de F1 muito convincente, mas estou um
pouco apavorado.
Ouço muito bipes, então os 100 decibéis claros e
ensurdecedores do som do motor são repoduzidos diretamente na minha
cóclea. Ao mesmo tempo os tentáculos hidráulicos, que foram
originalmente projetados para simuladores de treinamento de vôo,
gentilmente massageam meu cóccix enquanto a tela carrega.
Estamos andando na pista de corrida – pode-se
escolher dois circuitos, este (que não é baseado numa pista de verdade –
as licenças são caras demais) e um traçado lunar com gravidade reduzida
– e estamos prestes a embarcar em três minutos de classificação antes
da nossa corrida de sete minutos.
Após uma tela branca ofuscante, as telas revelam a
qualidade gráfica da I-Way. É convincente, mas não possui a riqueza de
detalhes de um Forza…
Mas este lugar não foca apenas na visualização – a
aliança entre o que se vê e o que se toca é fantasticamente realista.
Você se sente um pouco desconfortável. É barulhento demais. E tudo é
extremamente intimidante.
As luzes de largada ficam verdes, você toca no
acelerador, e o carro inteiro move-se para trás. Troque de marcha e você
sente um “chute” forte na parte de baixo das costas, e as batidas são
incrivelmente horrendas, como imaginamos que devam ser na vida real.
Quando a frente do carro encontra a barreira de
proteção, a plataforma joga a frente do carro para o chão, empurrando
seus ombros contra o cinto. Junto com a plataforma lançando-o para uma
rodada simulada, as telas lançam toda a sensação desconcertante e
nauseante aos seus olhos com tal realismo que você passa a acreditar na
preocupação do Thomas quanto ao vômito.
Para o bem e para o mal, ele é perfeitamente
envolvente. E o mesmo pode ser dito para os simuladores de rali e de
LMP1. Mas o mais impressionante é ver com seus próprios olhos após ter
experimentado – os ângulos que cada carro alcança na plataforma não
parecem ser nem um pouco extremos quando você está realmente “dirigindo”
o carro. Isso, claro, é um claro indicador de um simulador
bem-sucedido.
Então, quanto custa esta sensação tão próxima de dirigir um Fórmula 1? E arriscar rever seu almoço uma segunda vez?
Três minutos de classificação e sete minutos de
corrida num carro de F1 custa R$213,00 enquanto os preços para os carros
de rali e LMP1 saem por R$177,50.
É caro.
Mas não chegam nem perto da Lotus T125 de R$1.8 milhão que o Jeremy guiou na 17º temporada. E Jean Alesi não brincará com seus genitais.
Para saber mais, visite o site da I-Way.
Fonte: TopGear.com
Tradução: John Flaherty
Tradução: John Flaherty
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