21 de mar. de 2012

Como sobrevivi a uma das provas mais duras do automobilismo junto com um intelectual



Um dos mais duros testes de resistência física e talento ao volante do planeta, o Baja 1000 (um rali disputado na Península da Baixa Califórnia, no México) é o último lugar no qual você espera encontrar um europeu com uma queda por cachecóis. Mas no final do ano passado, foi exatamente isso o que fez o recordista transcontinental Alex Roy.

A corrida é tão difícil que Roy se borrou todo.
Alex se inscreveu na prova como o navegador do amigo de longa data do Jalopnik e também europeu Michael “Skiny” Power. O evento mexicano marcou o lançamento de seu novo projeto, o Gentleman’s Guide to Racing, uma série de programas e livros dedicados à experiência das provas mais empolgantes do planeta. A próxima parada é o Targa Nova Zelândia, em um esforço para trazer corridas de lugares longínquos ao alcance dos meros mortais.
Este texto foi atrasado por uma tentativa de sequestro que fez com que o vídeo que você vê aqui ficasse detido em terras chicanas. Foi preciso uma viagem de volta a Baja e um punhado de verdinhas para finalmente trazer a prova de que Alex fez bom uso de seu tubo de urina.
Logo depois de seu retorno, nos sentamos com Skiny para relembrar histórias e contar piadas de nosso amigo em comum.
“Eu não tinha muito respeito por Alex quando começamos”, explicou Skiny, que encontrou o falso policial pela primeira vez em Gumball muitos anos atrás. “De longe, achava que ele era um idiota. Mas, comparado com todos os pilotos roliços e encharcados em perfume do Gumball, ele estava se divertindo e era rápido”.

Para o seu teste, fomos a Barstow em nosso carro da categoria 16. “Eu disse a ele que vestisse algo apropriado e ele surgiu com uma camiseta de casamento cubano. Mas, dentro do carro, chegamos a uns 130 km/h e passamos por uns apuros. Surpreendentemente, ele começou a rir tão forte que foi contagioso. Nós dois detonamos os níveis de som de nosso gravador. Eu soube ali que se ele podia curtir tanto aquilo, nós precisávamos treiná-lo para se tornar um navegador”.
“Cinco dias antes da prova, paramos para uns tacos antes do reconhecimento”, continuou Skiny em um ambiente vazio de um restaurante mexicano. “Então, os três dias seguintes passam como uma disenteria em um navio pirata. Nosso fotógrafo vomitou pelo menos 100 vezes. E só de pensar que eu saí disso para a melhor forma que já estive na vida e o mais focado que já fiquei para esta prova, foi difícil”.
Abaixo está o relato de Skiny dos acontecimentos:
“Nos entrevistaram antes da corrida e perguntaram, ‘Estão com medo?’ Eu acho que nunca vi um piloto responder esta pergunta com honestidade. Nós estávamos totalmente amedrontados. Você teme fracassar, bater nos primeiros cinco quilômetros, ser atingido por trás, capotar por causa de um cara super agressivo”.

“Correr os primeiros 150 quilômetros do Baja foi como participar de uma carnificina. Havia carros de cabeça para baixo ou atolados por toda a parte. É claro que não paramos por causa de nenhum deles, então, quando ficamos presos em um poço de silte, não esperávamos que ninguém fosse parar para nos ajudar. E assim foi. Acho que escolhemos uma das corridas menos cavalheiras para começar. Baja é o c* do automobilismo”.
“Depois que partimos, em nenhum instante minha atenção foi para algo que não fosse a próxima curva. Entre os quilômetros 790 e 965 há este trecho super rápido sobre um precipício. Eu tenho um pouco de experiência em rali, então achei que ali era o lugar onde tiraria alguns segundos. Todos os caras no centro de imprensa estavam de olho na gente, o carro 1607. Aparentemente chegamos 30 minutos mais rápidos que qualquer outro, com quedas de 150 metros a cada curva. E Alex, assim como um comportado copiloto escocês, seguia, ‘esquerda 4 em desnível, curva fecha…’ coisa séria. Entre todos os copilotos do Baja,ele provavelmente ficou no carro mais tempo do que qualquer outro, e isto é incrível. Um cara de Nova York, que só acampou uma vez na vida, e nos jardins da mansão de um amigo. Saiu disso para um lugar onde eu faço o jantar com uma faca de caça para dormir em um trailer no meio do deserto”.

“Ao chegar aos últimos 80 quilômetros da corrida, nós dois estamos à beira do limite. Tudo o que conseguia ouvir de Alex, cada vez que pegava uma lombada, o que acontecia quatro vezes por segundo mais ou menos, era, ‘Uhhh, ugh, uhhh’. Eu perguntava se estava bem e ele só dizia ‘Sim, continua’, até que finalmente ele começou a dizer ‘Nós temos que parar o carro, eu vou me borrar todo.’ Mas estávamos correndo, não podíamos parar. A embreagem fazia um som engraçado, estávamos congelando e ao mesmo tempo suando. Eu vomitava e engolia meu próprio vômito, mais ou menos a cada dois minutos. Alex teve que desligar seu rádio porque o som dos vômitos estava alto demais. Quando saltei no final, me filmaram vomitando umas 10 vezes. Foi mais difícil do que eu imaginava ser possível.”
“Se você acompanhar história por história no site do GGTR, você será capaz de completar o Baja sem a ajuda de ninguém. Nós contamos como comprar o melhor trailer para a prova, o engate certo, onde procurar um carro bacana, quanto custa essa brincadeira. No final, tudo isso deve dar luz a uma série de livros e alguns vídeos.”

Apesar do curioso gosto ao se vestir, Skiny agora respeita Roy.
“Agora tenho muito respeito por Alex Roy. Não achava que ele seria tão bom ou tão resistente quanto foi. Mas ser resistente durante o Baja 1000? Terminar? Isso sim é ser duro na queda.”
Fonte: jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br/
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