O Brasil experimentou uma revolução em 1990, quando o então presidente Collor declarou seu desprezo por nossos carros, ou melhor, nossas carroças. Com os portos fechados para importações desde 1976, impedindo que qualquer tecnologia estrangeira entrasse no país, graças à ditadura militar, as montadoras viam-se obrigadas a trazer maquinários escondidos em bagagens para evoluir minimamente o mercado nacional. Anos antes de sofrer impeachment, Collor percebeu a situação da indústria nacional e abriu os portos.
Apesar
disso, disse que, como nossos carros eram carroças, os brasileiros da
época deveriam aderir aos carros soviéticos, cujo país só seria dividido
um ano depois. Estes seriam os primeiros a desembarcarem no Brasil.
Ironicamente, todos eles contavam com mais de uma década de mercado
– assim como os carros brasileiros. Apesar disso, tinham uma inegável
fama de inquebráveis e de valência, como o Lada Niva, adorado pelos fãs
de off-road até hoje.
Além dos carros
da União Soviética, vieram muitos outros. A atitude do governo deixou
margem para diversas montadoras explorarem um país gigantesco com
mercado ávido por novidades. Se fosse possível voltar no tempo, você
poderia ficar no Aeroporto de Campinas no fim da tarde, vendo carros
saindo do avião como se fossem bagagens. Era tudo novo! Todos queriam um
pouco de Europa, Estados Unidos, Suécia…
Veja,
a seguir, dez exemplos de carros e fabricantes que chegaram por aqui
ou voltaram ao país naquela época, e que logo geraram diversas reações
por parte das montadoras nacionais. Soou como déjà-vu? Está acontecendo a
mesma coisa atualmente, em 2012, com os chineses entrando no mercado.
Seriam muitos exemplos, mas selecionamos 10. Lembrou de mais casos?
Compartilhe conosco nos comentários!
1 – Saab (Suécia)
A
montadora, que atualmente está em concordata seguindo para extinção,
chegou no Brasil em 1990, importada da Suécia pela própria General
Motors. Os luxuosos e bem acabados sedans e conversíveis não vingaram no
país, devido a baixa rede autorizada. Alguns (muito poucos) podem ser
encontrados a venda como clássicos, e com preços bem inflados. Entre os
principais modelos estava o 9000 CD, um sedan com design de forte
personalidade, como todo Saab da década de 1990.
2 – Alfa Romeo 164 (Itália)
Muitas
montadoras foram trazidas por marcas nacionais. Não foi diferente com a
Saab, muito menos com a Alfa Romeo, que já havia produzido por aqui o
sedan 2300 até 1986 e retornou em 1990 sendo importada pela Fiat, dona
da marca italiana. Todos os holofotes se voltaram para o 164, sedan
topo-de-linha da marca. Suas linhas esportivas e retas, assim como suas
lanternas finas e retas, deram ao sedan linhas marcantes e que até hoje
dão ares de alto luxo.
3 – Chevrolet Lumina (EUA)
Enquanto
a primeira van nacional chegava ao mercado, a Grancar Futura (feita por
uma rede de concessionárias da Ford), fortemente inspirada no então
exemplo mundial Renault Espace, a GM trazia ao Brasil esta minivan
futurista, com ajuste pneumático das suspensões, longo pára-brisas
panorâmico e interior aconchegante. Uma Grand Picasso dos anos 1990.
Também pode ser encontrada por aí como Pontiac Trans Sport.
4 – Mercedes-Benz 190E (Alemanha)
O
sedan alemão era um padrão de luxo. Não era tão bonito quanto o Alfa
164, mas era chamativo. Era robusto. Era um Mercedes. Produzido na
Alemanha, o sedan era luxuoso e tecnológico. Para a época. Hoje ficaria
aquém de qualquer carro da marca. Mesmo assim, em um país onde a maioria
dos carros sequer tinha ar-condicionado, era um bom começo. Outras
marcas alemãs como BMW e Audi também aproveitaram a deixa para ingressar
no mercado brasileiro, onde modelos como o Serie 3 e o A4 vendem bem
até hoje.
5 – Mazda (Japão)
A
Mazda chegou por aqui com uma linha respeitável. O sedan Protège era de
design discutível, mas o esportivo MX-3, o pequeno conversível Miata e o
sedan de luxo 626 ajudaram a construir uma boa imagem para a Mazda, que
saiu do país em 1998 devido ao aumento da taxação para os importados,
assim como muitas outras montadoras.
6 – Jeep Grand Cherokee (EUA)
Dentre
os modelos que a Jeep trouxe para cá, o Grand Cherokee foi o mais
marcante. Seu design inesquecível e de bom gosto, seu interior luxuoso,
além de ser a semente do conceito de SUV no Brasil, e por que não seu
consumo de 4 km/l na cidade, foram alguns das razões de ser o sonho de
consumo da classe alta brasileira na década de 1990.
7 – Suzuki Swift (Japão)/Geo Metro (EUA)
O
Swift era um hatch pequeno de duas portas e de comportamento nervoso.
Seu design era chamativo, embora discutível. Era como qualquer carro
nipônico dos anos 1990: diferente, com linhas simples mas sempre com
algo a mais. Era o caso de suas lanternas horizontais na traseira.
Moscas brancas como o Swift conversível e o Swift Sedan também chegaram
ao Brasil na época, assim como o clássico Vitara.
Junto
dos Suzuki vieram algumas unidades do Geo, uma subsiária da GM criada
naquela década para vender carros low-cost nos EUA. A história da marca
no Brasil é um tanto borrada, já que seus carros chegaram por aqui de
forma independente. O Geo Metro era um Swift com nova dianteira. Os
low-cost da GM também tiveram outras versões vendidas por aqui, como o
Swift Sedan (sob o logotipo da Geo) e o Tracker, um Vitara com o símbolo
da Chevrolet. A geração seguinte do Vitara chegou a ser fabricada na
Argentina mas após a Suzuki sair do Brasil (em 2001) foi vendida por
aqui como Chevrolet Tracker até 2009.
8 – PSA (França)
A
união entre Peugeot e Citroën surgiu no final da década de 1970, e
chegou ao Brasil por caminhos distintos. A Citroën chegou pelo Sérgio
Habib (que hoje traz JAC, Aston Martin), no melhor estilo da marca, com
carros tão modernos que eram considerados estranhos. O XM, até hoje
raríssimo, tinha um design futurista e um volante que lembrava os da F1.
Outras raridades como o hatch AX também chegaram a vir para cá em lotes
reduzidos. O hatch esportivo ZX fez muito sucesso pelo seu desempenho e
design. Ao longo dos anos, vieram o Xantia, com ajuste para as
suspensões, Xsara e Xsara Picasso, este último “Made in Brazil”.
Já a Peugeot chegou por aqui com o 205, um hatch conhecido pela sua presença em diversos rallys internacionais devido a sua suspensão independente nas quatro rodas. Sua versão civil, no entanto, era bem europeia. Linhas retas e simples, com uma traseira fria e um interior eficiente, além de vários equipamentos de série e um desempenho impressionante. O primeiro 106 também tinha essa fórmula, mas era o hatch de entrada da Peugeot. Com uma maçaneta à la Mille duas portas, vendeu pouco, ao contrário de seu sucessor de 1999. O sedan 405 e a picape 504, com design dos anos 1960, também figuravam na linha Peugeot.
Já a Peugeot chegou por aqui com o 205, um hatch conhecido pela sua presença em diversos rallys internacionais devido a sua suspensão independente nas quatro rodas. Sua versão civil, no entanto, era bem europeia. Linhas retas e simples, com uma traseira fria e um interior eficiente, além de vários equipamentos de série e um desempenho impressionante. O primeiro 106 também tinha essa fórmula, mas era o hatch de entrada da Peugeot. Com uma maçaneta à la Mille duas portas, vendeu pouco, ao contrário de seu sucessor de 1999. O sedan 405 e a picape 504, com design dos anos 1960, também figuravam na linha Peugeot.
9 – Lada (União Soviética e, posteriormente, Rússia)
Foi
a primeira montadora “estrangeira” a desembarcar para o Brasil. E havia
sido a escolhida pelo governo para representar o início das
importações. Pode não ter sido uma escolha adequada… Dentre tantos
modelos da Cadillac, Buick e Maserati no Salão de São Paulo, a Lada era
uma montadora soviética com carros da década de 1970 e 1980. O segredo
deles era, no entanto, uma durabilidade sem igual, requisito obrigatório
em países comunistas.
O
sedan Laika, além de sua versão perua, homenageava a cadela que foi
lançada no espaço sideral na década de 1960 pela União Soviética, quando
o ex-país testava a nocividade do universo para os seres terrestres. O
hatch Samara, raro até hoje (supostamente pela qualidade duvidosa), era
uma opção compacta. Já o Niva era um jipe off-road que fez sucesso em
várias competições internacionais e é produzido até hoje (!). Com o
passar dos anos, a Lada vendia apenas o Niva por aqui, já que muitos
amantes das trilhas o consideravam a melhor escolha para enfrentá-las. A
Lada permaneceu no país até 2002. De tempos em tempos ressurge o rumor
de que ela irá voltar ao Brasil… Mas há um importador em São Paulo que
traz o modelo por encomenda.
10 – Ferrari (Itália)
Essa
não poderia ficar de fora. O primeiro modelo a ser comercializado por
aqui foi a F40, considerada até hoje um ícone da marca. Tanta potência
combinada a uma cabine tão espartana quanto um carro soviético, foi a
estrela do Salão de 1990. A carroceria marcante pelo design e pelo
aerofólio gigante e o motor traseiro só reforçaram a imagem premium da
Ferrari por aqui. Hoje, a Ferrari já vendeu milhares de carros no
Brasil, após 22 anos presente em solo brasileiro. E continua sendo um
ícone quando se trata de superesportivos.
Disponível no(a): http://www.novidadesautomotivas.blog.br/
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