15 de abr. de 2011

Uma marca, um carro, parte 1: BMW 135i



É tão pequeno. Comparado ao M3 então, torna-se minúsculo: entre-eixos 10 cm menor, 22 cm mais curto, 3,5 cm mais estreito. O espaço interno é suficiente para dois adultos e dois recém-nascidos. Olhando-o de perfil, você vê que ele é desproporcional: o volume do teto é curto, porque a plataforma foi projetada para um hatch. É um coupé forçado.

Ele é maravilhoso. Porque é um lembrete do que é a essência da BMW em seus anos de ouro – tanto que, em sua campanha, a própria marca o usou junto com o M3 da geração E30, que era igualmente compacto. E para agradar aos puristas, usa um motor seis em linha – tudo bem, turbinado – em oposição ao V8 que o M3 adotou de alguns anos para cá. E é um dos carros mais incríveis que eu tive a sorte de guiar.

O que mais gosto nele é saber que ele foi estrangulado pela fábrica, para não derrotar o irmão mais velho – e mais caro. Algo similar aconteceu com o Porsche Cayman, que tem uma concepção mais moderna, com motor central-traseiro. O piloto de testes da casa de Stuttgart, Walter Rohrl, chegou a declarar que o baby Porsche era melhor e mais equilibrado que o 911 em vários setores de Nürburgring Nordschleife – e aí entendemos por quê nunca será lançado um Cayman GT2. Pelo mesmo raciocínio, a versão M do 135 tem apenas 34 cavalos a mais sobre o original (340 e 306 cv). Bem, se você quer pegar um BMW para preparar, já sabe que o segredo é a série 1.
Se você ler as especificações do motor, vai sentir que ele foi um pouco estrangulado. É um seis em linha, com três litros, sistema variável Valvetronic, injeção direta de combustível, turbinado e… 306 cavalos a 5800 rpm. Tudo bem, motores turbinados tendem a usar perfis de comandos de válvula que levem a giros mais baixos, mas o Nissan GT-R, por exemplo, tem 0,8L a mais e gira 6400 rotações por minuto. O seis em linha da M3 E36 Euro já gerava 321 cavalos a 7000 rpm – aspirado! Há quase vinte anos!
Puxa, alguém se candidata a extrair 100, 150 cavalos a mais de um 135i? Num motor turbo, isso não é difícil. E olha: ele já faz o 0 a 100 em 5,2 segundos. Imagine o estrago com mais potência e pneus tipo track day?


Outra coisa bacana é que este motor gera estúpidos 40,7 mkgf de torque desde 1.200 rpm – uma das vantagens do perfil de comando mais manso. É este o dado que transforma o 135i em um pequeno assassino. Em qualquer saída de curva, ele já está com o torque máximo disponível. E daí você lembra da distribuição de peso de 50-50, sente-se vestido com a ergonomia à la terno sob medida (BMW, Audi e Porsche são os melhores nisso!), aquele volante pequenino, câmbio tipo borboleta, e seu pé direito vai ficando mais pesado… e é bom você tomar cuidado pra não fazer bobagem.

Se há um pênalti para este monstrinho – fora o preço de quase R$190 mil – é o seu peso, de 1530 quilos. O baixinho é uma criptonita, exatamente 150 kg mais pesado que uma Ferrari 458 Italia, que é bem maior e tem um motor V8. Claro que a italiana usa e abusa de materiais nobres, como magnésio, fibra de carbono e kevlar, mas se um Kia Koup pesa 1242 quilos, acho que os bávaros poderiam ter passado um pouco mais de faca no 135i, não acham?

Pude guiar o 135i em uma estrada sinuosa que sai da Castello Branco, em direção a Pirapora de Bom Jesus. A forma como ele engolia as retas, estancava na frenagem e apontava nas curvas como um kart, tudo acompanhado daquele berro rouco dos seis em linha, é para jamais se esquecer. Existem carros mais rápidos, mas poucos são mais divertidos. Este BMW é o meu favorito, provavelmente de todos os tempos. Talvez porque nunca andei em um M3 E30? Pode ser isso.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/

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