25 de mar. de 2011
Impressões viscerais: Ferrari F430 Spider
“Meus carros são feitos para andar rápido, o resto não importa”. Com essa frase de Enzo Ferrari na cabeça fui ao encontro de um dos ícones da marca: a F430 Spider. Vermelha, claro, me aguardava bem em frente à loja.
O tempo nublado subitamente deu lugar a um sol tímido, que se esgueirava por entre as nuvens.
A versão Spider chegou ao mercado em 2005, com os traços do Estúdio Pininfarina e carroceria de alumínio. No Brasil não temos uma cultura de automóveis conversíveis, em grande parte por causa da insegurança, mas na Europa e nos Estados Unidos eles são sinônimo de sucesso. A capota elétrica faz toda a operação em vinte segundos.
Abri a porta e me acomodei no cockpit. O assento é confortável e a posição de dirigir baixa, mas sem atrapalhar o campo de visão. Um dos destaques da máquina é o manettino no volante, como nos carros da Fórmula 1. Através dele é possível ajustar o setup do carro em cinco posições e até desligar todos os recursos eletrônicos. A opção Sport me pareceu a mais conveniente no momento.
Silêncio no ar. Girei a chave, o sistema fez um rápido check control e mostrou um OK no painel. Pressionei o botão vermelho durante alguns segundos e, na mesma hora, o lado direito do cérebro, responsável pelas emoções, passou a tomar conta do restante do corpo. Uma bombada no acelerador e a sensação de ansiedade fez o coração disparar.
O esportivo é equipado com o câmbio F1, de seis velocidades. Essa transmissão é automatizada, com embreagem eletrônica, e trabalha de forma perfeita, trocando as marchas automaticamente ou através das borboletas no volante. Apertei a tecla no console e deixei no modo manual, para sentir a mecânica nas mãos, literalmente falando.
Conseguir um espaço no trânsito é muito mais fácil em uma Ferrari. Quem conhece a Avenida Europa, em São Paulo, sabe que tem congestionamento a qualquer hora do dia. Mas foi só apontar o carro para que os outros motoristas dessem passagem prontamente. Agradeci e segui em frente.
Segunda observação curiosa. Se quiser passar despercebido, desista de algo assim. Numa tarde de segunda-feira, todo mundo nota, desde o motorista do ônibus, passando pelos manobristas até chegar aos motoboys, isso sem falar dos outros carros. Para onde você olha tem alguém com um celular apontando para o bólido.
Em meio ao trânsito parado a F430 se sente como um animal enjaulado, raivoso, bufando e querendo espaço para esticar os músculos. A impressão é que ele quer se libertar, gritar alto para espantar quem estiver à frente e engolir o asfalto com fúria.
Entramos no túnel, e a precisão do câmbio é incrível. Basta tirar levemente o pé do acelerador a cada troca, para evitar trancos, e a sensação é que o torque nunca acaba. Encontrei um espaço vazio. Chegamos na quarta marcha, terceira, segunda e uma pisada de leve fez o motor subir de giro e ecoar no espaço fechado de forma fantástica.
A máquina traz o motor V8, de 4,3 litros e 490 cv. O torque é de exatos 47,4 kgfm, 80% dele disponível a baixíssimos 3.500 giros. Para quem gosta de números, o 0 a 100 é feito em 4 segundos e a velocidade máxima bate nos 310 km/h. Muita coisa para lidar em apenas duas horas.
A aceleração é algo brutal, empurra o corpo com força contra o banco e faz o ponteiro do conta-giros rapidamente espetar as 8 mil RPM. Durante as trocas o som do conjunto mecânico causa calafrios, é intenso, e a cavalaria parece não ter fim. Nas reduções o sistema faz o punta-taco, acerta o giro e os discos de cerâmica da Brembo freiam de um jeito que poucos mortais estão acostumados a encarar.
O acerto do carro, que gruda no chão e garante uma estabilidade fantástica, é fruto de pura engenharia. A máquina traz o E-Diff, o diferencial eletrônico, que distribui o torque para as rodas de maneira uniforme. A versão européia ainda é equipada com o tentador controle de largada.
Vale destacar a sinfonia do motor trabalhando. Uma verdadeira orquestra muito bem afinada, com momentos únicos de notas graves e agudos estridentes que ecoam pelas paredes, no caso as ruas, de maneira singular. E também como um belo concerto, essas sensações ficam gravadas em nossa memória de forma permanente. Bravíssimo!
Exemplar cedido para a matéria pela Só Veículos
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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