Fabricante japonesa privilegia o torque, mas não deixa a potência de lado na MT-09 com motor tricilíndrico
Raphael Panaro
Auto Press
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A Yamaha recorreu à cultura
“underground” do Japão para apresentar – como ela mesma classifica – um
dos seus principais produtos em muito tempo. Lançada no ano passado, a
nova motocicleta atende pelo nome de MT-09 e teve o visual inspirado no
“lado negro” do país oriental – expresso nas insanas corridas de drift e
nas estapafúrdias motos customizadas das ruas de Tóquio. A moto une
elementos de naked e de motard e traz um pequeno painel de instrumentos
digital e lanternas de leds. O “detalhe” fica na dianteira, em cima do
farol, onde há a sensação da falta de uma parte da carenagem. E na
verdade falta mesmo, já que a peça é vendida como acessório. Com a
etiqueta de 7990 euros na Itália – cerca de R$ 26,5 mil –, o objetivo da
MT-09 é entrar no segmento de grande porte, que cresceu mesmo durante a
grave crise que atinge a indústria europeia. Mas o modelo não deve
encontrar vida fácil e a concorrência deve ser acirrada com a Kawasaki
Z800, Ducati Monster, BMW F800 R, Triumph Street Triple e MV Agusta
Rivale 800.
Apesar do design inspirado, a grande
estrela da MT-09 é o motor. Feito todo de alumínio, seu foco principal é
na entrega de torque – ressaltada pelas letras MT ou “Masters of
Torque”. Com duplo comando no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e
injeção eletrônica, ele tem capacidade de 847 cm³ e desenvolve 115 cv a
10 mil rpm, além 8,9 kgfm a 8.500 giros. A força é gerida por um sistema
eletrônico – chamado Yamaha D-Mode –, que fornece três ajustes para o
acelerador: um normal, outro que libera toda a potência e um terceiro
mais “amansado”. Este propulsor, inclusive, deve ser adotado pela
fabricante japonesa em outros modelos.
O chassi também é inédito e não foi
derivado de nenhum modelo existente na gama da empresa. A proposta foi
criar uma moto ágil e com facilidade de manobrar no trânsito urbano. Já o
quadro é todo em alumínio e se beneficia do tamanho menor do motor para
ter uma arquitetura que privilegia as dimensões mais compactas. As
suspensões – invertida na frente e monoamortecida atrás – são
ajustáveis. O uso dos materiais mais leves faz a MT-09 ter 171 kg, um
dos menores pesos da categoria.
A Yamaha ainda não confirmou, mas a
MT-09 deve aparecer no Brasil este ano. A moto até já deu as caras por
aqui “travestida” de FZ-09, no Salão Duas Rodas que aconteceu em outubro
em São Paulo. Essa nomenclatura é adotada para o mercado
norte-americano, onde a tricilíndrica substitui a FZ8 – uma naked com
motor quatro cilindros que ainda continua à venda na Europa. Caso
desembarque em solo nacional, o nome usado deve ser mesmo FZ-09, já que
os produtos da Yamaha vendidos no Brasil seguem os padrões e estilos dos
Estados Unidos. Ela se posicionaria entre as esportivas de 600 cc – XJ6
N e XJ6 F – e a superesportiva YZF-R1, de 1.000 cc.
Impressões ao pilotar
Três é demais
por Carlo Valente
do InfoMotori.com/Itália, exclusivo para Auto Press
do InfoMotori.com/Itália, exclusivo para Auto Press
Lisboa/Portugal – Ao
subir na moto, a sensação é estar sentado em uma “motard” menos
“extrema”. A MT-09 é estreita e possui o guidão largo. Já o propulsor
três cilindros é compacto e parece ainda menor na motocicleta – até dar a
partida. O motor gira discretamente e, desde os primeiros metros, o
comportamento é parecido como um de quatro cilindros. Comparado a outros
tricilíndricos, o da Yamaha se mostrou mais fluido e suave, além de
preferir regimes de médias e altas rotações.
A MT-09 oferece três mapas de entrega
de potência, que foram chamados – de forma bem minimalista – de A, B e
Standard. Ao ligar, a moto está sempre na posição A, mas o comportamento
é mais agressivo, a saída é forte e o modelo prefere altas velocidades.
O acelerador se torna mais sensível e a condução menos relaxada. Na
oferta B, a distribuição de torque é mais “doce” em baixos e médios
giros mantendo um bom alcance. Os primeiros quilômetros na cidade não
permitem tirar proveito do motor. Por outro lado, a MT-09 compensa com
agilidade, rapidez e boa frenagem. As trocas de marchas são sempre
feitas abaixo dos 7 mil giros. Apesar de em todos os modos a MT-09
produzir 115 cv, a entrega potência é perceptivelmente diferente.
O “tour” com a moto da Yamaha mostrou
qualidades dinâmicas incríveis. A MT-09 só deixa o piloto muito exposto,
mas é excelente para dar uma volta e extremamente precisa quando é
exigida. Não é um veículo aconselhável para viagens longas, mas é bem
divertida para ser usada no dia a dia e para quem quiser mais adrenalina
em um fim de semana cheio de curvas. Após ganhar mais intimidade, a
relação peso/potência põe um grande sorriso no rosto de quem está
debaixo do capacete.
Ficha técnica
Yamaha MT-09
Motor: A gasolina,
quatro tempos, 847 cm³, três cilindros, quatro válvulas por cilindro,
duplo comando no cabeçote, com virabrequim crossplane e refrigeração
líquida. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador
eletrônico.
Câmbio: Manual de seis marchas com embreagem multidisco banhada a óleo.
Potência máxima: 115 cv a 10.000 rpm.
Torque máximo: 8,9 kgfm a 8.500 rpm.
Diâmetro e curso: 78.0 mm X 59.1 mm. Taxa de compressão: 11,5:1.
Suspensão: Dianteira
com garfo invertido de 41 mm, ajustável, com retorno pré-carga e 137 mm
de curso. Traseira com amortecedor único ajustável com retorno pré-carga
e 130 mm de curso.
Pneus: 120/70 R17 na frente e 180/55 17.
Freios: Disco duplo hidráulico de 298 mm na frente e disco hidráulico de 245 mm atrás. Oferece ABS.
Dimensões: 2,07 metros de comprimento total, 0,81 m de largura, 1,44 m de distância entre-eixos e 0,81 m de altura do assento.
Peso em ordem de marcha: 171 kg.
Tanque do combustível: 14 litros.
Produção: Shizuoka, Japão.
Lançamento mundial: 2013.
Preço na Itália: 7.900 euros, equivalente a R$ 26,5 mil – R$ 28 mil com freios ABS de série.
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