Perua mais rápida do mundo vai aos 100 km/h em 3,9 segundos.
Por R$ 556 mil, esportivo entrega desempenho e conforto em altas doses.
Audi RS6 Avant (Foto: Marcelo Spatafora / Divulgação)
A perua que Leonardo Senna usa quando abre mão do helicóptero – e que agora pretende trocar pela nova – foi apresentada durante o Salão de Frankfurt de 2007, desembarcando no mercado europeu no abril seguinte e somente em janeiro de 2010 no Brasil. Os números de desempenho já eram impactantes à época: 4,6 segundos da imobilidade aos 100 km/h e velocidade máxima de 250 km/h, alcançados graças a um bloco 5.0 V10 biturbo, de 580 cavalos e 65 kgfm de torque.
Para o novo RS6, a Audi deu um motor menor: 4.0 V8, igualmente biturbinado e com 20 cv a menos. Só que o torque saltou para equinos 71,4 kgfm, enquanto a transmissão automática tem oito, e não mais seis marchas. Resultado: 0 a 100 km/h em 3,9 segundos e velocidade máxima de até 305 km/h, caso o proprietário opte pelo pacote Dynamic.
A lista de equipamentos não é menos surpreendente: ar-condicionado de quatro zonas de resfriamento, bancos em couro Alcântara, bancos dianteiros com aquecimento (sendo os do motorista com memória de posições), sistema de iluminação ambiente, teto solar panorâmico, vidros laterais e traseiro com isolamento térmico, volante com ajuste elétrico de altura e profundidade, sistema de som premium da Bang & Olufsen, DVD Changer, head-up display, entre outras comodidades, como Audi Dynamic Drive Control, que permite selecionar o modo de condução entre o mais confortável e o mais esportivo.
O RS6 Avant, definitivamente, não é carro para iniciantes. As arrancadas de primeira e segunda marchas são, sem exagero, de embrulhar o estômago. No modo manual, o motorista precisa ficar atento às trocas de marcha: o giro do motor sobe tão rápido que antes que o condutor se dê conta o sistema já fez a troca automaticamente, à medida que a agulha do conta-giros invade a faixa vermelha. O câmbio automático (da alemã ZF) não é tão rápido quanto um automatizado de dupla embreagem, mas realiza seu trabalho a contento.
Não é fácil segurar as mais de duas toneladas do RS6 nas curvas, e a tração integral faz isso de maneira irretocável. Nas saídas de curvas mais impetuosas, só um leve contra-esterço é preciso para pôr a traseira da perua no seu devido lugar, depois de uma leve escapada que o motorista consegue sentir com certa antecedência. Para resumir o quanto anda o RS6 Avant, é preciso apenas dizer que num trecho curto, nas cercanias de um campo de golfe, a perua beliscou os 220 km/h em questão de segundos. A única ressalva vai para a direção, que poderia ser ainda mais afiada e direta.
Audi RS 6 Avant (Foto: Divulgação)
Andando devagar, o motorista descobre as benesses de uma suspensão
adaptativa a ar, que permite um carro tão baixo ser tão macio. O
conforto se completa com a respeitável fartura de espaço, o acabamento
impecável e bancos dianteiros que, apesar de esportivos, são
extremamente aconchegantes – na maior parte dos bancos de
superesportivos, conforto e esportividade são características
excludentes.A única decepção é o volante, que não acompanha o nível de radicalidade da perua. Ao invés de ser o mesmo encontrado no A1, deveria ter, por exemplo, desenho distinto, forração de camurça e paddle-shifts tamanho GG, e não P.
E a próxima?
Há um grande risco subentendido no lançamento da nova geração do RS6 Avant. Ao romper a barreira dos 100 km/h em 3,9 segundos e chegar aos 305 km/h de velocidade máxima (dados oficiais), a nova “superperua” deixa pouquíssima margem para evoluções dinâmicas na próxima encarnação – que levando em conta o ritmo frenético e a sede insaciável da indústria atualmente, já deve estar em desenvolvimento.
É como se a Audi tivesse chegado ao ápice da sua carreira de fabricante de peruas superesportivas. Afora a ostentação do título de mais veloz do mundo, não há razões para baixar o tempo de aceleração ou estender a velocidade máxima do RS6 Avant, que já entrega números assustadores para um carro familiar. Para qualquer carro, na verdade.
E aí, sem ter mais o que fazer no quesito desempenho, resta-lhe debruçar sobre questões mais ligadas ao lado familiar do carro, como aumentar a resistência do Isofix, ampliar o tamanho do porta-malas, criar um nicho específico para guardar o carrinho de bebê, ajustar melhor o áudio para DVDs infantis ou, por exemplo, instalar uma mesa para os piqueniques de finais de semana.
Audi RS 6 Avant (Foto: Marcelo Spatafora / Divulgação)
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