Modelos inauguram segmento de sedãs compactos premium. Audi parte de R$ 116,4 mil, enquanto Mercedes sai por R$ 150,5 mil.
De tudo que a montadora consegue produzir, maior volume segue para EUA e Europa, onde o CLA é bom de vendas e realmente acessível. Logo, se a fatia destinada ao Brasil é pequena – serão 1.400 unidades ao longo de 2014, que ainda serão divididas entre os iminentes CLA 200 mais barato e o poderoso CLA 45 AMG – melhor então priorizar nessa cota inicial a versão mais cara, que além de não estimular filas de espera não cria expectativa por mais equipamentos.
O conteúdo de cada carro também diverge em vários momentos. Há uma esperada similaridade em alguns itens – como os sete airbags, sendo o sétimo para os joelhos do motorista; bancos em couro, direção elétrica, sistema start-stop, teto solar panorâmico e faróis bi-xenônio –, mas a lista de equipamentos do Audi é ligeiramente mais vantajosa: bancos do motorista com ajuste elétrico e ar-condicionado digital são duas ausências quase inexplicáveis num Mercedes de R$ 150 mil.
E é preciso dizer que o sistema multimídia do A3 Sedan, embora seja um opcional de quase R$ 10 mil, é mais completo e avançado do que o do CLA, permitindo inclusive que endereços sejam “escritos” com o dedo, por meio da tecla central.
Visual
Painel Audi A3 Sedan (Foto: Divulgação)
A3 Sedan e CLA conseguem dar outro sentido ao termo “sedã” e são tão ou
mais atraentes que seus hatches equivalentes. As diretrizes visuais de
cada marca, no entanto, levaram a resultados naturalmente distintos:
enquanto a Audi arrisca (e muda) pouco a cada novo carro, a Mercedes
provou ter versatilidade: a longa experiência em desenhar automóveis
clássicos para clientes tradicionais não a impediu de criar seu carro
mais ousado até aqui.E encarnar o estilo sedã com ares de cupê não o converteu numa miniatura do CLS sem personalidade. Dos faróis às lanternas, passando pelos para-choques e pelo próprio perfil da carroceria, praticamente não há linhas retas – mais fartas no rival. E as portas sem arcos são um tapa na cara de quem vê a marca inexoravelmente associada a cabelos brancos. Destaque para o coeficiente aerodinâmico de 0,23 cx, recorde para a marca.
O revide do A3 Sedan está na cabine. Se a Audi é repetitiva por fora, a Mercedes copia e cola lá dentro. Nada contra o belo painel de fácil leitura, e o acabamento interno só merece elogios, tanto pelos materiais usados (que transpiram requinte) quanto pelo encaixe (perfeito) esperado de um Mercedes. Mas o ambiente é muito parecido com o que vemos em outros carros da marca (Classe C, SLK ou até mesmo Classe E) há pelo menos quatro ou cinco anos. Talvez nem seja tanto tempo assim, mas para os embaixadores da nova fase da marca (isso também vale para Classe A e Classe B) um ambiente totalmente renovado seria mais condizente.
Mercedes-Benz CLA (Foto: Caio Kenji/G1)
No Mercedes, de novidade, apenas a transferência da alavanca de câmbio
para a coluna – que não pede mais do que algumas horas até que o
condutor se acostume e não a confunda com o limpador do para-brisa, que
fica do lado esquerdo –, a tela da central multimídia (polêmica por não
ser rebatível) e os bancos dianteiros inteiriços, esses sim o ponto alto
da cabine, mais estilosos e confortáveis que os do A3.As duas cabines são ambientes agradáveis, mas o Audi novamente leva vantagem pela arquitetura que privilegia a ergonomia, com comandos mais à mão e intuitivos. Na frente, o espaço é ótimo nos dois sedãs; atrás, apenas razoável – quem tiver mais de 1,80 m se incomodará pouco tempo após a partida.
Impressões
Ao volante, o A3 Sedan confirma a superioridade. Além de ter 24 cv a mais (seu 1.8 turbo é o mesmo do A3 hatch, com o inovador sistema de "dupla" injeção eletrônica), é 135 kg mais leve, o que se reflete em acelerações mais decididas e consumo menor. Ambos foram experimentados em trechos rodoviário e urbano, mostrando comportamento até certo ponto semelhante. O empurro quando se pisa forte no acelerador é parecido, assim como o peso da direção e o ajuste da suspensão – há boa estabilidade nos dois carros.
Mas numa tocada mais compromissada, que pede mais envolvimento entre homem e máquina, o A3 Sedan se sobressai. Acelera mais forte, contorna curvas com mais precisão e sua direção dá respostas mais claras do que está acontecendo com os pneus – além do mais, passa a sensação de ser mais leve e obediente, sem ser anestesiado. Por fim, o câmbio automatizado de dupla embreagem, que atende por S-Tronic no Audi e DCT no Mercedes, se mostrou mais preciso no alemão das argolas – no da estrela, sente-se uma embreagem desacoplar para entrar a marcha seguinte em acelerações até o limite de giro.
Andando melhor, entregando mais equipamentos e custando menos (mesmo com o sensor de estacionamento e o sistema multimídia elevando seu preço para R$ 128.400), o A3 Sedan resiste aos encantos visuais do CLA – que faz jus ao slogan de lançamento, “O Mercedes que o seu pai talvez não dirigiria”, mas pede, pelo menos na primeira leva, uma ajuda do papai para juntar os R$ 150,5 mil.
Audi A3 Sedan (Foto: Divulgação)
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