Em 2013, fabricantes de automóveis apostaram alto na publicidade em televisão e internet
A
Peugeot foi outra a apostar alto – mas concentrou suas ações na
televisão. A fabricante francesa fez de tudo para botar na mídia o novo
208, o mais importante produto para a marca no Brasil desde o lançamento
do 206, no ano 2000. Em parceria com agência Y&R, a Peugeot deu
vida a um desenho muito famoso do final dos anos 60: a “Corrida Maluca”.
Personagens como Dick Vigarista, Muttley, Irmãos Rocha, Quadrilha de
Morte, Barão Vermelho e, claro, Penélope Charmosa aparecem ao longo do
comercial desafiando o hatch compacto. “ O objetivo da campanha foi passar a mensagem que o 208 entrega muito mais que o segmento estava acostumado ”, justifica Frederico Battaglia, diretor de marketing da Peugeot do Brasil. “ Inicialmente
ficamos com receio de atingir um público que não conhecesse desenho,
mas por meio de pesquisas constatamos que os personagens são muito
conhecidos ”, completa. Embora a internet esteja ganhando
importância nas campanhas do setor automotivo, para a Peugeot a
televisão ainda é determinante. “ Para o nosso público-alvo, que
vai de 25 a 55 anos em média, a tevê ainda é um canal de maior
visibilidade. Mas a internet é um complemento e ganha espaço a cada ano ”, justifica Battaglia. Tanto que a grande rede ganhou versões específicas, de 30 e 60 segundos, dos vídeos do 208 “Corrida Maluca”, que ultrapassaram os 5 milhões de visualizações no “YouTube”.
Quem
também deu o que falar – na internet e na televisão – foi a Volkswagen.
A marca alemã voltou aos anos 70 para apresentar o novo Fusca. A
agência responsável pela peça, a AlmapBBDO, buscou justamente a época em
que o Fusca era o carro mais popular do Brasil. Junto ao nome, o
objetivo era resgatar a imagem do veículo como patrimônio emocional dos
brasileiros, sem deixar de valorizar a modernidade do automóvel em sua
versão atual. Na pós-produção do comercial, duas surpresas: as
participações do humorista Mussum, d’Os Trapalhões, falecido em 1994,
além de Rivelino, craque da Copa do Mundo de 1970.
Já a Fiat escreveu um capítulo na antologia publicitária de 2013. O que era apenas para ser um “ jingle ” acabou tomando proporções inimagináveis. A missão da campanha “Vem Pra Rua”
era apenas celebrar mais um ano de liderança no mercado brasileiro e
pegar carona nos eventos esportivos que aconteceram – como a Copa das
Confederações – e os que vão acontecer – como a Copa do Mundo em 2014 e
as Olimpíadas em 2016. “ Não éramos patrocinadores e nem
tínhamos cotas de transmissão desses eventos, mas estávamos entrando em
um ano especial para Fiat e para o Brasil ”, afirma Maria Lúcia
Antônio, gerente de publicidade da Fiat. A música interpretada por
Falcão, vocalista da banda O Rappa, tinha o objetivo de convocar as
pessoas a irem às ruas e torcer. “ De quatro carros vendidos um é da Fiat. Então concluímos que quem mais entende de rua era a Fiat ”, explica Maria Lúcia.
Porém, a peça veiculada incessantemente em diversas plataformas se tornou o “ hino ”
dos protestos que aconteceram por todo território brasileiro no mês de
julho. Por coincidência – já que a canção foi lançada antes das
manifestações –, a letra da música combinou perfeitamente com a
passeatas contra o aumento das tarifas de ônibus e o “Vem Pra Rua” virou o grito de guerra do movimento. De acordo com Maria Lúcia, o fato não prejudicou a marca italiana. “ Pelo contrário, a imagem da Fiat foi preservada ”, garante a gerente de publicidade da Fiat.
Imagem
foi algo que a Mercedes-Benz não teve medo de por em xeque. Junto com a
Agência Tesla, a marca de luxo alemã surpreendeu ao associar o novo
Classe A com um funk, no caso a música “Passinho do Volante”,
sucesso do grupo MC Federado e os Lelek’s. Na época, a Mercedes
justificou que a música era para destacar duas tecnologias do hatch: os
sistemas Steer Control e Adaptive Brake, que proporcionam maior precisão
e estabilidade em pista molhada. “ Nada melhor do que poder girar o volante de um lado para o outro e contar com toda a segurança do novo Classe A ”, dizia o texto da Mercedes em seu canal no YouTube. O “ viral
” provocou reações distintas do público nas redes sociais. Alguns
elogiaram a irreverência do vídeo e a ousadia da marca ao usar um funk
para promover um carro de uma marca de luxo. Mas a publicidade também
gerou a revolta de outros que chegaram a dizer que era de “ extremo mau gosto ”.
O certo é que uma pitada de polêmica pode até ajudar uma campanha
publicitária – e, muitas vezes, é até o principal objetivo delas.
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