Produção recorde de 2013 contrasta com vendas em queda e diminuição do ritmo de lançamentos
O ano de 2013 representou um cenário relativamente mais calmo no setor automobilístico brasileiro. A quantidade de novidades ainda foi grande, com cerca de 40 modelos novos apresentados ao longo do ano, mas bem inferior aos mais de 60 lançamentos do ano passado.
A queda é reflexo de
alguns fatores – entre eles o Inovar Auto, que freou as vendas de
carros importados no Brasil ao impor um IPI de 30% para fabricantes que
não atenderem a uma série de exigências de incentivo à produção
nacional. A mudança fez cair em dois pontos percentuais a participação
dos importados no mercado, que estabilizou em cerca de 18%, segundo
dados da Anfavea – a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores. Além do novo regime, a contração do crédito afetou os
financiamentos e ajudou a desacelerar as vendas. O acumulado de 2013,
com 3,41 milhões de unidades emplacadas, está 0,8% menor que 2012, que
em igual período já marcava 3,44 milhões. O ano de 2013 representou um cenário relativamente mais calmo no setor automobilístico brasileiro. A quantidade de novidades ainda foi grande, com cerca de 40 modelos novos apresentados ao longo do ano, mas bem inferior aos mais de 60 lançamentos do ano passado.
A produção, no entanto, disparou 11,8% no acumulado do ano e ultrapassou a marca histórica de 3,5 milhões de carros produzidos entre janeiro e novembro desse ano. “O estímulo à produção nacional gerado pelo Inovar-Auto, o forte desempenho do setor de agronegócios e as exportações são fatores que sustentam o crescimento recorde da produção brasileira”, defende Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da Anfavea. “A oferta de crédito caiu em relação a 2012 e isso atrapalhou as vendas”, complementa Rogelio Golfarb, vice-presidente de relações governamentais e assuntos corporativos da Ford para o Brasil e América do Sul – e ex-presidente da Anfavea. Além disso, um outro problema de 2013 foram os altos estoques, em função do descompasso entre a alta na produção e a queda nas vendas.
As barreiras tributárias às importações de automóveis causaram um efeito importante: o anúncio de novas fábricas em território nacional. As marcas premium capitanearam o movimento, e Mercedes-Benz, Audi, BMW e Land Rover anunciaram a construção de novas unidades fabris – e já conseguiram aumentar sua cota ainda em 2013 para metade da capacidade produtiva a ser instalada. A primeira a confirmar os investimentos foi a BMW, ainda em abril. A marca bávara já ergue suas instalações em Araquari, em Santa Catarina. De lá, sairão os Série 1 e 3, e os crossovers X1, X3 e ainda o Mini Countryman já a partir de outubro de 2014. A BMW foi seguida pela Audi, que trabalha na expansão da fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais onde fará o A3 sedã e o Q3. Já a Mercedes-Benz terá em Iracemápolis, no interior de São Paulo, sua nova fábrica brasileira, enquanto a Land Rover deve produzir seus utilitários em Itatiaia, no Sul Fluminense. Além das novas unidades anunciadas, outras fabricantes ampliaram sua capacidade produtiva, como a Renault, também em São José dos Pinhais, e a Volkswagen, que elevou para 400 mil carros por ano a produção na fábrica de Taubaté.
No entanto, mesmo com a sutil retração do mercado, o ano foi recheado com novidades importantes. O segmento dos hatches compactos ganhou reforços com os novos Peugeot 208 e Ford New Fiesta hatch – este nacionalizado e com a primeira reestilização do modelo. O carro da marca do oval azul não demorou a se tornar um sucesso de vendas e corresponder por cerca de metade dos 12 mil Fiesta emplacados por mês – a outra metade fica com a versão Rocam, o modelo antigo do compacto. Além deles, novas versões como o Hyundai HB20X – o pseudo-aventureiro da marca coreana – e a primeira reestilização do JAC J3 marcaram o ano. A Chevrolet, que inundou o mercado brasileiro de novidades em 2012, apresentou o novo sedã Prisma e começou a trazer do México o jipinho Tracker – e enfim colocou a marca em concorrência direta com o líder Ford EcoSport.
Entre os médios, mais novidades de porte. A Volkswagen começou a trazer em setembro a aguardada sétima geração do Golf, ao mesmo tempo em que a Ford enfim lançou o terceiro Focus por aqui – nas versões hatch e sedã. A Citroën substituiu em agosto o defasado C4 Pallas pelo C4 Lounge, sedã baseado na segunda geração do hatch francês. Em outubro, foi a vez da Nissan renovar o Sentra – que deixou para trás o visual sisudo em troca de formas mais fluidas. Na sequência, trouxe também o sedã médio-grande Altima.
As castas mais altas da sociedade também ganharam novas opções em 2013. Utilitários esportivos de luxo como os Range Rover Vogue e Sport chegaram ao país, assim como a nova geração do BMW X5. A Mercedes-Benz começou a vender o badalado novo Classe A em abril, enquanto a Volvo passou a trazer o hatch “crescidinho” V40 e a station V60. A Audi incrementou sua gama esportiva com os RS4 e RS6, além de um novo A3 Sportback.
Entre as picapes, quem roubou a cena no segundo semestre do ano foi a Fiat com a Strada. A nova reestilização do modelo incluiu uma curiosa terceira porta – do tipo suicida –, apontada como uma “revolução” para carregar passageiros na versão cabine dupla do utilitário. Entre as picapes médias, a briga foi pela maior potência. Todas as fabricantes começaram a buscar a marca dos 200 cv extraídos de seus respectivos motores diesel – puxados pela Ford Ranger, a primeira a atingir tal marca. Até então, apenas a Chevrolet S10 alcançou, mas gerou uma onda de atualizações no segmento, que ainda incluiu a Nissan Frontier e a Mitsubishi L200 Triton.
As incertezas sobre o valor da alíquota do IPI para 2014 ainda podem gerar surpresas em 2013. “O resultado de 2013 será, no mínimo, o segundo melhor ano da história em licenciamento, mas será preciso esperar o desempenho de dezembro para saber se este ano ainda poderá superar 2012”, pondera Luiz Moan, da Anfavea. O executivo acredita que a proximidade da mudança pode gerar uma breve corrida às concessionárias nos últimos dias do ano e gerar pequenas alterações no resultado final. Em todo caso, a prudência nunca esteve tão em alta no mercado brasileiro.
Vendas
- 2013 - 3,67 milhões*
- 2012 - 3,80 milhões
- 2011 - 3,63 milhões
- 2010 - 3,51 milhões
- 2009 - 3,14 milhões
- 2008 - 2,67 milhões
- 2007 - 2,46 milhões
- 2006 - 1,93 milhão
- 2005 - 1,71 milhão
*estimado
Lançamentos de 2013 - Automóveis, utilitários esportivos e picapes
Janeiro
- Honda Civic 2.0
Fevereiro
- Chevrolet Prisma
- Citroën DS4
- Ford Fusion 2.5 Flex
Março
- Hyundai HB20X
- Hyundai HB20S
- Dodge Durango
- Peugeot 208
Abril
- Mercedes-Benz Classe A
- Kia Cerato
- Ford New Fiesta nacional
Maio
- Toyota RAV4
- Lifan X60
- Audi RS4 Avant
Junho
- Volvo V40
- JAC J3 reestilizado
- Honda Accord
- Mitsubishi ASX nacional
Julho
- Mercedes-Benz Classe E reestilizado
- Lexus IS
- Audi A3 Sportback
- Range Rover Sport
- Fiat 500 MultiAir flex
- Ford Fusion Hybrid
Agosto
- Mitsubishi Outlander
- Jaguar F-Type
- Citroën C4 Lounge
Setembro
- Volkswagen Golf 7
- Ford Focus
Outubro
- JAC J6 reestilizado
- Chevrolet Camaro reestilizado
- Fiat Strada reestilizada
- Chevrolet Agile reestilizado
- Nissan Sentra
- Audi RS6 Avant
- Volvo V60 R Design
- Chevrolet Tracker
Novembro
- Renault Logan
- Nissan Altima
- BMW X5
- Mitsubishi L200 Triton 2014
- Mitsubishi Pajero Dakar 2014
Dezembro
- Fiat Fiorino
- Jeep Grand Cherokee 2014
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