Análise: F1 ganha em marketing com novas regras
Sebastian Vettel, da Red Bull, no circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi (Foto: AP Photo/Hassan Ammar)
Sebastian Vettel, da Red Bull, no circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi (Foto: AP Photo/Hassan Ammar)
A FIA resolveu ousar. De uma vez, anunciou um pacote de
mudanças para o futuro próximo da F1.
Numeração fixa de pilotos, teto orçamentário e, principalmente, corrida de pontuação dobrada fechando a temporada. Tudo está explicado aqui e aqui. Medidas que se pode contestar (e certamente já se contestam) sob vários aspectos, menos por um: melhorará o marketing da categoria. E isso não é ruim.
Os tradicionalistas e defensores do lado romântico do automobilismo estão chiando. Uma corrida valer ponto dobrado não é natural, força artificialmente a disputa pelo título durar mais. Números fixos quebram a lógica que se adota há anos, sobretudo depois que a classificação do Mundial de Construtores passou a definir a ordem a partir do 3.
Mas, quer saber?, não há como condenar a FIA. O automobilismo vive, no mundo, uma perda nítida de popularidade. Claro, no Brasil é mais aguda pela crise de pilotos, mas ela também ocorre em outros países. O público de hoje não se fascina com facilidade pelo entretenimento que o automobilismo tradicional oferece. Ele precisa de mais estímulo, de coisas que permitam uma identificação mais fácil.
Teto orçamentário tende a reduzir o abismo entre equipes ricas e pobres (outro dia discutimos se esse realmente é o melhor caminho na hora de falar de bufunfa) e a pontuação dobrada em Abu Dhabi obriga o líder a abrir o dobro de pontos para ser campeão com antecedência, e isso resulta em mais torcedor animado para ver corridas e campeonatos abertos. Mas as novas regras criadas pela FIA não buscam apenas a competitividade.
A numeração fixa é um caminho claro pelo marketing. Se cada piloto adota o número que quiser, ele passa a ter uma marca. O 32 passa a ser um logotipo do Alonso, o 76 vira um símbolo do Vettel e assim por diante. Dá para vender camisa, boné, bandeira. No futuro, dá até para imortalizar os grandes ídolos aposentando seus números. E tome cerimônia para esse momento, tome mais boné e camiseta vendida…
A corrida de pontuação dupla também tem esse viés. Agora, a temporada da F1 termina em uma “Supercorrida”, que vale o dobro das outras. Seria legal se essa prova especial ocorresse em algum circuito tradicional (pela organização geográfica do calendário, as melhores opções seriam Interlagos ou Suzuka) para aumentar o apelo desse GP. Mas uma coisa por vez. Agora, dá para vender a etapa de Abu Dhabi como algo especial, dar um troféu diferente daquele foguinho do Santander, vender aos torcedores menos fanáticos a ideia de que se trata de uma corrida imperdível.
“Ah, mas a tradição vai se perdendo nessa F1 coxinha…” Sim, infelizmente. Mas o DRS, medida que altera muito mais a natureza da competição automobilística que o SuperGP de Abu Dhabi, é considerado um sucesso. Os pilotos de trás ganharam uma vantagem técnica sobre os da frente, mas há muito mais ultrapassagens e as corridas ficaram realmente mais movimentadas. E o safety car? Quando a FIA “importou” o conceito de pace car da Indy, houve quem se descabelasse. Hoje, virou algo natural.
É triste falar isso, mas a realidade é essa. A F1 quer sobreviver, e precisa mudar para isso. Dentro das invencionices que já foram levantadas (chuva artificial ou dois pits obrigatórios), a superprova e a numeração fixa são coisas quase inofensivas tecnicamente.
Numeração fixa de pilotos, teto orçamentário e, principalmente, corrida de pontuação dobrada fechando a temporada. Tudo está explicado aqui e aqui. Medidas que se pode contestar (e certamente já se contestam) sob vários aspectos, menos por um: melhorará o marketing da categoria. E isso não é ruim.
Os tradicionalistas e defensores do lado romântico do automobilismo estão chiando. Uma corrida valer ponto dobrado não é natural, força artificialmente a disputa pelo título durar mais. Números fixos quebram a lógica que se adota há anos, sobretudo depois que a classificação do Mundial de Construtores passou a definir a ordem a partir do 3.
Mas, quer saber?, não há como condenar a FIA. O automobilismo vive, no mundo, uma perda nítida de popularidade. Claro, no Brasil é mais aguda pela crise de pilotos, mas ela também ocorre em outros países. O público de hoje não se fascina com facilidade pelo entretenimento que o automobilismo tradicional oferece. Ele precisa de mais estímulo, de coisas que permitam uma identificação mais fácil.
Teto orçamentário tende a reduzir o abismo entre equipes ricas e pobres (outro dia discutimos se esse realmente é o melhor caminho na hora de falar de bufunfa) e a pontuação dobrada em Abu Dhabi obriga o líder a abrir o dobro de pontos para ser campeão com antecedência, e isso resulta em mais torcedor animado para ver corridas e campeonatos abertos. Mas as novas regras criadas pela FIA não buscam apenas a competitividade.
A numeração fixa é um caminho claro pelo marketing. Se cada piloto adota o número que quiser, ele passa a ter uma marca. O 32 passa a ser um logotipo do Alonso, o 76 vira um símbolo do Vettel e assim por diante. Dá para vender camisa, boné, bandeira. No futuro, dá até para imortalizar os grandes ídolos aposentando seus números. E tome cerimônia para esse momento, tome mais boné e camiseta vendida…
A corrida de pontuação dupla também tem esse viés. Agora, a temporada da F1 termina em uma “Supercorrida”, que vale o dobro das outras. Seria legal se essa prova especial ocorresse em algum circuito tradicional (pela organização geográfica do calendário, as melhores opções seriam Interlagos ou Suzuka) para aumentar o apelo desse GP. Mas uma coisa por vez. Agora, dá para vender a etapa de Abu Dhabi como algo especial, dar um troféu diferente daquele foguinho do Santander, vender aos torcedores menos fanáticos a ideia de que se trata de uma corrida imperdível.
“Ah, mas a tradição vai se perdendo nessa F1 coxinha…” Sim, infelizmente. Mas o DRS, medida que altera muito mais a natureza da competição automobilística que o SuperGP de Abu Dhabi, é considerado um sucesso. Os pilotos de trás ganharam uma vantagem técnica sobre os da frente, mas há muito mais ultrapassagens e as corridas ficaram realmente mais movimentadas. E o safety car? Quando a FIA “importou” o conceito de pace car da Indy, houve quem se descabelasse. Hoje, virou algo natural.
É triste falar isso, mas a realidade é essa. A F1 quer sobreviver, e precisa mudar para isso. Dentro das invencionices que já foram levantadas (chuva artificial ou dois pits obrigatórios), a superprova e a numeração fixa são coisas quase inofensivas tecnicamente.
Participe! Deixe aqui seu comentário. Obrigado! Disponível no(a):http://tazio.uol.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário