4 de nov. de 2013

Reportagem explica por que o asfalto nas ruas e estradas brasileiras é tão ruim


Jalopnik- 2013-11-01 às 18.00.05

Já reparou que todos os testes e avaliações de carros no Brasil incluem um quesito sobre como a suspensão lida com os buracos? Ou que aquele carro zero que você curtiu é bem mais alto que o carro que seu pai tinha quando você era moleque?

A falta de qualidade da pavimentação brasileira chegou a um ponto tão predominante que passamos a nos adaptar à ela como se a buraqueira fosse algo normal e inevitável. As fabricantes começaram a projetar carros mais altos para o Brasil e, quem pode, compra SUVs para ganhar um pouco de conforto.
Acontece que essa situação tem uma explicação, e ela é exatamente o que você deve estar imaginando: uma mistura de corrupção, monopólios, falta de comprometimento com a qualidade de obras públicas e omissão dos cidadãos.
A revista Exame publicou ontem em seu site uma matéria intitulada “Por que o asfalto brasileiro é mesmo uma porcaria”, na qual explica tudo o que sempre quisemos saber sobre a bagunça que se tornou a pavimentação das ruas e estradas de todo o país.
A reportagem foi motivada pelos resultados de uma fiscalização in loco do Tribunal de Contas da União em 11 rodovias novas ou refeitas, que descobriu, por exemplo, que a BR-316, no Maranhão, já tinha buracos, fissuras, irregularidades e até ausência do revestimento de asfalto feito há apenas um ano em 82% de sua extensão total. O contrato previa a primeira manutenção somente dali a oito anos.
A seguir, selecionamos alguns trechos mais chocantes da reportagem, que entrevistou especialistas em pavimentação e engenharia:
“Temos asfalto da melhor qualidade. O que falta no Brasil é vergonha. (…) Existem aqui dois tipos de pavimentação: a da técnica correta e a politica. A politica é aquela antes das eleições, que tem vida útil de duas chuvas”.
[...]
“Do lado do governo, existe a questão do fiscal que aprova e recebe — e o governo paga — uma rodovia sem que ela esteja bem feita. Muitos entram em esquemão (com as construtoras), que é afinal o grande problema desse país”.
[...]
“Pavimento tem projeto e muitas vezes nem se faz um. (…) E ocorre muito o seguinte: “olha, para consertar a estrada, a espessura deve ser de 7 cm”, mas aí vem um político e fala que só tem dinheiro para 3 cm (…) pega o dinheiro, divide pelos quilômetros que se quer fazer e encontra a espessura. (…) o que precisamos é modelo de contrato em que empresas são punidas.”
[...]
“O país está atrasado tecnologicamente. (…) Por exemplo, quando você dirige um carro e está chovendo, é importante ter aderência para o carro não derrapar. Nosso método antigo não prevê isso. (…)
[...]
Pavimento é para se pensar de 40 a 50 anos. (…) É só controlar a obra. Só por no edital: ‘se arrebentar antes, você paga a conta’. Todo mundo (empreiteira/engenheiros) vai tomar cuidado, desde que se diga ‘olha, a durabilidade é de 30 anos, se acontecer algo em 5, 10, 15, você vai pagar a conta’. O governo ainda está começando a exigir desempenho.”
Leia a matéria completa no site da Exame.
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