1 de nov. de 2013
Carros para sempre: Coupé foi a “Ferrari” da Fiat
Rolava o lançamento da Ferrari 458 Italia, em 2010. Eu tinha acabado de acelerar o carro mais incrível da minha vida por um dia inteiro na região dos montes Apeninos e, pontualmente às 17 hrs (com direito à assessora me esperando no portão), estava entregando o Cavallino de volta ao estábulo.
Dia ganho? Nada disso: eu ainda tinha a missão de encontrar (e comprar) uma miniatura da 458 para minha coleção 1:43 onde só entram modelos que já tive o prazer de acelerar. A pequena cidade de Maranello, ao norte da Itália, vive em torno da Ferrari, de modo que encontrar miniaturas nas lojas de lá é como achar baguete em Paris. Mas a 458 era recente, e as poucas que encontrei tinham preços de uma pequena joia, realmente.
Mas o que isso tem a ver com a história do Fiat Coupé? Bem, depois de rodar algumas lojinhas, e com medo de o comércio local fechar cedo, eis que acho a tal 458 escala 1:43. Linda, cheia de detalhes, vermelha igual a que eu tinha me esbaldado horas antes. O preço de 100 euros (R$ 240 na época) nem era assustador perto das outras que eu havia visto antes. Sem pensar muito, peguei a caixinha e fui para a fila do caixa. Só que aí me deparei com outro sonho em formato de miniatura: um reluzente Fiat Coupé prata, no tamanho 1:43 como os demais da minha coleção, e por apenas 8 euros (cerca de R$ 20 naquele tempo). Agora sim, o dia estava ganho. Eu nem sabia dizer se estava mais empolgado com a miniatura da 458 ou com a do Coupé.
Explico: esse Fiat era meu desejo de adolescente, um dos pôsteres colados na parede do meu quarto – por isso pedi ao “pai” da seção Carros para sempre”, o editor-assistente Julio Cesar, para fazer o texto desta semana. Lembro como se fosse hoje das revistas especializadas brasileiras chegando com o teste do modelo, em outubro de 1995. O motor 2.0 16V emprestado do Fiat Tipo Sedicivalvole não era um primor de performance, com seus 137 cv e 18,43 kgfm de torque, mas também não chegava a fazer feio: no teste da revista Quatro Rodas, o cupê de 1.271 kg acelerou de 0 a 100 km/h em 10,65 segundos e atingiu 204 km/h de velocidade máxima. O que me encantava, porém, era a possibilidade de ter “quase uma Ferrari” (na minha visão de moleque apaixonado) pelo preço de um Mitsubishi Eclipse ou Honda Civic VTi, na época. O Coupé custava cerca de US$ 50 mil, o que hoje daria aproximadamente R$ 110 mil.
Projetado em tempo recorde para aquele tempo (apenas três anos entre o primeiro sketch e a entrada na linha de montagem), o Coupé usava a plataforma do Tipo, mas era todo sobre design. Ao contrário do que muitos pensam, somente o interior (que trazia uma faixa na cor do carro) foi projetado pelo estúdio Pininfarina, que desenha as Ferraris. O desenho externo, apesar do logotipo “Pininfarina” nos para-lamas traseiros, é obra do Centro Stile Fiat, na época chefiado por Chris Bangle – que mais tarde revolucionaria o design dos BMW. Mas basta bater o olho no Coupé para ver que as Ferrari estiveram o tempo todo no imaginário dos designers.
Na dianteira se destacavam os faróis com lentes abauladas, que eram mais altas na região dos canhões de luz. As setas ficavam num conjunto óptico mais abaixo, nas extremidades da grade. Já o imenso capô levava consigo os faróis e parte das laterais quando aberto, facilitando (e muito) o acesso ao motor e periféricos. As maçanetas eram embutidas nas colunas centrais e as rodas aro 15″ (pneus Michelin 205/55) tinham desenho que acompanhava os vincos laterais da carroceria. Por fim, a traseira era totalmente Ferrari, com o bocal do tanque cromado estilo competição e as lanternas redondinhas que os carros de Maranello usam até hoje.
A cabine unia estilo e acabamento refinado, com o painel ostentando quatro mostradores redondos e os comandos do ar-condicionado (opcional) e o rádio na parte central. Os bancos eram envolventes e, opcionalmente, podiam vir forrados de couro. Completava a lista de itens cobrados à parte os airbags frontais (freios ABS eram de série), o alarme periférico e o teto-solar com acionamento elétrico. Embora a Fiat classificasse o Coupé como um “2+2″, o espaço no banco traseiro era um tanto limitado, sendo mais indicado para crianças. Já o porta-malas de 304 litros era equivalente ao de um hatch compacto.
A dinâmica do Coupé era acertada, com uma direção hidráulica precisa, freios a disco nas quatro rodas e uma suspensão bem calibrada, independente nas quatro rodas – MCPherson na frente e braços oscilantes longitudinais na traseira. Ou seja, o esportivo tinha “chão” para mais motor. Na Europa, ele realmente ia além: tinha uma versão turbo do motor 2.0 16V com 193 cv. Em 1996, o Coupé adotava os motores 2.0 20V do Marea, em versões aspirada, de 149 cv, e turbo, de 223 cv. Em 1998, o 2.0 20V recebia comando variável, pulando para 156 cv, enquanto o Turbo ganhava câmbio de seis marchas, baixando o tempo de 0 a 100 km/h para 6,3 s – a máxima era de 250 km/h! As versões turbinadas traziam ainda um diferencial de deslizamento limitado. Infelizmente, nenhuma destas variações apimentadas chegou ao mercado brasileiro, onde o Coupé teve somente 1.124 unidades vendidas entre 1995 e 1997.
Produzido entre 1993 e 2000, o Coupé foi um dos modelos mais emblemáticos da Fiat (chegou a entrar na famosa série de games Gran Turismo), colocando a marca italiana numa seara que até então somente a Alfa Romeo atuava entre os italianos. Mas o modelo não chegou a ser sucesso, com somente 72.762 carros fabricados nestes sete anos. No Brasil, atualmente há poucas unidades conservadas, com preços variando entre R$ 20 mil a R$ 35 mil, dependendo do estado do veículo. A miniatura eu já tenho, mas quem sabe pego um desses para restaurar no futuro? Acho que será o único jeito de eu ter uma “Ferrari”…
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Um comentário:
Muito boa a matéria vou deixar aqui a foto do meu que sou apaixonado, abraço!
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=241417466024998&l=94456657f4
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