Vamos entrar no DeLorean e voltar para 2004. A Chrysler ainda era perte da Daimler-Benz, e com Dieter Zetsche no comando, a chamada “fusão de iguais” resultou em vários lançamentos em conjunto, como o roadster Crossfire, o SUV Pacifica e o sedã 300C.
Alguns destes modelos foram mais bem sucedidos que outros, mas todos eles misturavam a personalidade do design americano com a robustez dos componentes Mercedes-Benz.
Hoje em dia, a fusão é considerada por muitos como um fracasso, especialmente porque mais tarde a Mercedes acabou tendo que vender a Chrysler com prejuízo depois de investir bilhões na marca, com resultados apenas razoáveis. Mas, por um breve período no meio da década de 2000, pareciam que as coisas iriam melhorar, com a Chrysler obtendo lucros em 2004 e 2005.
O ME Four-Twelve poderia ter sido o melhor de todos os carros da Daimler-Chrysler. Quando foi apresentado no Salão de Detroit de 2004, ele impressionou o público e provocou demanda imediata. Infelizmente, não era para ser. Mas talvez a parte mais louca da história bizarra do ME Four-Twelve é que ele quase virou realidade.
“ME Four-Twelve” significa motor central, quatro turbocompressores e 12 cilindros. Era um motor forte. O V12 de seis litros era baseado nos AMG e tinha 850 cv a 5.750 rpm e 117,5 mkgf de torque entre 2.500 e 4.500 rpm.
A potência era mandada para as rodas traseiras através de uma transmissão de dupla embreagem com sete marchas selecionadas borboletas. Com um chassi de alumínio do tipo colmeia e generosas quantidades de fibra de carbono no resto do carro, o ME Four-Twelve pesava só 1.310 kg.
Ele era bem rápido. A Chrysler divulgava um o-100 km/h de apenas 2,9 segundos, 0 a 160 km/h em 6,2 segundos, e sua relação peso-potência era melhor do que a do Bugatti Veyron, do McLaren F1 e da Ferrari Enzo. Ele também tinha um sofisticado sistema de suspensão com braços duplos na frente e atrás, amortecedores de aço inoxidável do tipo pushrod e molas ajustáveis.
Fora o visual. É chamativo, agressivo, porém elegante, e certamente o melhor uso da linguagem de design da Chrysler nos anos 2000. Ele é incrível até hoje.
Por dentro, ele tinha cara de conceito, mas de um jeito bem mais funcional. O volante com base reta, bancos com muito apoio, borboletas para trocas de marcha bem grandes e um painel de instrumentos bem realista faziam o carro parecer plausível, e não um monte de extravagâncias sobre quatro rodas que jamais veriam a luz do dia fora de um Salão.
O carro que foi apresentado em Detroit provavelmente não fazia muita coisa, mas os cientistas malucos da SRT fizeram um protótipo funcional em cerca de quatro meses. Por volta de agosto de 2004, revistas como a Motor Trend estavam testando uma versão de desenvolvimento em Laguna Seca.
E eles planejavam produzi-lo? Parecia que sim, mesmo que ele acabasse ficando bem caro. Segundo a Motor Trend:
A Chrysler provou que certamente
conseguiria desenvolver e construir um carro para concorrer com
supercarros europeus. “Nos temos uma boa e bem clara definição das
especificações técnicas do carro”, diz Dieter Zetsche. “Com elas,
podemos fazer os cálculos do quanto seria gasto para produzir 10, 100 e
1000 carros, e assim estabelecer um preço”. Se ele se convencer de que
existe um número suficiente de pessoas interessadas a pagar ao preço
estimado, entre US$ 250 mil e US$ 750 mil (cerca de R$ 550 mil-1,6
milhão) por um Chrysler de 400 km/h, Zetsche diz que dará a luz verde
para o carro: “sem dúvida.”
Infelizmente o projeto foi cancelado no ano seguinte. O Detroit News
contou, na época, que um estudo interno revelou que o carro custaria
centenas de milhões de dólares para ser desenvolvido em uma época em que
a Chrysler ainda estava se reerguendo, e que estes custos não seriam
justificados. O Allpar.com diz
que o carro seria muito mais rápido do que o Mercedes SLR McLaren, mas
que seu desenvolvimento também custaria mais, o que aparentemente
irritou os chefões da Mercedes.Mas ele deveria ter sido produzido. Ele seria um verdadeiro supercarro americano de luxo, uma versão mais chique do Ford GT. Mas era inviável comercialmente.
E ele dificilmente será ressuscitado, para nossa tristeza. Difícil imaginar que a Chrysler pós-crise, agora sob propriedade da Fiat, faria algo tão extremo, especialmente com o novo SRT Viper ainda fresco e uma hiperFerrari prestes a ser lançada.
O ME Four-Twelve é mesmo um carro incrível, mas seu tempo já passou.
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