A indústria automotiva é uma espécie de “Torre de Babel”. Marcas de diversos países oferecem, dentro de um mesmo segmento, propostas bem distintas de automóvel, dependendo de onde vêm ou para qual mercado desenvolvem seus carros. A japonesa Lexus, por exemplo, foi criada basicamente para abastecer os Estados Unidos.
A intenção é brigar apenas com as versões topo dos germânicos, – 328i e C250, respectivamente. Batalha que deve ser bem complicada. Mesmo assim, a Lexus tem muitas esperanças com o novo IS. Hoje em dia, a divisão de luxo da Toyota vende através de sua única concessionária no Brasil cerca de 20 veículos por mês, com destaque para o SUV RX350 e o médio-grande ES 350 – o hatch híbrido CT200h, que custa R$ 150 mil, vende pouco, cerca de três por mês. As primeiras previsões apontam para uma média de oito emplacamentos mensais do IS. Mas os próprios executivos admitem que essa é uma projeção bem comedida e que não vão se surpreender se este número subir para algo próximo dos 20 carros por mês. Ou seja, com apenas um novo modelo, a ideia é dobrar as vendas da Lexus. Ainda assim, longe do volume dos rivais alemães, que emplacam centenas de unidades mensais.
Não é a primeira vez que o IS ocupa a revenda da empresa em São Paulo nesta sua nova fase no Brasil. A segunda geração do modelo chegou a ser comercializada por aqui. Porém, quando o novo sedã apareceu mundialmente no Salão de Detroit, em janeiro, as vendas foram interrompidas. O novo, por sinal, traz uma grande evolução no visual. Na frente traz a atual identidade visual da Lexus, com a grade em forma de ampulheta e um design bem moderno. As luzes de led são separadas do farol e têm o formato do “L” do logo da empresa. De lado, formas limpas quebradas apenas por dois vincos bem marcantes. A traseira é mais previsível, com lanternas horizontais bem espichadas. Mas, ainda assim, agrada.
A construção também evoluiu. O IS está maior. Ganhou 8,5 cm no comprimento, 7 cm acrescidos diretamente no entre-eixos, que aumentou consideravelmente o espaço interno. A dirigibilidade também foi aperfeiçoada. Suspensões dianteira e traseira mantiveram as arquiteturas básicas, mas com elementos redistribuídos para melhorar a dinâmica. Só atrás, o rearranjo de mola e amortecedor permitiu, segundo a Lexus, um aumento de 15% na aderência e, de quebra, de mais de 100 litros no porta-malas. As bitolas acompanharam a tendência e também cresceram.
O trem de força evoluiu menos. Recebeu apenas algumas melhorias. Se trata de um V6 de 2.5 litros de 208 cv e 25,2 kgfm aliados a uma transmissão automática de seis velocidades. A força gerada é toda enviada às rodas traseiras, o que contribui para uma dirigibilidade mais apurada.
O IS vai ser importado em duas versões. A Luxury, por R$ 175 mil e a F-Sport, por R$ 188 mil. As duas trazem o mesmo trem de força, sendo que a segunda tem um ajuste de suspensão mais rígido. Há também pequenas diferenças na lista de equipamentos. Ambos trazem o básico para o segmento. Caso de oito airbags, controle de estabilidade e tração, ar dual zone, rádio/CD/MP3/DVD/GPS/Bluetooth, luzes diurnas de led, câmara de ré, revestimento interno em couro, entre outros. A F-Sport agrega faróis em led – contra xenônio no Luxury –, grade do tipo colmeia, para-choques e saias laterais, rodas de 18 polegadas, um ressonador no sistema de exaustão do motor que aumenta o barulho do propulsor e um painel de instrumentos exclusivo, inspirado no superesportivo LFA. A Lexus espera que a adição destes itens mais “agressivos” seja bem convincente. Tanto que projeta que 60% das vendas sejam da F-Sport, mesmo sendo R$ 13 mil mais cara.
Primeiras impressões
Comoção estética
Ilhabela/São Paulo – Durante muito tempo, a Lexus não dava muita importância para o design de seus carros. A última leva dos carros da marca japonesa mudam completamente a história. O novo IS é realmente muito bonito. Supreendentemente, saiu do pragmatismo japonês com linhas modernas e criativas. Consegue se destacar em um segmento em que chamar a atenção é essencial.
O interior é mais um que impressiona pela ousadia estética. O IS é, sem dúvida, mais criativo que os rivais alemães na cabine. Destaque para o seletor de temperatura do ar-condicionado, que usa uma superfície sensível ao toque, e o interessante e intuitivo joystick que comanda a tela central. O novo IS também ganhou em conforto da cabine. Na frente, os dois ocupantes têm bancos com ótimos apoios laterais e para pernas e ajustes elétricos em toda direção – o mesmo acontece no volante. Atrás, o acréscimo de 7 cm no entre-eixos se mostrou marcante. No antigo, adultos mais altos ficam apertados nas pernas. No novo, a área é suficiente para dois. Já um terceiro fica bem prejudicado pelo alto túnel central.
Em movimento, o IS comove menos. Principalmente porque as mudanças na troca de geração foram mais superficiais. O motor, por exemplo, ainda é o mesmo. E o V6 de 2.5 litros se mostra apenas justo para o bonito sedã japonês. O seis cilindros “grita” alto, mas o torque máximo aparece só depois das 4.500 rpm. Até lá, não há aquela sensação de ser colado no banco em acelerações intensas. Ao menos, o pequeno V6 é suave em giros altos e ganha rotações com extrema rapidez. A transmissão automática de seis marchas é competente e não deixa buracos.
Na descida da serra e na própria Ilhabela, foi possível jogar o IS 250 em algumas sequências de curvas bem fechadas. E o comportamento foi ótimo, com muita precisão de direção e altos níveis de aderência. É difícil chegar no limite do carro e os controles eletrônicos de segurança quase não trabalham.
Ficha técnica
Lexus IS250
Motor: Gasolina, dianteiro, longitudinal, 2.499 cm³, seis cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote a variável na admissão e escape das válvulas. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 208 cv a 6.400 rpm.
Torque máximo: 25,2 kgfm a 4.800 rpm.
Diâmetro e curso: 83,0 mm x 77,0 mm. Taxa de compressão: 12,0:1.
Suspensão: Dianteira do tipo double wishbone com barra estabilizadora. Traseira independente do tipo multilink.
Pneus: 225/45 R17 (225/40 na frente e 255/35 atrás R18 na F-Sport).
Freios: Discos na frente e atrás. Oferece ABS com EDB e BAS.
Carroceria: Sedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,66 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,43 m de altura e 2,80 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para motorista e passageiro.
Peso: 1.645 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 480 litros.
Tanque de combustível: 66 litros.
Produção: Fukuoka, Japão.
Itens de série:
Versão Luxury: Ar-condicionado dual zone, ajustes elétricos de banco e volante, câmara de ré, sensores de estacionamento, computador de bordo, rádio/CD/MP3/DVD/GPS/Bluetooth, trio elétrico, assistente de partida em rampa, revestimento interno em couro, sensor de chuva e luminosidade, luzes diurnas de led, teto solar elétrico, controle de estabilidade e tração, ABS com EBD e BAS e faróis de neblina.
Preço: R$ 175 mil.
Versão F-Sport: Faróis de led, rodas de 18 polegadas, suspensão mais rígida, painel de instrumentos esportivo e ressonador no motor.
Preço: R$ 188 mil.
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