15 de mai. de 2013

FORD MAVERICK COMPLETA 40 ANOS

Feito para brigar com Chevrolet Opala, clássico não vendeu bem, mas deixou uma legião de fãs; Confira a história do esportivo nacional

por ALINE MAGALHÃES
 
Ford Maverick (Foto: Fábio Aro)
Em 14 de maio de 1973, há exatos 40 anos, a Ford apresentava à imprensa o Maverick. Produzido na fábrica da montadora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, o clássico chegou às lojas em junho daquele mesmo ano.

Numa época em que as grandes atrações no portfólio da Ford eram o popular Corcel e o luxuoso Galaxie, o "Maveco" veio com a missão de alavancar as vendas da marca no Brasil e era também uma resposta da montadora ao bem sucedido Opala, da rival Chevrolet.
O carro foi lançado com toda a pompa que a ocasião pedia. Até Emerson Fittipaldi, grande estrela da Fórmula 1 naqueles anos, participou da divulgação da máquina, acelerando o possante no Autódromo de Interlagos (assista  ao vídeo aqui).
O lançamento chegou às revendas apenas na versão cupê, com três versões de acabamento: Super, Super Luxo e GT. As versões de entrada e intermediária traziam um bloco 3.0 de seis cilindros capaz de entregar 112 cv de potência.
Ford Maverick em teste feito pela revista Autoesporte em 1973 (Foto: Reprodução)
Mas é a apimentada versão GT que mostra a que o Mavecão veio. Invocado, trazia duas entradas falsas no capô, faixas decorativas e faróis auxiliares embutidos na grade dianteira. Ele era alimentado por um bloco V8 5.0 que entregava 197 cv de potência e torque máximo de 39,5 kgfm. O motor de oito cilindros em V era coisa rara no Brasil do início da década de 1970. Na pista, atingia máxima de 180 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 11 segundos, de acordo com a fabricante. Nos testes feitos pela reportagem de Autoesporte no período, o carro atingiu os 100 km/h em 17 segundos. Os números não são extraordinários, mas, como se sabe, o Maverick se impõe muito mais pela sua robustez e força do que propriamente por agilidade.
Ford Maverick (Foto: Fábio Aro)
Apesar dos bons atributos, o carro não conseguiu decolar nas vendas no Brasil. Era relativamente caro. O preço partia de 30.559 cruzeiros (para um parâmetro melhor, o Volkswagen Fusca, extremamamente popular, custava 16.756 cruzeiros). Mas o que o matou foi sua sede por combustível. Beberrão, o consumo médio  na cidade aferido por Autoesporte foi de 6,3 km/l . Com a Crise do Petróleo, que disparou o preço da gasolina no Brasil naquele tempo, manter um veículo como o Maverick era um luxo para poucos.
Mais barato, leve e econômico, o novo Corcel chegou em 1978 e fez com que o irmão perdesse espaço de vez. O último Maverick deixou as linhas de produção em abril de 1979, com apenas seis anos de produção.
Legião de fãs
Embora não tenha emplacado como um grande sucesso em seu tempo, o Maverick entrou posteriormente para o hall dos grandes clássicos nacionais. Hoje, o carro é considerado uma lenda entre os entusiastas de automóveis antigos e custa mais do que um veículo 0km. "Existe uma valorização muito grande do modelo atualmente. Na internet, chegam a pedir até mais de R$ 60 mil", conta Alexandre Sharin, proprietário de um Maverick GT 1976, adquirido há quatro anos no site de compras Mercado Livre. "Paguei R$ 22 mil na época. O carro estava caindo aos pedaços, cheio de ferrugem, com teia de aranha, nem freio tinha", lembra Sharin, membro do Maverick Clube do Rio Grande do Sul.
Alexandre Scarin gastou cerca de R$ 50 mil reformando seu Maverick 1976 (Foto: Arquivo Pessoal)
Fã do modelo desde criança, quando divertia-se com o Maverick do pai, o chefe de cozinha investiu cerca de R$ 50 mil para deixar o Maveco "zero bala". Reformou todo o veículo e mandou instalar até ar-condicionado, tudo pelo amor à namorada, que queria um veículo confortável e, é claro, pelo próprio carro. "O barulho do V8 arrepria. Ele é testosterona puro", diverte-se ele, que refere-se ao Maverick como o "irmão brasileiro do Mustang  .
Enquanto Alexandre curte a "pegada masculina" do Maveco, Cleiton Neves, presidente do Maverick Clube de Brasília, ressalta a "feminilidade" do Ford. "As linhas lembram o formato de um corpo de uma mulher. Se você reparar bem, encontra uma semelhança da traseira dele com a de quadril feminino. Talvez seja por isso que eu goste tanto do carro", brinca Neves, dono de Maverick 1975.
Cleiton Neves pagou apenas R$ 2 mil em seu Maverick 1975. É ele quem reforma o carro sozinho e não faz contas de quanto gasta na brincadeira (Foto: Arquivo Pessoal)
Técnico automotivo, Cleiton é quem monta e desmonta seu carro. "Ninguém mexe nele, tenho ciúmes. É um playmobil de gente grande. Nunca paro de reformar, de tentar melhorar. É um carro mágico, bruto e rústico, do jeito que eu gosto", conta ele, que instalou sozinho o motor V8 no Maverick.
Rui Carlos de Araújo Filho também é adepto do "faça você mesmo". Piloto e mecânico, o membro do Maverick Clube do Rio de Janeiro transformou seu Maverick 1975 e preparou uma máquina bruta para a pista. "Eu mesmo fiz as modificações no carro, que despeja em torno de 500 cv e atinge 250 km/h de velocidade máxima", explica Rui. "Gosto dos aspectos mecânicos do Maverick. É um carro muito forte e que me traz um aspecto nostálgico, já que meu pai também é mecânico, fã do carro e viveu a época de lançamento do Maverick", finaliza Araújo.
O piloto Rui Carlos transformou seu Maverick 1975 em uma máquina bruta: despeja 500 cv de potência e atinge velocidade máxima de 250 km/h (Foto: Arquivo Pessoal)
 

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