Não estou falando dos esboços de Gordon Murray, nem do Ultim GTR que foi usado como protótipo. Esta é a história de como foi construída a primeira unidade de um dos maiores carros de todos os tempos, o McLaren F1.
Tudo começou com um cara que precisava pegar um avião e disse à equipe que “faça chuva ou sol, o primeiro carro deve estar andando até o Natal”. Esse cara era Gordon Murray, e na manhã de 23 de dezembro ele escolheu uma camisa colorida para combinar com seu bigode estiloso. Ele também tinha a chave do melhor carro do mundo, a materialização de sua genialidade engenheira. Ele estava determinado a dirigi-lo naquela manhã.
Aprendi tudo isso com o livro “Driving Ambition — A História Oficial do McLaren F1″, escrito por Doug Nye, Ron Dennis e Gordon Murray. Aqui está o resto da história, e ela fica ainda mais louca.
O primeiro monocoque/chassi protótipo
para o primeiro McLaren F1 “real” — com número de série XP1 — absorveu
6.000 horas de manufatura em Shalford, e depois foi entregue à Genesis —
pronto para receber o conjunto mecânico — no começo de dezembro de
1992.
“Gordon havia pedido que o primeiro
carro estivesse funcionando até o Natal, e a equipe trabalhou como
condenada para garantir que isso aconteceria”.
“Gordon tinha um voo marcado para a
África do Sul às 15h de 23 de dezembro. Ele estava implacavelmente
determinado a ser o primeiro a dirigir o carro, “mesmo que fosse por 10
ou 20 metros no estacionamento… muitos pensavam que ele havia abandonado
a prática de virar a noite trabalhando depois que saiu da Fórmula 1,
mas logo perceberam que não, mas todos foram fantásticos!”
A agitada finalização do “XP1″ ficou
conhecida na McLaren Cars desde então como “o fim de semana perdido”.
Ninguém dormiu. A esposa do mecânico Paul Flood estava prestes a dar à
luz. No meio da correria da McLaren ele tirou uma hora para acompanhar o
parto, e voltou correndo para trabalhar…
E você achou que seu chefe era severo! Ainda assim, acho que quando seu trabalho é o melhor
Na metade da manhã de 23 de dezembro,
a oficina da Genesis estava repleta de fantasmas pálidos e exaustos
enquanto o “XP1″ era colocado no chão da oficina. Com os técnicos em
eletrônica da TAG trabalhando, Gordon apertou o botão de partida e o
imenso V12 da BMW acordou para a vida. Embreagem pressionada, ele
engatou a marcha e soltou o pedal de embreagem… mas o McLaren F1 “XP1″
simplesmente continuou imóvel. A embreagem se recusava a acoplar.
Gordon: “Tentamos ajustá-la, mas ela perdeu o ajuste”. Tinha que ser
alguma falha de montagem, o eixo piloto muito longo, impedindo o
acoplamento. Os caras desparafusaram a caixa, a inclinaram, e colocaram
espaçadores para que a embreagem pudesse agarrar o volante”.
Assim no improviso o “XP1″ saiu da
oficina, cercado por tota a equipe da Genesis exultante estourando
champanhe. Aquela pequena revolução que estava prestes a reescrever os
padrões mundiais do alto desempenho automobilístico foi então dirigido
por cerca de 300 metros até a sede da TAG-McLaren no outro lado da rua
para ser pesado em uma balança de Fórmula 1. O resultado — ainda sem
algumas peças e sem pintura — foi 1.003 kg. Gordon realizou seu plano e
foi para casa dormir feliz, assim como o resto de sua equipe. Uma
merecida folga para a véspera de Natal
(Nota pessoal: preciso muito ter este livro)Agora que você sabe como tudo aconteceu, acho que é uma boa hora para mostrar as fotos que documentaram aquela manhã, vindas diretamente do baú de tesouros da McLaren. Farei o máximo para mantê-las em ordem cronológica:
A história do XP1 não durou muito. Durante um teste de clima quente no deserto da Namíbia, um engenheiro da BMW saiu da estrada a mais de 240 km/h e atingiu um meio-fio e saiu rolando pelo deserto até parar sobre seu teto em uma bagunça devastadora. Felizmente o chassi ficou inteiro, e o piloto conseguiu sair ileso pelo para-brisa quebrado, mas infelizmente o acidente tornou-se um desastre completo quando os fluidos do motor encontraram o coletor de escape aquecido e o carro entrou em chamas incontroláveis. O XP1 foi perdido para sempre.
Isso aconteceu no dia 24 de março de 1993, e a perda do XP1 foi um grande retrocesso para o desenvolvimento do carro, mas sem se deixar abalar pelo momento de azar, a equipe aumentou o ritmo.
Dizem que ao saber do acidente com o XP1, Ron Dennis juntou os restos do carro em uma caixa e a enterrou em um túmulo no Museu da McLaren. Nunca vi esse túmulo e não sei onde é o museu da McLaren, mas não consigo duvidar da história.
Mais tarde eles fizeram outro XP1, só para garantir….
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