O termo surgiu por aqui em 2002. Na época, estavam chegando as novas gerações do VW Polo e Chevrolet Corsa, logo depois de apresentadas na Europa.
Com as novidades, veio a dúvida: como denominar um carro compacto, mas que era um pouco maior e mais refinado que os modelos que existiam até então? Além disso, o Polo conviveria com o Gol e o Corsa com o Celta (além do Corsa antigo) – os dois novatos com preço mais alto, é claro. A ideia era que eles fizessem a ponte entre os hatches pequenos e os médios. Nascia o tal do “compacto premium”, uma definição obviamente criada pelo departamento de marketing, mas que acabou “pegando” no mercado.
A questão é que com o tempo as coisas foram se complicando. Marcas mais fortes em vendas, como VW e Fiat, chegam a ter quatro hatches compactos cada. Gol G4, Gol G5, Fox e Polo representando a marca alemã, e Mille, Uno, Palio e Punto (sem contar o 500!) pelo lado da empresa italiana. E muitas vezes eles se sobrepõem em preço. Por exemplo, um Fox equipadão sai mais caro que o Polo, enquanto um Palio com tudo que tem direito supera o Punto básico. E a confusão na cabeça do consumidor está instaurada.
Nos últimos meses a coisa embolou de vez. Por conta de sua construção caprichada e posicionamento de preço elevado nas versões topo de linha, já tem gente chamando o Hyundai HB20 de compacto premium. Bobagem: ele foi projetado e desenvolvido para encarar o Gol, por mais caros que sejam os modelos mais equipados. Aliás, a configuração de equipamentos é um dos fatores que dividem os “premium” dos “populares”. Chamar de premium um compacto que sequer oferece itens como ar digital, couro e teto solar me parece fora de questão.
Outra característica também usada para definir os compactos premium é a ausência de versões com motor 1.0. Hoje ficaríamos então com Chevrolet Sonic, Citroën C3, Fiat Punto, Ford New Fiesta, Peugeot 208 e VW Polo. Mas a própria Ford não considera o New Fiesta como premium. “Compacto premium é o Mini Cooper”, exemplificou o diretor de marketing da Ford, Oswaldo Ramos, em conversa durante o lançamento do novo modelo. Talvez pelo fato de que, entre esses rivais, o Fiesta tenha o acabamento mais simples. Mas, em compensação, é o único a oferecer recursos como câmbio de dupla embreagem, sete airbags e controle de estabilidade.
Como se vê, é uma questão complicada. Para mim, alguns modelos não podem ser considerados simples carros de entrada porque não o são em qualquer parte do mundo. Na Europa, por exemplo, a Ford tem o Ka, a VW tem o up!, a Fiat tem o Panda, a Peugeot tem o 107 e a Citroën o C1. Claro que aqui então não dava para ter o New Fiesta, o Polo, o Punto, o 208 e o C3 como modelos de acesso à gama – ainda que o Citroën seja, por uma questão de posicionamento da marca no Brasil.
No fim, o mais importante é que o consumidor saiba o que ele realmente deseja antes de decidir a compra. Um compacto cheio de mimos é muito bem-visto nesses tempos de cidades cada vez mais congestionadas: são ágeis no trânsito, fáceis de estacionar, econômicos e, em alguns casos, trazem equipamentos antes só vistos em carros maiores, que colaboram muito para o conforto no dia-adia. Se são chamados de premium ou não, pouco importa.
Disponível no(a):http://carplace.virgula.uol.com.br
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