Esta foto marca não apenas a última vitória de Nelson Piquet na Fórmula 1 (o GP do Canadá de 1991), mas principalmente celebra – da forma mais poética possível – algo que a categoria perderia três anos depois: o show pirotécnico das faíscas vindas do assoalho, tão exploradas em fotografias e campanhas publicitárias da época.
Mas afinal, qual era a razão para tantas faíscas? E por que elas sumiram?
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As faíscas são limalhas incandescentes do assoalho de titânio, geradas pelo atrito entre este e o asfalto. Os monopostos da Fórmula 1 tiram muita vantagem de correr tão colados ao solo: além do centro de gravidade mais baixo, isso confere maior eficácia aerodinâmica aos difusores centrais – apêndice aerodinâmico desenvolvido pelos engenheiros após a proibição dos carros com o famoso efeito-solo , criados no fim da década de 1970.
Como dá pra ver na imagem acima, os monopostos com efeito-solo transformavam a parte inferior das laterais em dois gigantescos difusores. Estes túneis aceleram a passagem de ar sob o assoalho pelo efeito Venturi e com isso geram enorme força descendente – o famoso downforce. Para não contaminar o fluxo com entrada de ar pelas laterais, os lados eram selados com escovas, faixas de borracha ou até um sistema retrátil.
Quando os dirigentes acabaram com a festa do efeito-solo, os engenheiros transferiram os difusores para o centro do assoalho – como dá pra ver no Jordan de 1991 das fotos acima. Quanto mais altos, longos e melhor isolados de perturbações aerodinâmicas estes túneis ficassem, melhor. Como atender ao último quesito – de quebra, potencializar o efeito Venturi? Simples: como o regulamento passou a exigir assoalhos planos (sem apêndices mais baixos que a sua superfície, prevenindo laterais seladas), os caras pregaram os carros a milímetros do asfalto.
Conforme a velocidade aumentava, a pressão aerodinâmica forçava o sistema de suspensão em direção ao chão. A conta mágica era deixar o fórmula lambendo o asfalto – mas, claro, sem contato permanente, pois atrito demais reduziria a velocidade e destruiria o assoalho.
Com o fim de reduzir a velocidade dos monopostos nas curvas, a partir de 1994 os dirigentes da FIA determinaram que todos os assoalhos teriam uma prancha de madeira com 10 mm de espessura – checada após cada corrida. Se o desgaste fosse maior do que 1 mm, o carro estaria automaticamente desclassificado – como aconteceu com Michael Schumacher no GP da Bélgica daquele ano. Além disso, o comprimento dos difusores foi reduzido ano após ano.
A prancha, usada até hoje, veio para afastar os monopostos um pouco do asfalto e reduzir o excesso de dependência aerodinâmica da categoria – mas a consequência mais grave, para o público, pelo menos, foi o fim do show das faíscas. Hoje, você só vê faíscas na Fórmula 1 em situações bastante específicas – e em quantidades bem mixurucas, se comparadas aos anos 1980…
Hoje em dia…
…e em 1987.
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