Derivado das 24h de Le Mans, campeonato com provas de longa duração terá etapa em Interlagos e brasileiros na luta por vitórias nas quatro classes
Remontado pela FIA em 2012 como laboratório para o desenvolvimento de
tecnologias para os carros de rua, o Mundial de Endurance é um
campeonato de automobilismo no qual os competidores precisam aliar
velocidade e resistência. Derivado das lendárias 24 Horas de Le Mans –
uma das provas mais tradicionais do planeta, disputada anualmente no
circuito francês desde 1923 –, o torneio terá novamente uma corrida em
Interlagos, São Paulo, no início de setembro. Com oito etapas, a
competição começa neste fim de semana em Silverstone, na Inglaterra.
Todas as quatro classes terão brasileiros na briga por vitórias em 2013:
Lucas di Grassi na P1 e Antonio Pizzonia na P2, pilotando protótipos, além de Bruno Senna
na GTE Pro e Fernando Rees na GTE Am, guiando esportivos de alta
performance. As categorias competem juntas na pista, mas pontuam
separadamente. Cada carro deve ser revezado por pelo menos dois pilotos.
- Será pauleira o tempo inteiro, porque os carros são muito confiáveis. Em Sebring, apenas três tiveram algum problema mecânico apesar da longa duração da prova. As Ferrari demonstraram uma grande consistência e um consumo de combustível menor, o que ajuda muito em corridas deste tipo. A Porsche usou uma versão antiga, mas vai ter o carro novo aqui, que certamente será rápido como são tradicionalmente os modelos da marca. Em Le Mans será ainda mais complicado, porque várias fábricas estão se preparando especialmente para essa prova – ressalta Bruno.
Com carros similares, as duas categorias reservadas aos modelos de Gran Turismo se diferenciam pelo nível técnico dos pilotos, o que fica claro em suas nomenclaturas. Enquanto a GTE Pro é reservada aos pilotos profissionais, na GTE Am também podem ser inscritos os chamados “gentlemen drivers”. O brasileiro Fernando Rees integra o time que é o atual campeão desta categoria, e segue com chances de levar o título. Pilotando o Corvette C6R preparado pela Larbre Competition, ele prefere não arriscar um palpite sobre o real potencial do modelo para este ano, devido a uma nova adequação de performance aplicada pela FIA, já que os Porsches, Ferraris, Corvettes e Aston Martins são de concepções diferentes e precisam ser equalizados tecnicamente.
- O campeonato está certamente mais forte este ano. Minha categoria terá oito carros nesta primeira prova, em Silverstone, enquanto na outra categoria de GTs serão apenas seis. Temos também pilotos experientes entrando em carros muito competitivos, será bem interessante! Os Aston Martin e os Porsche serão os maiores beneficiados com as mudanças. Para as Ferrari, não muda muita coisa. E para nós, no Corvette, muda tudo. Estamos com muita dificuldade de aproveitar os dados de telemetria do ano passado – conta Rees.
Porém, quando o assunto é velocidade, quem anda na frente nas corridas do Mundial de Endurance é a turma dos protótipos – máquinas construídas especificamente para competição, ao contrário dos esportivos de série das classes GTE. Entre os protótipos, também há duas categorias distintas, a P1 e a P2. O regulamento permite a presença de um “gentlemen driver” por equipe na P2, mas o fator de desvantagem não é apenas humano: seus carros não andam tão próximos da P1 porque competem com motores menos potentes que os da classe principal.
O representante brasileiro na categoria P2 em Silverstone será Antonio Pizzonia, piloto de renome internacional que integrou o grid da Fórmula 1 entre 2003 e 2005, antes de correr na Stock Car. Com o apoio da Nissan, o amazonense vai integrar um dos trios da equipe Delta-ADR, que corre com um protótipo Oreca. Esta será a estreia dele neste campeonato, e um de seus adversários será o italiano Vitantonio Liuzzi, seu contemporâneo na F-1.
- Hoje a gente tem visto pilotos profissionais de talento migrando da F-1 para grandes campeonatos, como o DTM (Alemão de Turismo) e o WEC. Estar na melhor equipe e na principal categoria é um sonho, e acertei um contrato muito melhor do que qualquer um que eu havia fechado na minha vida. Estou muito impressionado com o profissionalismo e a tecnologia criada e investida pela Audi no Endurance, e muito confiante de que nos próximos anos terei a chance de escrever meu nome na história como o primeiro brasileiro a vencer Le Mans. Algo muito mais importante do que qualquer coisa que eu conquistei até agora – diz Lucas.
Os times independentes da P1 também têm nomes conhecidos do público em seus carros, e podem surpreender. Caso da Rebellion Racing, que compete com conjuntos Lola-Toyota. Também com dois carros, o time suíço tem em um dos cockpits o experiente alemão Nick Heidfeld, que disputou 183 GPs de F-1 entre 2000 e 2011, e o francês Nicolas Prost, filho do tetracampeão mundial Alain Prost e fã declarado de Ayrton Senna, que também acumula a função de piloto de testes da Lotus na F-1.
As oito etapas do Mundial de Endurance serão transmitidas pelos canais SporTV em horários alternativos, com exceção das Seis Horas de São Paulo e das 24 Horas de Le Mans, que terão transmissão ao vivo. Veja o calendário completo:
14 de abril – Seis Horas de Silverstone (ING)
4 de maio – Seis Horas de Spa-Francorchamps (BEL)
22 a 23 de junho – 24 Horas de Le Mans (FRA)
1 de setembro – Seis Horas de São Paulo (BRA)
22 de setembro – Seis Horas de Austin (EUA)
20 de outubro – Seis Horas de Fuji (JAP)
10 de novembro – Seis Horas de Xangai (CHI)
30 de novembro – Seis Horas do Bahrein (BAH)
Largada das Seis Horas de São Paulo 2012, etapa brasileira do Mundial de Endurance (Foto: Divulgação)
Bruno, aliás, é um dos pilotos que trocaram a Fórmula 1 pelo WEC (sigla
em inglês para World Endurance Championship) nesta temporada. Após três
anos pilotando para as equipes HRT, Renault (atual Lotus) e Williams, o
sobrinho do tricampeão mundial Ayrton Senna atendeu ao chamado da Aston
Martin para guiar um dos modelos Vantage inscritos na GTE Pro. A
montadora inglesa, que completa um século em 2013, ampliou seu
investimento e fez melhorias em 30% das peças de seu carro para conter o
domínio dos modelos F458 Italia da Ferrari.
Reforço no WEC, Kamui Kobayashi visita a fábrica da Ferrari em Maranello (Foto: Divulgação)
Atual campeã com Gianmaria Bruni e Giancarlo Fisichella ao volante, a
fábrica de Maranello reforçou seu time neste ano com outro ex-Fórmula 1.
Depois de três temporadas na Sauber, o japonês Kamui Kobayashi
pilotará um dos esportivos vermelhos oficiais, preparados pela Scuderia
AF Corse. Bruno cita suas impressões das 12 Horas de Sebring, prova
usada como uma espécie de pré-temporada por muitas equipes, para
enumerar seus principais rivais no campeonato.- Será pauleira o tempo inteiro, porque os carros são muito confiáveis. Em Sebring, apenas três tiveram algum problema mecânico apesar da longa duração da prova. As Ferrari demonstraram uma grande consistência e um consumo de combustível menor, o que ajuda muito em corridas deste tipo. A Porsche usou uma versão antiga, mas vai ter o carro novo aqui, que certamente será rápido como são tradicionalmente os modelos da marca. Em Le Mans será ainda mais complicado, porque várias fábricas estão se preparando especialmente para essa prova – ressalta Bruno.
Bruno Senna experimentou o Aston Martin do Mundial de Endurance em Sebring (Foto: Divulgação)
Carros iguais, classes diferentesCom carros similares, as duas categorias reservadas aos modelos de Gran Turismo se diferenciam pelo nível técnico dos pilotos, o que fica claro em suas nomenclaturas. Enquanto a GTE Pro é reservada aos pilotos profissionais, na GTE Am também podem ser inscritos os chamados “gentlemen drivers”. O brasileiro Fernando Rees integra o time que é o atual campeão desta categoria, e segue com chances de levar o título. Pilotando o Corvette C6R preparado pela Larbre Competition, ele prefere não arriscar um palpite sobre o real potencial do modelo para este ano, devido a uma nova adequação de performance aplicada pela FIA, já que os Porsches, Ferraris, Corvettes e Aston Martins são de concepções diferentes e precisam ser equalizados tecnicamente.
- O campeonato está certamente mais forte este ano. Minha categoria terá oito carros nesta primeira prova, em Silverstone, enquanto na outra categoria de GTs serão apenas seis. Temos também pilotos experientes entrando em carros muito competitivos, será bem interessante! Os Aston Martin e os Porsche serão os maiores beneficiados com as mudanças. Para as Ferrari, não muda muita coisa. E para nós, no Corvette, muda tudo. Estamos com muita dificuldade de aproveitar os dados de telemetria do ano passado – conta Rees.
Brasileiro Fernando Rees compete na classe GTE Am do Mundial de Endurance (Foto: Divulgação)
Protótipos lideram corrida tecnológicaPorém, quando o assunto é velocidade, quem anda na frente nas corridas do Mundial de Endurance é a turma dos protótipos – máquinas construídas especificamente para competição, ao contrário dos esportivos de série das classes GTE. Entre os protótipos, também há duas categorias distintas, a P1 e a P2. O regulamento permite a presença de um “gentlemen driver” por equipe na P2, mas o fator de desvantagem não é apenas humano: seus carros não andam tão próximos da P1 porque competem com motores menos potentes que os da classe principal.
O representante brasileiro na categoria P2 em Silverstone será Antonio Pizzonia, piloto de renome internacional que integrou o grid da Fórmula 1 entre 2003 e 2005, antes de correr na Stock Car. Com o apoio da Nissan, o amazonense vai integrar um dos trios da equipe Delta-ADR, que corre com um protótipo Oreca. Esta será a estreia dele neste campeonato, e um de seus adversários será o italiano Vitantonio Liuzzi, seu contemporâneo na F-1.
Estreando no WEC, Antonio Pizzonia guia o protótipo Delta-ADR da classe P2 (Foto: Divulgação)
- Corri na Inglaterra por muitos anos e é muito legal voltar. Será
minha primeira experiência e estou bastante feliz com essa
possibilidade. É um novo desafio para mim, uma corrida longa de seis
horas. Espero que seja a primeira de muitas. Esta é uma equipe muito
boa, e que já tenho um certo entrosamento, pois andei com eles por dois
anos na Fórmula Superliga – explica Pizzonia, que não tem lugar
garantido para toda a temporada.
Lucas di Grassi integra o supertime da Audi e está garantido nas 24h de Le Mans (Foto: Divulgação)
Outra diferença da P2 para a classe principal é que grandes montadoras
usam as pistas para testar novas tecnologias, como os carros de
propulsão híbrida, utilizando simultaneamente motores elétricos e a
gasolina, ou elétricos e a diesel. Único brasileiro na P1, Lucas di
Grassi assegurou uma vaga no poderoso esquadrão da Audi após disputar as
Seis Horas de São Paulo em 2012 e mostrar um desempenho excelente,
ainda mais para alguém que nunca tinha corrido com um protótipo. No
entanto, o brasileiro – que correu na Fórmula 1 em 2010 e atualmente
trabalha como piloto de testes da fornecedora de pneus da categoria –
não disputará a prova de Silverstone, já que só está escalado para duas
corridas neste ano: as Seis Horas de Spa-Francorchamps, na Bélgica, e as
24 Horas de Le Mans.- Hoje a gente tem visto pilotos profissionais de talento migrando da F-1 para grandes campeonatos, como o DTM (Alemão de Turismo) e o WEC. Estar na melhor equipe e na principal categoria é um sonho, e acertei um contrato muito melhor do que qualquer um que eu havia fechado na minha vida. Estou muito impressionado com o profissionalismo e a tecnologia criada e investida pela Audi no Endurance, e muito confiante de que nos próximos anos terei a chance de escrever meu nome na história como o primeiro brasileiro a vencer Le Mans. Algo muito mais importante do que qualquer coisa que eu conquistei até agora – diz Lucas.
Com experiência de F-1, Lucas di Grassi guiará o Audi com motor híbrido no WEC (Foto: Divulgação)
A Audi começa o campeonato com o trio campeão de 2012 no carro 1 (André
Lotterer / Marcel Fässler / Benoît Tréluyer), e o octacampeão de Le
Mans, Tom Kristensen, comandando o trio do carro 2. Os grandes
adversários dos alemães serão os japoneses da Toyota, que dobraram o
efetivo de 2012 e vão competir com dois carros neste ano. Além do bólido
capitaneado pelo austríaco Alexander Wurz, ex-piloto das equipes
Benetton, McLaren e Williams, a equipe trouxe para o outro cockpit o
suíço Sebastien Buemi,
ex-piloto da STR e atual reserva da RBR na Fórmula 1. Os projetos das
duas montadoras se baseiam no desenvolvimento de tecnologias criadas com
dois propósitos claros: aumentar a performance dos carros de corrida e
chegar aos carros de rua em curto prazo.
Nicolas Prost, filho de Alain Prost, disputa a classe P1 por um time independente (Foto: Divulgação)
Independentes podem incomodarOs times independentes da P1 também têm nomes conhecidos do público em seus carros, e podem surpreender. Caso da Rebellion Racing, que compete com conjuntos Lola-Toyota. Também com dois carros, o time suíço tem em um dos cockpits o experiente alemão Nick Heidfeld, que disputou 183 GPs de F-1 entre 2000 e 2011, e o francês Nicolas Prost, filho do tetracampeão mundial Alain Prost e fã declarado de Ayrton Senna, que também acumula a função de piloto de testes da Lotus na F-1.
As oito etapas do Mundial de Endurance serão transmitidas pelos canais SporTV em horários alternativos, com exceção das Seis Horas de São Paulo e das 24 Horas de Le Mans, que terão transmissão ao vivo. Veja o calendário completo:
14 de abril – Seis Horas de Silverstone (ING)
4 de maio – Seis Horas de Spa-Francorchamps (BEL)
22 a 23 de junho – 24 Horas de Le Mans (FRA)
1 de setembro – Seis Horas de São Paulo (BRA)
22 de setembro – Seis Horas de Austin (EUA)
20 de outubro – Seis Horas de Fuji (JAP)
10 de novembro – Seis Horas de Xangai (CHI)
30 de novembro – Seis Horas do Bahrein (BAH)
Temporada do WEC vai até o dia 30 de novembro, com as Seis Horas do Bahrein (Foto: Divulgação)
Disponível no(a):http://globoesporte.globo.com
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