Top Five: os esportivos favoritos que pude acelerar

Outro dia, me perguntaram em uma festa qual foi o carro mais fodástico que pude guiar. E exatamente como um nerd xavecando uma garota na balada, eu travei – simplesmente nunca tinha parado para pensar a respeito disso! Bem, ontem eu parei para pensar e hoje compartilho com vocês: a lista dos esportivos mais incríveis que pude acelerar!

Para ter algum critério na lista, selecionei apenas carros que podem/podiam ser comprados (ou seja, um automóvel preparado pelo dono não conta) e que foram fabricados na última década. Ah, e vale lembrar duas outras coisas: só estão contando carros nos quais eu estive no banco do motorista e esta não é uma lista do tipo Super Trunfo – aqui, o que conta é a emoção, o tesão ao volante, e não os números de ficha técnica.

1 – Mercedes-Benz SLS Black Series e Ferrari 458 Italia 630 Carbon Edition Oakley Design (empate técnico)

Mercedes-Benz SLS Black Series
São 61 cv a mais (631 cv), 70 kg a menos (1.550 kg), quase nenhum isolamento termoacústico, um ronco absurdo do V8 6.2 girando a 8.000 rpm, freios carbono-cerâmica, suspensão mais de 50% mais dura que o SLS original e uma dinâmica absurdamente neutra – graças ao novo diferencial de bloqueio controlado eletronicamente. Em resumo, o SLS deixou de ser aquele roadster com tempero de supercarro para virar um carro de corrida com placas e ar-condicionado. Sua relação peso-potência é de 2,45 kg por cv, quase idêntica à da Ferrari 458 Italia. 0 a 100 km/h em 3,6 s.

Mas o melhor mesmo é que estes números absurdos não emocionam tanto quanto pilotá-lo. Suas reações são cruas, nervosas – é aquele tipo de carro que faz questão de te informar sensorialmente que você está indo muito rápido e que coisas ruins podem acontecer. No modo Sport Plus, não faz a menor questão de salvá-lo de sua estupidez – ele foi todo reprogramado para ir rápido, apenas isso. Outra coisa sensacional: o SLS Black Series é um supercarro com pegada de roadster clássico, com motor central-dianteiro, portas asas-de-gaivota e visibilidade traseira digna. Ele é um sleeper – dentro do universo dos supercarros milionários, claro.


Ferrari 458 Italia 630 Carbon Edition Oakley Design
Seu ronco do escape em titânio foi a coisa mais ardida que já ouvi em um carro de rua. Com 639 cv, 1315 kg (65 kg a menos que a 458 original) e só sete unidades construídas pela preparadora inglesa Oakley Design (nada a ver com os óculos), este foi o esportivo mais exclusivo que pude acelerar – e com a etiqueta de R$ 1,5 milhão (preço pedido na época pela Majestik), também foi o mais caro. O lado ruim da história é que tive de andar neste carro dentro da cidade de São Paulo, desviando de bueiros que mais pareciam com vulcões Etna e de motoboys que se transformaram em primos do Godzilla…

Mas confesso: não resisti ao hooning e saí da locação das fotos em um pequeno powerslide – e fiquei embasbacado em sentir como este carro é controlável andando de lado. Não, não havia absolutamente nenhum carro ou ninguém em volta. O torque em baixa deste motor também impressiona: ele enche os cilindros como uma moto e explode os seus tímpanos com 9.000 rpm de música mecânica italiana! É algo indescritível.
Tecnicamente, este é o carro mais veloz que eu já pude acelerar. Pessoalmente, não sou muito fã de automóveis de motor central-traseiro. Mas se há um carro pelo qual eu diria um sonoro foda-se e o idolatraria mesmo assim, bem, é esta Ferrari Oakley. Pense no seguinte: toda Ferrari já é apaixonante por si. E esta é uma versão apimentada! É como se a Megan Fox ou a Mila Kunis conseguissem ficar ainda mais gost elegantes do que já são.

3) Aston Martin Vantage V8 S

Ele tem a rapidez, comunicabilidade e fluidez dinâmica de um Porsche Boxster – mesmo pesando 1.610 kg. Sua carroceria de alumínio acabada à mão tem classe comparável ao que seria um E-Type contemporâneo. E, mesmo assim, nós estamos fadados a enxergar o Aston Martin como o carro de luxo de James Bond – e não como um superesportivo que bate pesado em quem subestimar uma tradição de 100 anos no automobilismo.

Eu tive a sorte de poder acelerar todos os cupês (exceto o One-77) em uma pista de testes montanhosa comparável a Nürburgring, em menor escala. Lá, eu descobri que o melhor Aston não é o mais caro. O carro favorito de todos os pilotos de teste da marca é o Vantage S – que, a exemplo do Boxster em relação ao 911 ou do 1M em relação ao M3, foi estrangulado para não cometer fraticídio: afinal, o mais caro precisa ser mais rápido dentro da mesma família. Bem, basta colocar pneus melhores, amortecedores pouca coisa mais firmes e algumas alterações de mapeamento e fluxo do motor para você engolir qualquer Aston Martin com este cara aqui – e, de quebra, você leva alguns Porsche e Ferrari na sacola.

4) Porsche 911 Turbo 997

Já acelerei mais de uma dúzia de carros que atingem os 100 km/h na faixa entre 3,7 s e 4,7 s. É algo impressionante e algo violento, especialmente nas primeiras vezes. Mas a diferença sentida no corpo entre um carro que chega a 100 km/h em 3,7 s e um que o faz em três segundos cravados é quase indescritível. É mais ou menos a diferença entre ser empurrado e esmurrado na coluna.
Para se ter uma ideia do que a tração integral mais o câmbio PDK e o gerenciamento de controle de largada da Porsche fazem, a aceleração longitudinal do 997 Turbo gera um pico acima de 1,2 G no primeiro instante da largada. Bugatti Veyron? 1,18 G, coitadinho. Detalhe: com 500 cv em seu boxer 3.8 24V, o 911 Turbo tem menos da metade da potência do Veyron.

A pancada é tão forte que a primeira vez em que larguei, minhas mãos foram cuspidas do volante. Na segunda vez, quando olhei para o conta-giros para passar de marcha, ele já estava na segunda marcha, a caminho da terceira – no modo de largada, ele passa as marchas sozinho, ciente de que o pseudo-piloto não vai dar conta do recado. Sabe aquela sensação à la Star Trek quando a turminha do Velozes e Furiosos aciona o nitro? Bem, aqui é real.

5) Audi RS4

Enquanto me deliciava com a transferência de peso cortante e precisa do RS4 nos “esses” que levam às últimas curvas do autódromo de Zeltweg (Áustria), hoje conhecido como Red Bull Ring, ria sozinho. Afinal, estava dentro de um veículo familiar! Não sei em qual família a Audi estava pensando quando projetou o RS4 – talvez nos Andretti ou nos Fittipaldi -, mas é exatamente isso que faz dela um dos carros mais incríveis do mundo. E a cereja do bolo: não há RS4 sedã.


Para colaborar com a sensação de paraxo, seu V8 4.2 de 450 cv gira inacreditáveis 8.250 rpm – é o mesmo motor do Audi R8, com algumas modificações externas devido à configuração diferente de carroceria. É fácil você se esquecer de que está numa perua, principalmente quando você crava nos freios de carbono-cerâmica com enormes pinças de seis pistões: a desaceleração é igual à de qualquer superesportivo – e o 0 a 100 km/h de 4,7 s é capaz de deixar muito dito esportivo comendo poeira. Deste Top Five, este seria o carro que eu escolheria como companheiro. Dá pra fazer tudo com o RS4: passear com a família, viajar com a namorada (e toda a sua bagagem), correr num autódromo. É pra casar.


Há muitos outros carros em que tive experiências incríveis, mas que ficaram fora deste top apenas por questão de hierarquia emocional: Mercedes-Benz C63 Black Series, Porsche Boxster S, BMW 1M, Audi R8 V10 GT BMW M3, Mercedes-Benz SLK55 AMG, Mini Cooper John Cooper Works. Também ainda não pude acelerar nenhum Lamborghini, Nissan GTR, Corvette C6/C7, Porsche GT2 ou o carro que mais sonho em pilotar: o Dodge Viper.
Eu sei – neste momento vocês estão me vendo como o maior filho da p sortudo do planeta – e que ainda é pago para acelerar estes monstros. Bem, estas são as cachaças – é fácil se orgulhar dos melhores momentos da retrospectiva, não é mesmo? Mas outro dia conto para vocês os piores momentos. Daí vocês vão ver que a rapadura é doce, mas não é mole!

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