28 de mar. de 2013

Teste: Chery Celer - Por um lugar ao sol

Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias
Teste: Chery Celer - Por um lugar ao sol
Com o Celer, Chery reedita a velha tática de lançar automóveis bem equipados com preço competitivo


Embora a China seja o maior mercado automotivo do planeta, as montadoras de lá ainda estão longe de ter tradição na indústria mundial. Por isso, do mesmo modo que as fabricantes japonesas fizeram nos anos 70 e as sul-coreanas nos anos 90, as marcas chinesas que se lançam ao mundo precisam oferecer algo a mais.
E a Chery, apesar de “jovem” – a empresa foi fundada em 1997, na cidade de Wuhu –, já conhece as “regras do jogo”. O Celer é um bom exemplo disso. No novo compacto, que a partir de abril de 2014 será o primeiro carro da marca “made in Brazil”, a fabricante adotou uma estratégia comum a outras empresas que precisam "abrir espaço" em mercados onde são pouco conhecidas e enfrentam concorrentes bem sedimentados. Se, no Brasil, normalmente os modelos de entrada são oferecidos "pelados", sem qualquer atrativo, a fabricante decidiu encher o Celer de equipamentos de série. Com muitos itens de segurança e conforto considerados opcionais pelos rivais, a Chery aposta no marketing do recheio com preço competitivo. Ou seja, o bom e velho "leve mais por menos", que deu certo com japoneses, coreanos e começa a embalar as vendas dos modelos chineses pelo mundo afora.

Disponível em versões hatch e sedã, o Celer chega da China na mesma faixa de preços de modelos consagrados no mercado nacional, como o Volkswagen Gol/Voyage e Fiat Palio/Siena, e outros recém-chegados, mas que já começaram a alcançar resultados expressivos, como Hyundai HB20/HB20S e Chevrolet Onix/Prisma. A Chery cobra R$ 35.990 pelo Celer hatch R$ 36.990 pelo sedã. A versão de entrada do Gol 1.0 custa R$ 27.900, mas airbag, ar-condicionado e direção hidráulica são opcionais. Caso queira incluí-los, o preço chega a R$ 33.724. Já no compacto da Hyundai, a versão 1.0 de entrada vem com os três equipamentos e custa R$ 32.935. No Celer, além desses itens, ainda vêm de fábrica trio elétrico, sistema de som, ajustes da coluna de direção, computador de bordo e freios ABS. E o motor é 1.5 litro.


Desenvolvida sobre uma plataforma totalmente nova, a atual geração do Celer – o modelo foi apresentado originalmente em 2008 – é o primeiro projeto global da Chery, que escolheu o estúdio italiano Torino Design para cuidar da aparência. O carro tem a linha de cintura alta e alguns vincos, que tentam conferir certa robustez à silhueta do compacto. Na frente, grade e farol se unem e formam um “V” na junção com o capô. Na lateral, se destacam os vidros grandes – principalmente o traseiro. Os designers ainda usaram alguns equipamentos – também oferecidos de série – que melhoram o visual do compacto, como os faróis de neblina e rodas de liga leve de 15 polegadas nas duas versões e aerofólio, disponível apenas no hatch.

Nas duas opções de carroceria, o mesmo motor. O Celer traz sob o capô um propulsor 1.5 flex – tecnologia bicombustível desenvolvida pela Delphi em Piracicaba – com 108 cv de potência, alcançados às 6 mil rpm. O torque, de 15 kgfm, é disponibilizado totalmente aos 3 mil giros, para preparar o compacto para o uso urbano. Uma transmissão manual de cinco velocidades completa o conjunto, que permite ao Celer chegar aos 160 km/h de velocidade máxima.

Antes de entrar na linha de produção brasileira de Jacareí, em São Paulo – o que acontecerá a partir do primeiro semestre de 2014 –, o Celer chega ao Brasil por importação, direto de Wuhu, na China. A unidade paulista, porém, terá importante papel no processo de expansão global da Chery. A fábrica será a primeira da marca a funcionar em regime completo de produção – não apenas no sistema CKD – fora do país natal e terá capacidade para entregar cerca de 150 mil unidades anualmente. A expectativa da fabricante com o Celer é de comercializar 6 mil unidades em 2013, sendo o hatch responsável por 80% do mix de vendas. Depois do Celer, um subcompacto deverá ser o próximo Chery brasileiro. Mas, antes disso, a marca trará da China um novo Tiggo, com direito a versão com câmbio automático.



Primeiras impressões


Soma dos detalhes

por Luiz Humberto Monteiro Pereira
Auto Press

Jacareí/SP - Por fora, o design italiano do Celer causa boa impressão. Por dentro, o hatch avaliado – num inusitado tom de dourado – revelou um acabamento mediano, com direito a algumas juntas fora de simetria e um ou outro acabamento pouco refinado ou moldura mal ajustada. Pelo menos os materiais utilizados nos revestimentos internos, apesar de simples, não aparentam má qualidade. E a escolha das cores internas é sóbria, dentro do padrão brasileiro.

O mesmo ocorre com o design interno e a ergonomia – opções conservadoras, sem nada muito ousado, mas que também não deixam a desejar em relação aos compactos da mesma faixa de preços disponíveis no mercado brasileiro.  O volante parece um tanto hipertrofiado  – é maior do que o da versão vendida na China –, mas oferece boa pegada e facilita o acesso visual aos mostradores do tablier. Lá estão o medidor de combustível, velocímetro, conta-giros e medidor da temperatura da água, além do "computador de bordo" que oferece poucas informações – hora, hodômetro parcial e consumo instantâneo. Mesmo assim, o consumo instantâneo aparece em litros por 100 km, dentro do padrão em que essa informação é disponibilizada na China. Informações úteis, como consumo médio e autonomia, não estão disponíveis. Os revestimentos do painel são todos em plástico duro, diferentemente do modelo vendido no mercado chinês, que conta com superfícies "soft touch". O rádio CD Player é bem simples e o acesso USB é para mini-USB – para escutar músicas de um pendrive, é necessário utilizar um cabo adaptador. Já a alavanca de seta é um pouco "teimosa" e difícil de desacionar – eventualmente se acaba colocando a seta para o sentido oposto, antes de conseguir acertar o ponto correto.



Em termos de espaço, o Celer leva confortavelmente quatro pessoas, dentro dos padrão normal dos compactos. Para levar cinco, até há um cinto abdminal no assento traseiro central, mas não há apoio de cabeça, o que torna recomendável só colocar ali crianças até 1,40 metro ou cadeirinhas de bebê. Para as bagagens, o porta-malas de 380 litros é razoável para um hatch compacto. No caso de sedã, o Celer tem uma característica curiosa. Ao acessar seu porta-malas de 450 litros, a tampa abre junto com o vidro traseira, no estilo "notchback", como se fosse uma perua. Os porta-objetos das portas dianteiras são estreitos e só permitem levar mapas ou revistas. Garrafas, só nas portas traseiras ou num nicho situado atrás do freio de mão – que atende melhor os ocupantes da traseira que os da dianteira. Já o porta-luvas é profundo e espaçoso.

Dinamicamente, o carro acelera de maneira coerente com sua motorização 1.5 de 108 cv e oferece retomadas de velocidade razoáveis. Para ajudar a rentabilizar a força do motor, o câmbio manual de cinco marchas oferece bons engates. Apesar do trecho restrito e com poucas curvas, o breve contato permitiu perceber que pelo menos algumas características típicas dos automóveis chineses foram preservadas. Uma delas é a suspensão "molenga". Embora a Chery do Brasil afirme que a suspensão foi totalmente retrabalhada para a comercialização do Celer no mercado brasileiro, o modelo importado da China ainda oscila mais que o recomendável nas curvas de alta e nas freiadas. Quando submetido a um pequenino trecho de uma estradinha esburacada de terra, no local onde será construída a fábrica da marca em Jacareí, a transmissão fez mais barulhos que o esperado e o carro sacudiu bastante. O ruido interno alto, vindo tanto do contato das rodas com o solo quanto do motor, também é comum aos automóveis "made in China", que frequentemente apresentam baixo nível de isolamento acústico. Outra característica comum aos veículos chineses que aparece no Celer é o cheiro de óleo lubrificante no habitáculo. Pelo jeito, os chineses ainda precisam ser apresentados ao conceito de "cheirinho de carro novo".



Ficha técnica

Chery Celer 1.5

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.496 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e injeção direta de combustível.
Transmissão: Manual de cinco marchas à frente e uma a ré.
Potência máxima: 108 cv a 6 mil rpm.
Torque máximo: 14 kgfm a 3 mil rpm.
Aceleração 0-100 km/h: N/I.
Velocidade máxima: 160 km/h.
Diâmetro e curso: 77,4 mm x 79,5 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira McPherson, com mola helicoidal cilíndrica e amortecedor telescópico de dupla ação. Traseira semi-independente com braço oscilante longitudinal.
Pneus: 185/60 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EDB.
Carroceria: Hatch (sedã) em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,13 metros (4,26 m) de comprimento, 1,68 m de largura, 1,49 m de altura e 2,52 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais.
Peso: 1.200 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 380 litros no hatch e 450 litros no sedã.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Wuhu, China.
Lançamento no Brasil: 2013.
Itens de série: Ar-condicionado, vidros e travas elétricas, direção hidráulica, travamento das portas a distância, airbags frontais, freios ABS com EBD, faróis de neblina dianteiro e traseiro, sistema de som rádio/CD/MP3/USB, vidros traseiros elétricos, rodas de liga-leve de 15 polegadas, ajustes do banco de motorista, de altura do farol e de posição da coluna de direção, bancos traseiros rebatíveis e indicador de consumo de combustível.
Preço: Hatch: R$ 35.990. Sedã: R$ 36.990.

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