9 de mar. de 2013

Memoria:Há 10 anos, Coulthard vencia pela última vez na F1


David Coulthard celebra vitória no GP da Austrália de 2003, sua 13ª e última na F1David Coulthard celebra vitória no GP da Austrália de 2003, sua 13ª e última na F1 
 
Em 9 de março de 2003, David Coulthard erguia os braços para celebrar, na linha de chegada do GP da Austrália, etapa de abertura daquele ano, sua 13ª vitória na F1. Como corria por uma equipe grande, a McLaren, e tinha apenas 31 anos (mesma idade de Fernando Alonso nos dias atuais), nem ele e nem ninguém poderia imaginar que aquela seria seu último triunfo na categoria.

É claro que DC não foi um gênio do esporte. Muitos até o contestam por ter competido durante 11 temporadas em times de ponta (Williams e McLaren), mesmo sem ter mostrado, especialmente em 98 e 99, quando pegou os melhores conjuntos, predicados necessários para ser campeão mundial.
Mas era um bom piloto, o escocês. Melhor do que muitos de seus críticos querem fazer crer e também com uma série de passagens legais pela carreira. Foi ele, por exemplo, o detentor da marca mais de mais jovem competidor a fazer um hat trick (pole position, vitória e volta mais rápida em uma mesma prova), no GP de Portugal de 1995, sua primeira vez no degrau mais alto do pódio. Tendo 24 anos, cinco meses e 28 dias quando atingiu o feito, David só seria superado 12 verões mais tarde, momento em que Lewis Hamilton fez um hat trick no chuvoso GP do Japão de 2007, ainda na tenra idade dos 22.
Coulthard também é o responsável por conquistar uma vitória – a da etapa da França de 2000 -, somente um mês após sobreviver a um acidente de avião, e ainda com direito a mostrar o dedo do meio a ninguém menos que Michael Schumacher durante a prova, após ser bloqueado pelo gênio em disputa pela liderança. Isso fora o pódio vestido de Super Homem, no GP de Mônaco de 2006, as incontáveis histórias de bon vivant e seu belo arsenal de namoradas. Pois, sim, David Coulthard era um personagem interessante para uma F1 que já estava bastante burocrática e robótica.
Schumacher lidera o pelotão na largada do GP da Austrália de 2003
Schumacher lidera o pelotão na largada do GP da Austrália de 2003
Voltando ao GP da Austrália de 2003: aquela corrida marcava um novo momento da F1, com mudanças radicais nos regulamentos técnico e esportivo, tendo como principal objetivo evitar a manutençãoda hegemonia de Michael Schumacher e da Ferrari, campeões dos últimos três anos consecutivos. Conforme a História nos conta, o intento se mostraria um fracasso pelas duas temporadas seguintes, mas isso é assunto para outra oportunidade.
Para ser bem-sucedida em sua tentativa de equalizar a disputa, a FIA impôs um novo sistema de pontuação, substituindo o 10-6-4-3-2-1 pelo 10-8-6-5-4-3-2-1. Desta feita, a lista de pilotos contemplados a cada etapa subia de seis para oito, assim como siminuía sensivelmente o peso da vitória. Na caça a Michael, também houve o banimento do jogo de equipe (em decorrência do famigerado GP da Áustria do ano anterior), da presença de carros reservas na garagem e do uso de chassis e motores especiais para classificação. Sendo assim, o mesmo conjunto deveria ser usado tanto na tomada de tempos quanto na prova. Interessante.
Não dá para dizer o mesmo do método de definição do grid de largada que passaria a vigorar: saiu de cena a tradicional sessão de uma hora, com 12 voltas por piloto, tanque vazio e pneus novos, e entrou no lugar uma esdrúxula cópia da CART, que funcionava da seguinte forma: ainda na sexta-feira, cada competidor dava uma única volta rápida, sozinho na pista, respeitando a ordem de classificação do campeonato. De acordo com os tempos obtidos naquela atividade, os competidores iam para a ação no sábado respeitando o resultado invertido (do mais lento ao mais rápido), já usando combustível e pneus com os quais fariam a primeira parte da corrida.
Mesmo com todas essas filigranas, a Ferrari, ainda dispondo de seu velho de guerra F2002, que tantas alegrias deu ao time na temporada precedente, dominou a primeira fila do grid, com Schumacher e Rubens Barrichello em primeiro e segundo. Nosso herói do dia marcou apenas a 11ª melhor marca, que, somada à 15ª posição do companheiro Kimi Raikkonen, deixava a McLaren com poucas aspirações para o domingo.
Raikkonen espreme Schumacher para fora da pista no GP da Austrália de 2003, gerando danos ao defletor lateral direito do alemão
Raikkonen espreme Schumacher para fora da pista no GP da Austrália de 2003, gerando danos ao defletor lateral direito do alemão
Mas quis o destino que uma leve chuva caísse sobre o traçado urbano do Parque do Alberto antes da corrida, forçando os times a pensarem se iniciariam o embate calçados com pneus de chuva ou pista seca. A esquadra de Maranello, cliente da Bridgestone, apostou nos compostos intermediários, enquanto alguns fregueses da Michelin, incluindo Coulthard, optaram por um novo tipo produzido pela fornecedora francesa, dotado de ranhuras bem rasas, desempenhando um papel entre os intermediários e os sulcados de pista seca.
Em segundo na grelha, Barrichello queimou a largada e logo foi punido com uma passagem pelos boxes. Antes mesmo de cumpri-la, o brasileiro tentou apertar o passo e acabou batendo sozinho na rápida curva Lauda, dando adeus à prova. Schumacher, por sua vez, teve de fazer um pitstop logo na volta 7, traído que foi pelo rápido secamento da pista, que comprometeu o rendimento de seus intermediários. Coulthard também havia parado àquela altura, mas mais por questão de estratégia: percebendo que a chuva não voltaria, ele tirou os compostos de ranhura rasa e colocou no lugar um de asfalto seco.
Então, entrou em cena o primeiro carro de segurança na pista, devido aos detritos deixados por Barrichello. Como outros participantes aproveitaram para também trocar seus pneus, DC acabou se dando bem, pulando para oitavo, logo atrás do antigo líder Schumacher.
Após mais uma bandeira amarela generalizada, causada por um incidente com a Jaguar de Mark Webber, mais gente procurou os boxes e David já constava em terceiro na nova relargada, atrás de Schumacher e de seu companheiro Kimi Raikkonen, que largara com compostos para piso seco e ainda não havia parado.
Juan Pablo Montoya jogou fora a vitória em Melbourne, após rodar sozinho enquanto liderava
Juan Pablo Montoya jogou fora a vitória em Melbourne, após rodar sozinho enquanto liderava
Com a disputa novamente liberada, Michael partiu para cima do finlandês, protagonizando bela batalha pela liderança. Em uma dividida na curva 1, Kimi mostrou seus dotes e espremeu o ferrarista para a grama, gerando um dano no defletor lateral direito do então pentacampeão. O pedaço de carenagem ficou bambo, raspando na pista, e Schumi foi obrigado pela direção de provas a parar nos boxes para reparar a situação, caindo para sexto.
Quem surgia com força naquele momento era Juan Pablo Montoya, empurrado pelo potente motor BMW de sua Williams FW25. O colombiano aproveitou o segundo pit de Coulthard e ultrapassou Raikkonen na pista, assumindo a dianteira e despontando como favorito definitivo à vitória.
Definitivo? Na abertura da volta 48, Montoya aprontou das suas e rodou absolutamente sozinho na saída da curva 1, permitindo que Coulthard aparecesse, pela primeira e perene vez, na ponta. Deste modo, com uma versão D do MP4-17, carro de 2002, já que o novo MP4-18 ainda apresentava problemas seríssimos de estrutura e não pôde ser estreado, Coulthard abriu a temporada com uma inesperada vitória, sua segunda em Melbourne (a outra havia sido em 1997), tendo Montoya em segundo e Raikkonen em terceiro. Schumacher ainda se recuperou dos problemas e recebeu a quadriculada em quarto, à frente da Renault de Jarno Trulli, da Sauber de Heinz-Harald Frentzen, a outra Renault de Fernando Alonso e a segunda Williams, pilotada por Ralf Schumacher.
Coulthard Austrália 2003 2
GP da Austrália de 2003 – resultado final:
1º. David Coulthard (ESC/McLaren-Mercedes), 58 voltas em 1h34min42s124
2º. Juan Pablo Montoya (COL/Williams-BMW), a 8s675
3º. Kimi Raikkonen (FIN/McLaren-Mercedes), a 9s192
4º. Michael Schumacher (ALE/Ferrari), a 9s482
5º. Jarno Trulli (ITA/Renault), a 38s801
6º. Heinz-Harald Frentzen (ALE/Sauber-Petronas), a 43s928
7º. Fernando Alonso (ESP/Renault), a 45s074
8º. Ralf Schumacher (ALE/Williams-BMW), a 45s745
9º. Jacques Villeneuve (CAN/BAR-Honda), a 1min05s536)
10º. Jenson Button (ING/BAR-Honda), a 1min05s974)
11º. Jos Verstappen (HOL/Minard-Ford Cosworth), a 1 volta
Abandonaram:
Giancarlo Fisichella (ITA/Jordan-Ford Cosworth)
Antonio Pizzonia (BRA/Jaguar-Ford Cosworth)
Olivier Panis (FRA/Toyota)
Nick Heidfeld (ALE/Sauber-Petronas)
Justin Wilson (ING/Minardi-Ford Cosworth)
Mark Webber (AUS/Jaguar-Ford Cosworth)
Cristiano da Matta (BRA/Toyota)
Ralph Firman Jr. (IRL/Jordan-Ford Cosworth)
Rubens Barrichello (BRA/Ferrari)

Disponível no(a):http://tazio.uol.com.br/

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