Com o novo sedã IS, a marca de luxo pretende arrancar um sorriso do rosto dos motoristas
Uma das premissas buscadas pela Lexus no desenvolvimento do novo IS foi exatamente essa, manifestada pela funcionária do governo norte-americano: “Queremos ver o sorriso no rosto de quem dirigisse o carro”, disse Junichi Furuyama, engenheiro chefe do projeto do novo sedã. A Lexus é famosa nos Estados Unidos pela qualidade de seus veículos. Os automóveis da divisão de luxo da Toyota são reconhecidos pelo requinte e pelo baixo índice de defeitos. Mas esportividade sempre foi algo secundário na marca, embora o LFA esteja aí para provar que as raras incursões da Lexus na área sejam acertadas.
A ênfase no desenvolvimento da terceira geração do IS foi na dirigibilidade. Com o BMW Série 3 na cabeça, a equipe da Lexus trabalhou para melhorar o prazer ao volante. Para conseguir extrair o tal “sorriso no rosto”, o ajuste fino do carro foi feito no circuito Fuji Speedway, no Japão, depois em Nürburgring, Alemanha. Fomos a Austin (os americanos dizem “óstin”), no Texas, para fazer o teste do sorriso.
Parte do teste foi feito em um circuito fechado, o Driveway. No briefing aos jornalistas, o pessoal disse que a pista reproduzia características de vários autódromos famosos. Estavam ali características como o “saca-rolha” de Laguna Seca (uma curva “cega” em descida), uma longa curva de alta velocidade que lembra Nürburgring, feita com o pé embaixo, e uma frenagem forte em descida, com piso levemente irregular, inspirado em Road Atlanta. Isso significava que o circuitinho travado e técnico de Austin entraria com sua parte na diversão. O Lexus IS só precisaria complementar o trabalho, para a gente sorrir.
Entro no IS 250 e gosto do que vejo. O painel impressiona mais que o exterior. É moderno, e traz instrumentos inspirados nos do LFA, o superesportivo da marca, que já saiu de linha. O comando do ar digital é um dos pontos altos. O ajuste de temperatura (independente para os dois lados) pode ser feito apenas deslizando-se o dedo sobre uma pequena barra metálica. Simples como em um telefone celular. O interior é espaçoso, e na versão esportiva (F Sport) pode ter couro vermelho nos bancos. Em relação à segunda geração, lançada em 2006, o comprimento aumentou 8,5 cm (4,66 m), enquanto o entre-eixos cresceu 7 cm (2,8 m).
Graças à utilização de aço de alta resistência em pontos estratégicos da carroceria, a empresa diz ter obtido um monobloco 20% mais rígido, o que garante melhor dirigibilidade, a sensação de “carro na mão”. O capô é de alumínio, para redução de peso. A direção elétrica é precisa, e o formato irregular do volante quebra a monotonia do ato de dirigir.
Saio com o IS 250 e encontro boas respostas, mas o motor 2.5 V6 de 204 cv não chega a arrancar aquele sorrisão prometido pelo pessoal da Lexus. A suspensão traseira é nova, e a tração pode ser traseira ou integral, em qualquer das motorizações (2.5 e 3.5, ambos de injeção direta e comando variável). Após duas voltas explorando as zebras da pista, volto e troco de carro. O segundo carro da lista é o IS 250 F Sport. Ele se comporta melhor nas curvas e frenagens, por conta do acerto mais firme da suspensão, mas o motor é o mesmo, portanto ainda não havia alcançado a felicidade plena.
A direção é direta, a suspensão é firme, e os pedais de freio e acelerador têm respostas bem convincentes. Saio do carro com o tal sorriso na face. Mas aceitei a oferta da empresa e entrei no BMW 335i, colocado ali exatamente para que os jornalistas pudessem tirar suas próprias conclusões.
Por dentro, o alemão exibe um painel bem mais simples e convencional, se comparado ao japonês. Mas logo na primeira sequência de curvas o ronco e as respostas do motor encantam mais que as do Lexus. Quando troco as marchas no sistema manual, o coice também é aquele que você espera num carro desse nível. O japonês também é bom, mas ele é um pouco mais educado, formal.
Se eu tivesse de dar um veredicto apenas pelo curto período com os dois carros, acho que ficaria mais feliz com o alemão. Mas antes de mostrar os dentes prefiro esperar pela tabela de preços da Lexus, que deve ser divulgada apenas no segundo semestre, quando o modelo estreia no Brasil. De acordo com Thiago Carlucci, gerente da marca Lexus no Brasil, os modelos trazidos serão o IS 250 e a versão IS 250 F Sport. O híbrido (que não estava na avaliação) está em estudo. Se a linha chegar por um preço inferior ao do Série 3, a gente fica feliz. Mas se ele custar o mesmo ou for mais caro que o alemão, talvez quem não vai sorrir é o pessoal de vendas da Lexus no Brasil.
Viagem a convite da Lexus
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário