Os filmes nos fazem acreditar que os espiões internacionais só dirigem seus carros por no máximo 20 minutos, até que eles explodem. Será que a Aston Martin consegue criar um grand tourer que dure mais tempo em nossas mãos?
Aston Martin, seus filhos da mãe. O que é que eu vou fazer com vocês? Há tanta coisa para se apaixonar em sua gama, tanto para babar, tanto para elogiar. Você evoluiu tanto nesta última década.
Seus carros não são mais problemáticos, nem perdem parafusos à menor intenção de aceleração. Quanto a isso, devo agradecer ao Dr. Ulrich Bez pessoalmente, caso já não tenha feito isso.
Aston Martin, estou em dívida com você pelo tanto que valorizam o design, substituindo Ian Callum com Henrik Fisker e depois o brilhante Marek Reichman no estúdio. A maneira como você empregou um estilo coeso tanto como um diferencial competitivo e identidade de marca quanto como um controle de custos.
Você trabalhou muito bem com a volta à franquia James Bond, e você fez muito mais como uma fabricante independente do que muitas marcas conseguiram sob mega organizações com orçamentos muito maiores e até enfrentaram a crise econômica global com dignidade. Você transformou um exercício tecnológico em modelo de imagem com preço estratosférico e depois convenceu 77 pessoas a comprá-lo e usou a tecnologia e as relações com os fornecedores para melhorar a linha de produtos. Mais especificamente o novo Vanquish. Isso foi brilhante.
Não que tudo seja perfeito. A concorrência continua a aprimorar seus esforços, em alguns casos nas pistas ou apenas com um esforço de P&D gigantesco fornecendo ainda mais tecnologia para os modelos abaixo, além de ampliar as tecnologias de entretenimento e conveniência que reinam nas categorias inferiores. Mesmo assim, uma injeção de dinheiro de um novo investidor pode mudar as coisas, e aguardo as próximas gerações da Aston.
De volta ao Vanquish, de volta do hiato no qual o DBS esteve no topo da gama da marca. Como a cereja do bolo, o Vanquish é brilhante, uma carruagem refinada com um equilíbrio fascinante entre raça e luxo. Por sinal, é um dos GTs com melhor equilíbrio e dinâmica ao volante do mundo, e o melhor Aston fabricado, com milhares de watts de carisma.
Por fora
Você já enjoou do “visual Aston Martin”? Eu ainda não. Repita o quanto quiser aquele papo de “todos os carros parecem iguais”, mas uma coisa é compartilhar a frente com seus irmãos quando o seu pai é um sujeito sem carisma algum, outra é quando seu pai é feio como o Bernie Ecclestone e sua prole é… bem você sabe onde isso termina. Enfim senhor “estou-cansado-da-mesma-cara-em-todos-os-carros”, escreva uma reclamação pentelha no canal da marca no YouTube e espere uma resposta.
O Vanquish é um pouco mais curvilíneo que o DBS, com mais pedaços de fibra de carbono expostos para reforçar o visual, com uma forte influência do One-77. Tudo isso resulta em um tempero extra. É lindo, tem presença e ainda consegue ser menos exibicionista que a concorrência, mesmo pintado de laranja. Sem contar que a carroceria agora é uma liga de alumínio, magnésio e fibra de carbono.
Por dentro
Agradeça ao supercarro hiperexclusivo, o One-77 pela influência no interior do Vanquish – uma melhora notável sobre o do DBS. Apoios de braço que vão mais fundo na porta resultam em cotovelos agradecidos. Novos botões que fazem um som quando você os toca substituem parte dos controles, assim como no sistema de entretenimento. Eles parecem bacanas e modernos, e são um bom ponto de equilíbrio para os seletores de metal em outros lugares.
O volante meio quadrado vindo do One-77 é um opcional caríssimo, e não é das coisas mais bonitas de se ver. Eu meio que gostei por outro lado, já que peguei o hábito de travar os polegares nos raios do volante quando estava na pista, e o volante estranho facilitava as coisas. Um simples volante redondo acompanha o veículo de fábrica para quem não gosta de mudanças.
Como acelera
Abertura variável na admissão e escape, uma bomba de combustível maior trouxeram o pico de torque um pouco antes, fazendo das arrancadas musculosas do Vanquish uma das suas características mais empolgantes.
Há ainda um sistema de controle de largada a prova de leigos, que funciona da seguinte maneira: pé no freio, aperte o botão, engate a primeira, solte o freio, enfie o pé no pedal da direita – e sorria. A caixa automática de seis velocidades da ZF sobe da primeira para a segunda automaticamente, mas o resto fica por sua conta. O empuxo não é transcendental, mas também ninguém precisa enterrar os olhos no cérebro a cada farol verde.
Como freia
Preparar um carro de quase duas toneladas a mais de 220 km/h para uma curva em grampo não é tarefa fácil. Muito menos construir um conjunto de freios em carbono que pareçam tão progressivos quanto os bons e velhos modelos de aço. Estes Brembos cumprem as duas tarefas. Minha única crítica fica com a resposta do pedal, que não é agressiva o bastante para o meu gosto, mas com certeza é um ajusta para o uso mais confortável pelo pessoal chegado em um GT.
Conforto
O rodar do Vanquish em um circuito com pista seca e asfalto semivirgem é fantástico. Quem diria, hein? Infelizmente, a única chance que tivemos para testar o Vanquish em terrenos mais acidentados foram os breves momentos sobre as zebras da pista. No modo “track” mais firme, e ainda mais no modo “sport”, a suspensão traseira e os amortecedores adaptivos conseguem preservar intactas as vértebras dos ocupantes sem causar perdas de controle.Dirigibilidade
O Vanquish tem um bom comportamento de pista, com uma direção que passa uma sensação mais “leve” (com o novo auxílio eletrônico), com amortecedores ajustáveis competentes que tendem para o conforto no modo Normal e Sport e um controle aprimorado no modo Track (que nós deixaríamos para uso em pista mesmo, calçados enormes e uma distribuição de peso de quase 50/50. Sim, o Vanquish é um carro enorme com um bom controle.
A nova geração da estrutura adaptável VH da Aston é mais firme, usando mais fibra de carbono além de alumínio, e 25 por cento mais leve, envolvendo melhor o motorista do que qualquer outro Aston que eu me lembre ter guiado.
Transmissão
Não é a última palavra em caixas como a ZF de oito velocidades, mas o modelo com seis velocidades funciona bem, e é a calibração do software que faz a transmissão com borboletas verdadeiramente digna de pista. Mesmo assim uma engrenagem a mais entre a segunda e a terceira daria um pouco mais de ânimo ao 12.
Áudio
Não tive a sorte de fazer um teste aprofundado no sistema de som Bang & Olufsen BeoSound com 13 caixas, mas depois de brincar um pouco cheguei a conclusão de que ele é bom, mas dá preferência a grandes arquivos digitais do que às minhas cópias de qualidade intermediária, como geralmente acontece em sistemas topo de linha.
A bom notícia é que – com um sistema de escape tomado diretamente do One-77 – o doze cilindros do Vanquish produz uma sinfonia digna de Oscar de trilha sonora. A subida de gira é empolgante, em uma melodia de aspiração, compressão, explosão, e as trocas dão uma injeção extra de adrenalina.
Mimos
Começando com a boa notícia, a Aston deixou para trás o sistema de GPS da Volvo para adotar um novo modelo da Garmin com uma tela de 6,5 polegadas, tudo parte do novo pacote AMi – que inclui rádio via satélite (dependendo do país), integração com iPhone e iPod e reprodução por USB, Bluetooth A2DP para músicas e telefonia, hub Wi-Fi e controles de toque com sistema de vibração háptica. A má notícia é que o GPS ainda está em um nível abaixo da categoria.
Valor
Aqui a coisa complica. Por um lado, a Aston Martin ainda oferece aquele fator inexplicável que nos atrai melhor que qualquer concorrente. Por outro lado, custa uma fábula (US$ 279.995 nos Estados Unidos), quando carros na mesma faixa de preço incluem tecnologias mais avançadas, que afetam tanto o comportamento dinâmico quando o conforto e conveniência.Mesmo assim, é um Aston Martin com motor V12, ainda que seja um que custe tanto quanto uma bela mansão. É ótimo de guiar, tem um chassi firme, suspensão decente e é confortável. Talvez não seja o modelo ideal para quem sai pelas lojas preenchendo tabelas de requisitos imensas, ou aqueles que exigem um comportamento totalmente agressivo e sem concessões.
No final das contas, assim como os filmes de 007, o Vanquish requer um pouco mais de mente aberta para ser aproveitado ao máximo. Ainda assim é o melhor Aston já construído, e acompanha a marcha evolutiva da marca, e se tudo isso te agrada, você é a pessoa certa para este carro.
Ficha técnica
Motor: V12 5,9 litrosPotência e torque: 572 cv / 63 mkgf
Transmissão: automática de seis marchas
Aceleração 0-100 km/h: abaixo de 4 s
Velocidade máxima: 294 km/h
Tração: traseira
Peso: 1.760 kg
Lugares: 2
Consumo: não aferido
Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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