26 de nov. de 2012

Um final de honrar a temporada


Adrian Newey, Sebastian Vettel e Christian Horner comemoram em Interlagos os títulos de Vettel e da Red Bull (Getty Images/ Paul Gilham)Adrian Newey, Sebastian Vettel e Christian Horner comemoram em Interlagos os títulos de Vettel e da Red Bull (Getty Images/ Paul Gilham)
 
Quando tem Interlagos no meio, a expectativa é sempre alta. E, mais uma vez, foi totalmente correspondida. Talvez não tenha sido a melhor corrida do ano (Abu Dhabi foi também incrível), talvez não tenha sido um final tão maluco quanto o de 2008,  mas nenhuma destas “questões de opinião” altera o valor do que a F1 viveu neste domingo aqui em São Paulo.

A previsão já era de chuva na corrida do Brasil desde o domingo em Austin. No entanto, muita gente duvidou. O sol de quinta-feira, ainda presente na sexta, inspirava olhares de descrença apesar de a maioria dos serviços de meteorologia seguir informando que choveria. Hoje, já no grid, dois colegas estrangeiros vieram perguntar “onde é que estava a chuva”. Não demorou muito, a resposta veio, e todos voltaram a se encantar aliviados com as maluquices de Interlagos.
Teve chuva indo, voltando ou caindo só num setor, teve acidente na largada que quase tirou da prova aquele que se tornaria tricampeão mundial mais tarde, teve Kimi Raikkonen ficando preso no antigo traçado da Junção, Schumacher se reaposentando, Jenson Button vencendo e atraindo quase nenhum holofote, teve uma opção errada de Sebastian Vettel na estratégia, ao trocar para pneus slick e ter que retornar poucas voltas depois para recolocar os pneus de chuva, e tantos outros episódios.
A sorte pareceu estar jogando contra Vettel em vários momentos, mas o alemão da Red Bull tinha a vantagem que o permitia suceder ainda que tudo não saísse da maneira perfeita, ao contrário de Fernando Alonso. Só que, há tempos, Alonso já sabia que não seria fácil. Foram incontáveis as vezes em que, nesta segunda metade de temporada, o ferrarista fez questão de expor que não contava com margem para erros. Muito, é verdade, pelo fato de o carro da Ferrari quase não ser páreo nem para o vice-campeonato — e Lewis Hamilton não tivesse abandonado, talvez o vice de Construtores tivesse terminado nas mãos da McLaren.
Uma diferença de apenas três pontos definiu: era Vettel o piloto destinado a se tornar o tricampeão mais jovem da F1 aos 25 anos (e entrar na seleta lista de campeões por três anos seguidos, que tem Michael Schumacher com cinco e Juan Manuel Fangio com quatro títulos), era Adrian Newey aquele que teria o prazer de ver mais uma de suas criações se tornando imbatíveis na companhia de um piloto talentoso (depois do nono título de Construtores).
Com relação às criações de Newey, foi impressionante ver Vettel terminar a corrida tendo o carro danificado desde a primeira volta. A mensagem no rádio, que dizia algo na linha: “Não venha para os boxes porque os danos são irreparáveis”, assustou, mas se provou o menor dos desafios no final.
A Fernando Alonso restou lutar, tirar o máximo de um carro que não tinha o máximo para dar, e subir ao pódio para… bom, a escolha do verbo aqui é difícil, mas “celebrar” é o primeiro a ser riscado da lista. E bem no momento em que eu pausava para tentar fazer a seleção, veio Luca Colajanni, chefe de imprensa da Ferrari, se despedir: “Tínhamos vindo aqui para vencer, né?”. Mandei um: “Bom, mas foi por pouco…”, como se isso aliviasse em vez de pesar ainda mais. É, Ferrari, não deu de novo. Durante o ano, Alonso parecia não estar disposto a aceitar a perda de mais um título. No entanto, o vínculo continua. Será que a pressão que o bicampeão colocou sobre o time em 2012 vai render mais eficácia no ano que vem? A ver.
O “universo paralelo” em que Interlagos costuma se transformar alinhou seus astros para provocar emoções opostas nos pilotos brasileiros. Bruno Senna saiu na primeira volta, e Felipe Massa subiu ao pódio em casa depois de um ano difícil. Para muitos, aliás, parecia que seria um ano impossível. Não foi. E Massa encerra 2012 chorando emocionado de cabeça erguida, com um desempenho excelente na pista, e que foi recuperado a tempo de ajudar o time a ser vice-campeão de Construtores.
Que domingo, que fim de campeonato, que temporada! Foi do tipo que vale cada volta, e que é difícil se repetir tão logo.

Fonte: Tazio
Disponível no(a): http://tazio.uol.com.br
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