14 de mar. de 2012
clássicos Tesouros perdidos: Horch 930 S Streamliner 1939
Estive fazendo uma extensa pesquisa sobre a Horch – representante de uma das quatro argolas que formaram o símbolo da Auto Union e, posteriormente, da Audi. Trata-se de uma marca fascinante. E o seu canto de cisne foi certamente um dos automóveis mais espetaculares da década de 30: o Horch 930 S Streamline, uma jóia alemã de acabamento artesanal e formato 100% aerodinâmico – e com uma pia de água quente inclusa.
A empresa foi fundada em 1899 por August Horch, um engenheiro que já acumulava experiência na construção dos carros da Benz. Ele também seria o criador da própria Audi, em 1910, depois de um conflito de opiniões com os diretores de sua primeira empresa. Dentro do conglomerado formado por Audi, DKW, Wanderer e Horch em 1932, a última era a responsável pelo segmento de alto luxo. Seus modelos produzidos de forma artesanal, com carrocerias fornecidas por estúdios como Karosserie Baur (Stuttgart), Gläser (Dresden), Erdmann & Rossi (Berlim) e Figoni et-Falaschi (Itália), recebiam ornamentos feitos por designers renomados da época. O estofamento opcional levava a assinatura da Spinneybeck, até hoje famosa pelas poltronas e divãs revestidos de couro italiano, e os faróis vinham da Carl Zeiss, nome hoje renomado no ramo de lentes fotográficas.
Os Horch disputavam a preferência da elite alemã com ninguém menos que a Mercedes-Benz. Com motores de oito e até doze cilindros (a maioria com duplo comando de válvulas no cabeçote e câmbio de quatro marchas mais overdrive), seus modelos fizeram bonito na década de 30. A lenda Bernd Rosemeyer, por exemplo, teve um maravilhoso Horch 853 Coupe personalizado por ele mesmo desde o design até o revestimento, e batizado como “Manuela”.
No Salão do 1939, a Horch apresentou o que acreditava ser o futuro de seus automóveis: o 930 S Stromlinie (ou Streamliner), uma evolução radical do 930 original, vestido com uma carroceria que misturava as pesquisas da Horch em túnel de vento com os conceitos elaborados pelo mestre Paul Jaray, o pioneiro do design aerodinâmico, responsável por coisas tão distintas como os dirigíveis que deram origem ao Graf Zeppelin, os revolucionários Tatra da década de 30 e os primeiros geradores de energia eólica.
No mínimo vinte anos à frente do seu tempo, o 930 S apresentou um coeficiente de arrasto aerodinâmico de apenas 0.43, numa época em que a maioria dos veículos ainda exibiam chapas planas em suas superfícies frontais. Sua estrutura adotou portas do tipo suicida na parte de trás, e eliminou as colunas centrais para facilitar o acesso aos bancos traseiros.
Sendo uma proposta para um grand tourer capaz de longas e confortáveis viagens, seus assentos dianteiros poderiam ser reclinados para transformar o interior em um grande dormitório. Havia um sistema de aquecimento próprio, e o mais curioso: uma pia retrátil do lado de fora, com saídas para água quente ou fria – certamente para que os ocupantes pudessem lavar as mãos em qualquer eventualidade.
O motor V8 de 3,8 litros e 92 cavalos a 3.600 rpm pode não parecer grande coisa nos dias de hoje, mas aliado à aerodinâmica apurada, permitia uma velocidade máxima de espantosos (para a época) 160 km/h, mantendo uma velocidade de cruzeiro de 100 km/h sem maiores esforços.
Infelizmente, o 930 S Streamliner surgiu quando as nuvens da Segunda Guerra já escureciam o horizonte. Apenas seis unidades foram fabricadas, e delas restam apenas duas conhecidas. O exemplar da foto abaixo é o que integra o August Horch Museum, em Zwickau, na Alemanha. Trata-se de uma prova material do refino automotivo do pré-guerra, e uma inspiração hereditária dos suntuosos Audi A8 que viriam ao mundo mais de quatro décadas depois.
Quem quiser ler o texto completo sobre a história da Horch – mais um adendo com uma avaliação de todos os mimos, comodidades e maluquices do A8L W12 atual – é só arranjar a próxima Audi Magazine, que deve ser publicada em abril.
Fonte:jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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