Ari Vatanen é um daqueles caras que nasceu para pilotar. Entendia a máquina como poucos e sabia tirar os décimos de segundo decisivos que separam o primeiro do segundo lugar. Mais do que isso, extraía o máximo da potência, torque e dirigibilidade.
Seu currículo é extenso. Mas quem gosta de carro não esquece a tradicional subida de montanha (e que subida) de Pikes Peak, no Colorado. Na edição de 1988 o finlandês pisou fundo, estabeleceu um novo recorde e, de quebra, gravou tudo para deixar os espectadores atônitos mais de duas décadas após a façanha.
O bólido que tornou a conquista possível não era japonês e nem norte-americano, mas sim um francês para lá de invocado: o Peugeot 405 T16, em sua versão de pista devidamente modificada. Mas a história começou no carro de rua, obrigatório para homologação do mito de rali.
A versão de rua, como qualquer série limitada e destinada às competições, é um foguete disfarçado. E temos apenas um exemplar no Brasil. Este carro foi um presente de Eddie Jordan a Rubens Barrichello por ocasião de sua estréia na Fórmula 1, época na qual a escuderia utilizava os motores da marca francesa.
Como a história sempre dá voltas, o sedã chegou às mãos do Alberto e seu filho Bruno, donos da Motorfast, oficina especializada em modelos franceses situada em São Paulo. A primeira vez que tive contato com ele foi há três anos. Mas o destino me daria uma nova oportunidade.
Marcamos na terça-feira de Carnaval. A cidade estava vazia e pude ouvir o ronco grosso do Pug subindo a rua já perto de casa. À primeira vista ele parece um 405 normal, e chega a ser discreto. Os diferenciais são as rodas de 16 polegadas e o aerofólio na traseira. Opa, tem algo a mais nesse carro.
O sedã tem um turbolag considerável, mas isso pode ser resolvido com uma bela pisada no pedal do acelerador. O conta-giros sobe com disposição e espeta os 6 mil giros, acompanhado do som único da turbina enchendo. A embreagem é um pouco dura, mas é fácil se acostumar.
Da segunda para a terceira marcha o booster entra em ação, com ganho de 20 cv providenciais, e o som da máquina cortando a rua. E voilá, sensacional! Depois disso bastou pegar um pequeno trecho de curvas para abusar da estabilidade proporcionada pela tração integral.
Para quem gosta de dados técnicos, os primeiros 100 km/h chegam em 6,5 segundos, enquanto que a velocidade máxima, declarada pelo fabricante, é de 235 km/h. O interior faz jus à fama e conta com assentos esportivos revestidos de couro e camurça (ela de novo).
A sigla na traseira é discreta e engana muita gente. Apenas 1.061 exemplares do T16 foram fabricados, alguns deles adquiridos pela polícia rodoviária francesa, às vezes caracterizados como 405 “comuns”. Deve ter gente com medo dos leões até hoje. Além de Pikes Peak, o modelo de competição faturou nada menos que o bicampeonato do Paris Dakar em 1989 e 1990.
Agora sigo no encalço do Escort RS Cosworth. Até mais!
Fonte: jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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