Vídeos divulgados na internet mostram que sim – e que não. Autoesporte tira a prova
Por Renata Viana de Carvalho // Fotos de Marcos Camargo
Por que oficina fora-de-estrada? Porque a maioria dos vídeos da internet mostram situações extremas de uso na terra, onde não há recursos ou condições para a troca do pneu.
Produto inflamável, fogo e borracha. Combinação perigosa, mas Cláudio Xavier da Costa, dono de mecânica especializada em fora-de-estrada, ajudou a caçar o mito desta edição. “Trilheiro” há 23 anos, ele tem a oficina há 18 e revela que nunca conheceu uma pessoa que tivesse tentado inflar o pneu com WD-40 ou algum similar. Era a oportunidade.
Por segurança, o teste foi feito em pneus não montados no veículo, com o extintor a postos. Costa lança um jato do produto ao redor da roda com um pneu 195/65 R15 murcho. Afasta a mão, acende o isqueiro e dispara o spray de novo. Uma chama alta cobre o pneu, mas ele não enche. O problema poderia ser o espaço restrito entre a roda e o pneu para a passagem do ar. Tentamos de novo e de novo. Na terceira vez, uma labareda fica acesa sobre a lateral do pneu. Costa bate o pé ali para apagá-la e “pow”! Um estouro seguido do retorno do pneu ao lugar. Mas ele seguia murcho.
VEREDITO: MENTIRA!
Com um pneu maior, 255/70 R15, foi ainda mais difícil. Mais WD-40, depois menos, a operação só funcionou com um pisão na lateral do pneu. O pneu parecia mais cheio, e logo murchou. Conclusão: o procedimento devolve o pneu destalonado ao lugar, mas não o enche corretamente. “Com a combustão há expansão rápida e intensa do ar na região. O ar flui rapidamente para dentro do pneu e desloca os talões na roda. Com isso, tem-se a impressão que o pneu está montado direito. Mas não recomendo, em hipótese nenhuma, que o pneu seja montado assim”, diz William Maluf, técnico corporativo da Ford e professor da FEI.
Destalonamento
Ele é mais comum no fora-de-estrada, quando os motoristas baixam a pressão dos pneus para melhorar a tração. Com isso, há maior tendência do descolamento dos componentes em caso de pancada, aceleração ou frenagem brusca. Na estrada, o destalonamento pode ocorrer também se o pneu estiver descalibrado e o motorista fizer curvas muito fortes.
Quais os riscos de apelar para o WD-40?
Não se pode administrar a intensidade da chama, nem sua abrangência: o risco é enorme para quem está perto. Ainda que o pneu esteja aparentemente inflado, não há certeza da pressão nem da correta montagem. A alternativa é usar compressor ou transferidor de pressão. A queima incompleta do WD-40 pode deixar sobras, o que pode provocar deslizamento do pneu e da roda, além de vibração, que pode afetar o balanceamento.
Fonte: revistaautoesporte
Disponível no(a)http://revistaautoesporte.globo.com
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